Entrevista

Entrevista com o Merry

17/12/2006 2006-12-17 12:00:00 JaME Autor: Gaga-Kun

Entrevista com o Merry

Longa conversa do JaME com o Merry no Japão antes de sua Tour pela Europa!


© Victor Records
O Merry - que recentemente lançou seu ultimo álbum, PEEP SHOW, na Europa - fará dois shows na Alemanha e em Paris em dezembro. A banda aumentou suas atividades assinando com uma gravadora major no Japão e agora está expandindo seus horizontes para públicos do exterior. Hoje vamos falar com eles sobre seus objetivos para o futuro e muito mais.

Vocês podem se apresentar para os leitores que ainda não conhecem o Merry?

Gara: Eu sou o vocalista, Gara. Eu gosto de cantar mesmo se estou queimando!

Yu: Eu sou guitarrista, Yu e o líder da banda.

Kenichi: Eu sou o guitarrista Kenichi. Prazer em vê-los!

Tetsu: Eu sou o baixista, Tetsu.

Nero: Eu sou o baterista, Nero, um tipo de ídolo! (risos)

Por que vocês escolheram o nome Merry? Por que vocês estão tão felizes (merry)?

Gara: Quando estávamos pensando sobre o nome da nossa banda, nós queríamos um nome simples, familiar, mas não queríamos estar atados a gêneros. Nosso impulsionador foi um carneiro, vindo da música ‘Mary had a little lamb’. Carneiro tem um uma imagem fofinha, mas seus olhos são assustadores, como se tivessem algo escondido em seu interior. Agora nós tocamos no campo do visual kei e nós temos algo escondido dentro de nós, como vários gêneros de música. Nós demos esse nome à banda por essa razão, não pelo significados de ‘engraçado’, ou porque somos ‘animadores’.

Nero: Uma vez nós tocamos com uma banda Americana no Japão. Eles disseram “Nós pensamos que vocês fossem uma banda pop, alegre e engraçadinha, mas vocês tocam muito punk e rock!” Eu gosto desse tipo de dupla interpretação do significado da banda.

Como vocês iniciaram a banda? Que tipo de idéias vocês tinham no começo? Essas idéias mudaram ao longo dos anos?

Nero: Nós fomos reunidos pelo vocalista Gara.

Gara: Eu queria fazer uma nova banda, ’Merry’ e reuni os membros necessários, que concordaram com minha visão para fazer a banda, um por um.

Que tipo de banda você queria fazer?

Gara: Eu queria fazer uma banda com um conceito firme e visual forte, e estimulante sem cair em definições de gêneros musicais.

Vocês tem fundos musicais diferentes um do outro, ou vocês todos vêm do mesmo visual kei rock?

Nero: Nós todos tocávamos nos mesmos eventos em bandas diferentes. Tocávamos músicas diferentes, mas no mesmo campo.

Kenichi: Nós tocamos em nossas respectivas bandas, apesar de nós sermos rivais um do outro.

Tetsu: "O inimigo de ontem é o amigo de hoje" (risos)…..Deixe me ver.... "Um inimigo ontem será um amigo amanhã?"

Gara: Era como um time jogando baseball na sua metade do campo e outro time jogando futebol na outra metade. (risos) Todos nós nos conhecíamos e dizíamos ‘Bom dia’, ou ‘Até mais’, mas era só.

Então, vocês todos tinham o mesmo conceito e começaram juntos na banda desde o começo.

Gara: Cada um dos integrantes tinha certas experiências nas suas bandas e nós conversávamos sobre nossa banda ideal, som e performance irreverente; mas nós não imaginávamos como podíamos ligar isso à nossa imagem até vermos nosso primeiro vídeo ao vivo.

Yu: O que nós íamos fazer, ninguém havia feito antes, então não tínhamos nenhum modelo.

Eu olhei no perfil de vocês e fiquei surpreso como vocês fizeram shows secretos e drenaram uma grande atenção à banda. Foi essa a sua estratégia?

Gara: Sim. Nós só tocávamos secretamente no inicio porque éramos uma banda desconhecida, então nós tivemos que dar um impacto.

Na música do Merry existem muitos elementos, como uma capa de CD mostrando várias palavras, como ‘melancólico’, ‘momentânea’, ‘impulso’, ‘obscuro’, ‘popular, ‘retro’, etc. Eu penso que a música de vocês tem um estilo novo, misturando com várias influencias de punk, shock rock, e música popular antiga, etc. Isso acontece gradualmente a medida que vocês tocam?

Kenichi: Eu acho que cada membro tem sua característica e elas se misturam nas músicas que fazemos acidentalmente. Por exemplo, tem um membro que gosta de música popular.

Gara: Este sou eu. (risos)

Kenichi: Eu gosto de core music.

Nero: Eu gosto de heavy metal.

Tem alguém que gosta de jazz and blues também?

Yu: Sim, eu.

Então vários elementos se mixam na música do Merry.

Gara: Kenichi gosta de música maníaca, Nero gosta de músicas pesadas com dois baixos, eu gosto de músicas melódicas, Yu gosta de instrumentais como jazz... e Tetsu gosta de ramen. (muitos risos)

Gara: Desculpa, o Tetsu ouve qualquer tipo de música (Gara continua rindo).

Kenichi: (risos) Eu acho que ele é o mais maníaco.

Gara: Ah, cara! Eu não consigo dizer mais nada depois de ramen! (risos) Bem, de qualquer forma, ele é o mais maníaco.

Na sua música nós podemos ouvir muitos elementos de Jazz and Blues. Yu, como você disse que gosta de jazz and blues, foi você que colocou essas influências na sua música e depois transformou as músicas para este estilo?

Yu: Na verdade eu gosto, mas se tocarmos jazz and blues direto, seria nada mais do que jazz and blues. Colocar o jazz and blues dentro do Merry faz um novo estilo de música, eu acho. É interessante mixar elementos de jazz dentro da nossa música e ser mais louco nos shows.

A música é feita mixando elementos e é aceita pelos fãs atuais mais novos.

Yu: A música em si deve ser algo assim, eu acho. Não tocamos somente música clássica antiga, mas tocamos ela mixando com algo novo, fazendo um novo gênero e mudando mais e mais até completarmos o ciclo.

Nas suas músicas existem muitas mensagens fortes.

Gara: Eu pretendo ser um homem do século 21! (risos)

Vocês escrevem muitas letras falando sobre amor, sentimentos interiores, mensagens para os jovens, mensagens políticas, etc.

Gara: Sim, eu só escrevo o que penso. Tenho que soltar o que quero cantar e transmitir através de mim mesmo, então tento escrever o que eu quero passar. Nem toco no que não sei.

Gara, você que escreve a maior parte das letras. O que te inspira e influencia?

Gara: Eu escrevo o que quero. É claro, sempre coloco palavras interessantes, mas basicamente a música é o mais importante pra mim. Após os membros fazerem a música e eu ouvi-la, tento conhece-la bem, e então escrevo a maior parte das letras.

Então você ouve a música antes?

Gara: Sim. Então as melodias são adicionadas e depois eu faço as letras.

Vocês já tiveram experiências em que letras inesperadas foram adicionadas?

Nero: É claro, porque ele sempre tenta escrever mais do que nós esperamos.

Gara: Por exemplo, os quatro outros membros me dão a música dizendo que fizeram uma melodia triste. Eu vou escolher entre fazer ela o quão triste puder, ou mudar ela totalmente numa música feliz. Se a música tem uma imagem muito forte, eu faria as letras como ela é, mas a maioria das vezes eu mudo.

Alguma música mudou bastante?

Yu: Quase todas. Com freqüência, eu inconscientemente imagino as letras, e então sou totalmente surpreendido pelas letras que o Gara faz, mas é interessante pra mim.

Gara: Eu uso meu radar toda hora em todo lugar.

Yu e Kenichi, vocês fazem a maioria das músicas pro Merry. Existe algum tipo de competição amigável entre vocês dois? O que lhes guia?

Kenichi: Eu sinto algo assim. Quando estou emperrado e não consigo fazer músicas, ouço as músicas do Yu. Se for uma música boa, que me faz dizer ‘Eu gosto disso também!’ (risos) Então posso fazer uma música melhor às vezes.

Yu: Eu também me sinto assim. Nós temos um certo tempo para fazer as músicas, e estou curioso pra saber quantas músicas os outros membros fazem. (risos) Nós nos estimulamos.

Vocês acham um equilibrio um com o outro? Por exemplo, um membro fez esse tipo de música, então eu farei esse outro tipo?

Yu: Sim, eu certamente penso assim ‘Da última vez o Kenichi fez uma música desse tipo, então dessa vez eu vou fazer músicas desse outro tipo’.

Nero e Tetsu, vocês também escrevem músicas. Como é pra vocês?

Nero: Eu não ligo muito em fazer músicas minhas. Bateria é um instrumento rítmico, então coloco minha originalidade nas músicas adicionando ritmos interessantes que só as baterias conseguem.

Tetsu: Eu também. Tento dar minha contribuição para as músicas como baixista.

Nero: Eu faço músicas naturalmente. Nós todos somos parte do Merry e podemos fazer qualquer coisa.

Me pergunto se é difícil selecionar as músicas.

Nero: É bem difícil. (risos)

Quando vocês fazem arranjos para as músicas, vocês fazem as partes instrumentais sozinhos?

Nero: Eu tento não destruir a atmosfera original das músicas. Então toco pesado algumas vezes e mais leve em outras. Nós somos uma banda, temos que pensar que os outros membros também devem ter chance de mostrar suas habilidades, então tento chegar num equilíbrio.

Durante os arranjos, os membros definem como é a música do Merry e tentam aproximar a esse padrão?

Gara: Quando as melodias são adicionadas às músicas, ninguém interrompe e pensamos em como tocá-las. Aí eu crio as letras, e nós fazemos um pouco mais. Assim nós precisamos de muito mais tempo do que as outras bandas. O tempo que levamos para fazer as músicas, os arranjos e finalmente completá-las é muito importante para nós.

No exterior algumas pessoas expressam sua música como sendo ‘angura kei’ ou ‘melodic acid jazz rock’. O que vocês acham disso?

Yu: Eu acho legal, soa bem.

Gara: Eu não ligo muito pra isso. Você pode chamar nossa música do jeito que quiser. (risos)

Nero: Eu tento não me ater a palavras.

Gara: Na verdade, somos chamados de muitas coisas, como hard rock, heróis do ska-punk (risos) porque temos muitos elementos.

Quando ouço seus singles, tenho uma impressão diferente de cada música.

Gara: Sim, você pode até dizer que nós apontamos para isso. Usamos o título de nossas músicas para o nome dos singles só agora que somos de uma gravadora major. Antes, nós colocávamos títulos diferentes nos maxi-singles que incluíam três músicas com um grande título.

Yu: Cada single tem três músicas, respeitados como se fossem albums, como se fosse um álbum de três músicas.

Então vocês colocam músicas totalmente diferentes em um CD?

Gara: Sim. Dois guitarristas fazem músicas maníacas, nas quais eu coloco melodias japonesas que transformam-nas em músicas novas. A batida heavy metal do Nero e minhas músicas japonesas populares se mixam, formando novas músicas também, a mesma coisa acontece com o jazz. Basicamente, eu sou japonês, então eu gosto de melodias belas.

Em seu novo single Call ing você canta bem entusiasmado. Estou muito curioso para saber como os ouvintes estrangeiros vão se sentir escutando esse tipo de melodia japonesa. Nós normalmente ouvimos música ocidental, mas não consigo imaginar como eles responderão a tal estilo japonês de música.

Gara: Inglês fica bom em algumas músicas e se eu cantar as mesmas melodias em japonês, daria nuance e impressões totalmente diferentes da música.

Hoje bandas japonesas podem ir mais facilmente para o exterior do que antes. Antes, elas tentavam cantar as músicas em inglês, mas agora os fãs estrangeiros gostam de ouvir as músicas no original, em japonês. Como o anime e o manga foram para o exterior, música japonesa está indo também, a linguagem japonesa é novidade, eu acho.

Gara: Não somente linguagem, mas também as melodias e os instrumentos são os mesmos no mundo inteiro.

Tetsu: Eu concordo, japonês soa novidade.

Merry é considerada uma banda ‘eroguro’ (erotic and grotesque). Por que vocês escolheram esse estilo?

Nero: Desde que fazíamos shows secretos, isto foi para ter impacto extra. Por exemplo, quando vemos um filme de terror, fica uma impressão muito forte. Mas nós tocamos melodias intensas inesperadamente de propósito.

Tetsu: Nós não faríamos se achassemos que fosse ruim. Nós tiramos fotos e ficou bom.

Gara: Entre nós, ‘eroguro’ é uma imagem dos períodos Taisho e Showa do Japão. As imagens desenhadas por Suehiro Maruo são grotescas, mas muito bonitas, que refletem a música da nossa banda. Podemos fazer coisas que são diagonalmente opostas e não limitadas a um lado somente. Usamos as mesmas roupas e maquiagens, o que faz nossa unidade e estabelece nosso mundo próprio.

Yu: Usamos os mesmos ternos que tínhamos desde o começo, quando tiramos nossas primeiras fotos como artistas.

No exterior, o Merry é conhecido como uma banda que usa ternos pretos e maquiagem leve, não fantasias malucas e maquiagem pesada como a maioria das bandas visual kei. Essa idéia foi de todos vocês?

Nero: Sim. Os cinco fazem a banda.

Merry teve vários visuais nestes cinco anos. Seus visuais são decididos baseados nas músicas que vocês estão lançando no momento, ou é só suas loucuras momentâneas?

Gara: No começo, às vezes dependia do que estávamos sentindo, mas decidimos nos basear na música que estávamos lançando na época basicamente….. Deixe me ver…eu não tenho certeza que nós decidíamos. Será que era natural? Quando fazemos músicas temos um certo conceito, então tentamos aproximá-lo à música.

Vocês criam um conceito diferente para cada álbum?

Gara: Sim. Mas dessa vez, no PEEP SHOW, sentimos que este álbum realmente tinha um conceito depois que saímos em turnê.

Yu: Quando lançamos JAPANESE MODERNIST, todos nós usamos uniformes militares, que foi nosso conceito mais forte.

Gara: Música, letras, visão de mundo; todos eles eram muito conceituais. Até escolhemos o melhor lugar para tocar combinando com esse conceito.

Nero: Para sermos persuasivos, todos fomos para um santuário japonês sobre guerras para estudar sobre as batalhas antigas. Nós tocamos nosso show em um local de fazer discursos, próximo ao santuário. JAPANESE MODERNIST está no álbum Modern Garde que é um álbum bem conceitual. Em outras palavras, criamos conceitos depois de decidirmos as músicas.

JAPANESE MODERNIST é uma música incrível. É uma música sobre guerras passadas, não?

Gara: Sim. Mas não canto como se estivesse dando uma palestra, mas num estilo próprio, mais fluente.

Yu: A música soa como se você estivesse gritando ou chamando alguém.

Gara: Nós não experienciamos guerras, mas entre nossos fãs que vão ver nossos shows ou compram nossos CDs, existem alguns fãs que acabam conhecendo guerras passadas ouvindo nossas músicas. Por termos feito JAPANESE MODERNIST estudamos a história japonesa, e entendemos um pouco mais, então esperamos que nossos ouvintes aprendam um pouco também.

É tão dramática; a gritaria realmente te atinge no coração e te faz mexer. Algumas de suas capas de álbum, como a de Koseiha Blend, são desenhadas pelo artista de eroguro Suehiro Maruo. Como vocês conseguiram a colaboração dele?

Gara: Foi porque lançamos alguns álbuns no estilo eroguro, então não queríamos fazer uma capa normal; procuramos algo com impacto. O Tetsu gostava do Maruo e eu lia suas revistas freqüentemente, então nós realmente queríamos saber se ele desenharia a capa do nosso CD, aí fomos na sua casa um dia e simplesmente pedimos. (risos)

Elas causam um impacto muito forte.

Nero: Ele desenha coisas japonesas originais do tempo da guerra, que são eroguro, mas muito bonitas e que são de seu próprio mundo.

Gara: Ele desenhou pôsteres e flyers para a performance de Shuji Terayama e ele (Shuji) é um autor mundialmente famoso.

Kiyoharu produziu seu primeiro álbum, Gendai Stoic. Como foi trabalhar com ele?

Nero: Foi uma boa experiência. Nós estávamos fazendo nosso melhor só pra montar nosso estilo musical. O Kiyoharu disse “Façam um estilo de música que seja tão legal que vocês mesmo vão querer ouvi-lo daqui cinco anos!” Ele olha tão a frente e traça um objetivo tão alto. Ele é o melhor como um artista de rock.

Como e por que vocês conheceram ele?

Gara: Eu era só um grande fã. (risos) Pensei sobre isso e quis perguntar se o Kiyoharu não poderia produzir nosso álbum. O Tetsu também é de Nagoya, então o Kiyoharu é um verdadeiro mentor do Tetsu.

Tetsu: Ele é o carisma de Nagoya. (risos)

Gara: Ele construiu uma verdadeira época de ouro com sua banda anos atrás e continua trabalhando no frontline, então, ele conhece o percurso que estamos tomando. Ele nos avisou dizendo “Fazendo isso vocês vão se dar melhor.” Mesmo quando não tínhamos certeza e perguntávamos a ele “Sério??” Nós o consultávamos freqüentemente (Então Gara vira e pergunta aos outros membros) Ele não aparou todos os cantos, né? Quanto às músicas e quanto a lançar álbuns, não só fazer boas músicas e lançá-las, mas também quando dizia respeito ao estilo de nossas roupas, ele nunca cedia. “Não use somente ternos; use bons ternos” ele dizia. Ele estava sempre preocupado em ter uma imagem boa para os outros.

Tetsu: Aprendemos a como ser uma banda com ele, também.

Nero: Ele fazia seu melhor em tudo. Por exemplo, nós fomos uma banda indie, então mesmo que usássemos ternos, parecíamos pobres através da visão do Kiyoharu. Ele nos trouxe seus acessórios dizendo “Coloque esses”.

Eu li sobre esse episódio em algum lugar. Vocês pegaram emprestado os acessórios do Kiyoharu para uma gravação, certo?

Nero: Sim, ele nunca abria mão de tais coisas e dizia “Se vocês podem fazer melhor, então façam”.

Gara: Kiyoharu era categorizado como visual kei antes, mas seu visual não era somente maquiagem gritante e fantasias, como pessoas costumam dizer. Ele dizia “Visual kei é legal só porque pessoas legais fazem. Se forem trabalhar no estilo visual, vocês têm que ser legais”. Ele mantém essa visão até hoje.

Nero: Além do mais, as músicas de artistas visual kei que ouvimos eram maravilhosas, mais ainda do que suas aparências exteriores.

Gara: hide do X-JAPAN era mortalmente legal.

Qual o conceito por trás de seu novo álbum, PEEP SHOW, e como vocês arranjaram esse nome?

Gara: Sobre o álbum, nós reunimos músicas boas para fazer um álbum sem dar um título logo de cara, porque queríamos destruir nossa imagem, o que pensávamos de nós mesmos. Queríamos mostrar que, se você nos olhar de lados diferentes, nossas músicas e aparência seriam diferentes; nós tocamos músicas diferentes, mas no final todas se tornam parte do Merry. Intitulamos esse álbum PEEP SHOW, que significa algo como ‘peephole’ (‘abertura para espiar’) ‘Porque vocês não nos espiam de várias direções?’ Nós normalmente tocamos em casas de show, então vocês podem nos ver de diferentes direções toda hora, por causa de diferentes pontos de vista ou diferentes casas de show. Vocês nos espiam enquanto o peephole fica menor e menor, então você pode ver a base do Merry. Então, o significado é ‘Por favor, olhe o Merry profundamente!’.

Nero: É quase como um show de strip ou um circo, eu acho. Eles fazem suas performances e nós fazemos nosso show.

Como correu a gravação e a composição do PEEP SHOW?

Yu: O título PEEP SHOW foi determinado depois e então o conceito foi definido. Quando escrevemos as músicas, não havia um conceito definido ainda, então fizemos as músicas naturalmente. Anteriormente, costumavamos fazer o conceito antes das músicas, mas dessa vez as fizemos naturalmente, o que resultou em músicas que nunca antes tínhamos feito. Nossa música pode estar mudando agora, e acho que mesmo nós não estando atentos à isso, nossa música faz isso sozinha.

Você fez as músicas antes e só depois o conceito foi formado?

Yu: Sim. Reunimos as músicas selecionadas, todos juntos, e daí decidimos o conceito. Então as músicas foram feitas antes.

A gravação correu facilmente?

Nero: Bem, quando nos tornamos major, nosso ambiente ficou melhor. (risos) Podemos tocar o quanto quisermos em um grande estúdio com staffs de confiança. Quando éramos indies, por mais de três anos, o que é um bom tempo, tínhamos que fazer tudo sozinhos. Então, graças ao nosso staff, podemos fazer várias músicas agora.

Gara: Antes fazíamos CDs sozinhos e agora uma gravadora está tomando conta de nós, então podemos deixar todo esse trabalho com eles. Dessa forma podemos nos concentrar mais na nossa música enquanto a Victor Records vende nossos CDs.

De onde veio a idéia de fazer três músicas instrumentais?

Nero: A primeira música de nossos álbuns é sempre uma música instrumental. As outras duas foram originalmente feitas pelo Linus, que é quem toca todos os nossos instrumentos elétricos.

Yu: Reunimos as músicas e definimos o conceito do PEEP SHOW, então por causa dessa nova e interessante tentativa de mostrar esse álbum profundamente, tentamos colocar mais músicas instrumentais nele.

Nero: E cada uma das onze músicas do PEEP SHOW tem uma característica muito forte. Colocar canções que parecem músicas ambientais como um pequeno intervalo faz o mundo da próxima música muito mais intenso.

Gara: É interessante. Nesse tipo de música mais intensa, Yu e Kenichi adicionaram sons de guitarra, enquanto os sons de koto foram também adicionados para dar um toque japonês para que pudéssemos fazer várias fusões. Então, auando fazemos uma música, nós a ouvimos e ela nos parece recente e refrescante.

Essas duas músicas instrumentais são totalmente diferentes.

Yu: Durante nossos shows, fazemos alguns intervalos colocando músicas de ambiente e é por isso que esse álbum PEEP SHOW é tão próximo de nossos verdadeiros shows.

Agora vou perguntar algumas questões mais pessoais. Gara você não tem medo de se intoxicar cuspindo tinta no palco? E não é nojento?

Gara: (risos) Não é tinta, é Bokuju (tinta indiana). Se eu me preocupo com isso, não posso fazer nada. (risos) Estou bem pensando ‘Roqueiro, pessoa teimosa, todos eles vão morrer quando eles morrerem’. (risos) No palco fico muito mais animado, mas uma vez que volto pro backstage, eu digo ‘Uaaaaaaaah-----------!’(risos)

Eu vi no show do DVD Hibiya Yagai Ongaku-dou que você faz caligrafia no palco, o que é interessante.

Gara: Tenho um conceito de não falar no palco, porque quero me livrar de tudo que não precisa ser adicionado à atmosfera da banda. Não sinto que seja necessário falar naquela atmosfera. Sempre que eu falo a platéia fica feliz, mas destrói a atmosfera. Prefiro ficar em silêncio. Também gostaria de saber o quanto eu conseguiria ser bem sucedido só tocando e cantando sem falar uma palavra.

Gara, você considera o Kyo do Dir en grey como seu mentor. Quais foram as coisas valiosas que ele te ensinou?

Gara: Ele foi a pessoa que me estimulou a começar a banda, e ele me ensina coisas espirituais. Como o vocalista de uma banda, como um músico que escreve letras e cria melodias, como um ser humano, eu aprendo muitas coisas (dele), e a maior das coisas é aprende-las como um vocalista.

Yu, eu ouvi dizer que você toca vários instrumentos, como piano, trombone, flauta, saxofone, clarinete, etc. Por que você só toca guitarra pro Merry

Nero: Eh!? Yu, sério?

Yu: (risos)...É uma piada japonesa. (muitas risadas) Eu só toquei piano quando era criança.

Gara: Quase todos esses instrumentos são para uma banda de sinfonia, então me parece possível. (risos)

Tetsu, até onde seu cabelo chegou? Por que você decidiu corta-lo e por que logo no palco?

Tetsu: Meu cabelo deveria estar no chão agora. (risos) Sempre tive cabelo comprido por quase dez anos e queria mudar um pouco meu corte. Enquanto seguia a imagem da banda, tentei achar o momento certo para cortar meu cabelo e então o fiz. Cortei meu cabelo num evento do fã-clube próximo ao meu aniversário.

Como foi a reação da platéia?

Tetsu: Elas gritaram ‘Kyaaaaahhhh-----!’ (risos) Mas foi engraçado.

Nero, ouvi dizer que você quer ser presidente, é verdade?

Nero: (risos) No Japão eu não posso ser um presidente, mas um primeiro-ministro. (risos) Digo, adoraria fazer algo no campo da política. No Japão há muitos políticos que uma vez foram comediantes, atletas, etc. Então pensei que eu poderia ser um também, mas do ramo musical. (risos)

Você quer mudar o governo Japonês?

Nero: Bem, talvez. Tenho algumas reclamações.

Gara: Por favor, tome conta dele, por todos nós. (risos)

Nero: Vou fazer meu melhor. (risos)

No Show do DVD do Hibiya Yagai Ongaku-do, você tocou um incrível solo de bateria.

Nero: Esse ano nós vamos lançar um DVD de um show ainda mais incrível no dia 20 de dezembro, em colaboração com a Wadaiko, (bateria japonesa) chamado “Drums vs. Wadaiko’. Esse DVD vai ter algumas músicas do PEEP SHOW e lhes dará uma impressão diferente. Nós queremos fazer um show Yagai Ongaku-do todo ano.

Quantos pares de óculos você têm?

Nero: Por volta de uns dez pares. Em nossos shows, quando toco bateria num ritmo muito pesado, meus óculos costumam voar longe. Me levanto e piso neles e então meus óculos vão pro túmulo. (risos)

Durante os shows, seus óculos embaçam?

Nero: Esse é um segredo profissional, mas vou lhe dizer. Os meus são apenas armação, não tem lentes, porque se eles tirarem fotos de mim com óculos normais, o reflexo da luz faria meus olhos invisíveis.

Gara: (risos) Não é um segredo porque você acabou de explicar todos os detalhes.

Vou perguntar sobre seu novo single, que será lançado em dezembro. O terceiro single, Call ing é uma música em que você continuamente fica chamando. Por que vocês decidiram trabalhar com o BALZAC na música Hi no ataranai Basho ~ Hi no ataranai Yami?

Gara: Eu sempre gostei do BALZAC e sempre fui ver seus shows. Uma vez nós tocamos num evento juntos e até fizemos camisas juntos. Então, o Merry se dá muito bem com o BALZAC. Dessa vez vamos lançar esse single em nosso quinto aniversário, então os chamamos para nos ajudar e eles aceitaram.

A música é rápida, pesada e densa no som.

Gara: É uma melodia característica do BALZAC e estou muito feliz quanto à ela.

JAPANESE MODERNIST foi remixada por TAKESHI UEDA do THE MAD CAPSULE MARKETS e ficou incrível. Por que esse remix aconteceu?

Nero: Eu sou um grande fã deles. THE MAD CAPSULE MARKETS é uma carismática banda de loud rock no Japão e eles são os pioneiros em irem para o exterior. Eles eram mais punks no começo da carreira e gradativamente começaram a fazer digital rock e continuaram evoluindo. Infelizmente eles pararam suas atividades, mas todos nós gostávamos muito deles. Agora que nos tornamos uma banda major, na mesma Victor Records que também tem o TAKESHI do THE MAD CAPSULE MARKETS, nós pedimos a ele, que logo aceitou. Demos a ele todas as nossas músicas dizendo ‘Por favor, escolha uma delas.’ Ele escolheu JAPANESE MODERNIST, que de fato foi inspirado no THE MAD CAPSULE MARKETS. Esse remix ficou incrivelmente bom.

Como vocês se sentiram quando ouviram este remix pela primeira vez?

Nero: Eu fiquei totalmente impressionado. Ele é o pioneiro em fazer o digital rock uma coisa grande no Japão e o remix ficou bastante autentico, então conseguimos aceitá-lo naturalmente.

O remix é bem chocante e dramático. A idéia dele para o arranjo foi ótima. Aliás, como o BALZAC escolheu a música?

Gara: Eu sempre gostei de BALZAC e Hi no ataranai Basho é uma música que fizemos influenciados por eles; ela nos deu uma chance para nos conhecermos melhor. Nós queríamos a colaboração deles nessa música por causa de nosso quinto aniversário.

Call ing é uma música melancólica com influências retro e de baladas populares, enquanto Hi no ataranai Basho é uma música de speedy rock. Sua seleção dessas duas músicas representa que o Merry tem ambos aspectos. A versão normal e a limitada são diferentes, a limitada inclui o remix digital de JAPANESE MODERNIST e Hi no ataranai Basho tocada pelo BALZAC. Ouvindo essas três músicas na versão limitada, fico surpreso pelo alcance da música de vocês.

Gara: Eu concordo com você. Este single representa o Merry atual, porque TAKESHI e BALZAC, pessoas que nós sempre respeitamos, trabalharam conosco e estou muito feliz por isso. Eu realmente queria que vocês ouvissem a versão limitada. Na versão normal, nós tocamos Hi no ataranai Basho sozinhos, então se você ouvir ambas versões, saberá como o BALZAC fez os arranjos da música. Os dois CDs são muito bons, eu acho.

Qual é o fator mais importante no Merry?

Gara: Nossas músicas e shows, claro. Nós cinco nos reunimos para fazer músicas boas e bons shows. Não conseguimos pensar em nada mais. E após os shows, gosto de beber um bom álcool com eles. (risos)

O que vocês acham dos fãs Japoneses? E como vocês imaginam que os fãs Europeus serão?

Tetsu: Sobre os Japoneses, suas atitudes são diferentes de acordo com o local e gosto de ver essas diferenças quando estamos em turnê. Ao mesmo tempo, não consigo imaginar como os fãs Europeus vão reagir, então estou muito ansioso para ver.

Yu: É interessante ver como os fãs de Kanto reagem; a seguir nós vamos além do continente Europeu e estou muito curioso em saber como serão os nossos outros fãs.

Vocês parecem ter muitos fãs homens, não é?

Gara: Sim, eles estão aumentando. Eu acho que é porque o Nero é musculoso. (muitas risadas) Nós estamos felizes quanto a isso. No Japão ainda não tocamos em alguns lugares, e, tocando no exterior, não consigo imaginar que tipo de pessoa virá ver nossos shows. Mas não quero que elas fiquem nervosas, eu gostaria que elas se movessem livremente. No Japão nós tocamos e deixamos a audiência livre, contanto que não se machuquem ou causem problemas. Você não tem que se adaptar aos outros, seja livre. Até no Japão eu vejo alguns estrangeiros nos nossos shows.

Sim, um bom número de fãs vêm do exterior. Aliás, vocês devem ter ouvido muitas histórias de bandas que tocaram na Europa. Quais são suas expectativas para os futuros shows Europeus?

Nero: Eu espero que seja uma boa experiência para nós. No Japão existem poucos lugares em que a maioria do público são novos. A maioria dos lugares mixa fãs novos e antigos. Tocar em um lugar onde só existem novos fãs será uma ótima experiência para nós.

Tetsu: Estou interessado em ver como eles vão responder quando nos jogarmos com nossa música na platéia.

Kenichi: Será uma ótima experiência.

Gara: Acho que a reação deles será mais real que no Japão.

Tetsu: Tenho medo que possa haver vaias.

Oh, não! Eu acho que não. Dia 27 de outubro o PEEP SHOW foi lançado na Europa e vocês farão shows na Alemanha (1º de dezembro) e em Paris (3 de dezembro), então as pessoas estão muito ansiosas em vê-los. Eu acho que vocês serão muito bem recebidos na Europa.

Gara: Tem uma loja em Hamburgo que vende roupas, como camisetas do BALZAC. O nome da loja é SHOCK EUROPE. Nós fizemos camisetas da colaboração que tivemos com o BALZAC e as vendemos por um período ano passado no Japão. Agora que vamos pra Europa, as camisetas serão vendidas novamente na Alemanha. Se você gostar, por favor, compre e use a camiseta e venha ver nossos shows. A loja também tem nossos catalogos e etc.

Por fim, por favor, deixem uma mensagem para seus fãs estrangeiros.

Nero: Nossos mentores, amigos, e muitas outras bandas já fizeram shows no exterior. O Merry faz trabalhos originais os quais só nós podemos fazer e vamos tocar como sempre, oh, não... Melhor do que sempre, então, por favor, sintam-se a vontade de vir e se divertir em nossos shows.

Kenichi: Onde existirem fãs que gostem de nossa banda, mesmo que sejam poucos, quero ir até eles e fazer nosso melhor.

Tetsu: Eu gosto de música européia, então estou ansioso em ver o lugar e conhecer a cultura de onde minhas músicas favoritas nasceram. E estou ansioso para ver como a audiência que cresceu aí vai reagir a nós.

Gara: Nós faremos nosso melhor show maluco! Esteja preparado! Não fique para trás!......Bem, você pode fazer como quiser. (risos) De qualquer jeito, eu farei meu melhor, então, por favor, recebam o melhor de mim e me dêem de volta o de vocês. Eu quero sentir isso. Graças aos estímulos que receberemos por uma cultura diferente em nossos shows no exterior, será uma ótima experiência para nós. Além do mais, quero provar suas cervejas e temperos. (risos)

Yu: Num país diferente quero fazer uma marca sem usar palavras. Ficarei muito feliz se você sentir o Merry através de nossa música.
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