Especial

Etiqueta em Shows de Visual Kei: Um Guia para Iniciantes

03/04/2011 2011-04-03 20:49:00 JaME Autor: Meg Tradução: Nana

Etiqueta em Shows de Visual Kei: Um Guia para Iniciantes

Assistir a um show longe de casa pode ser difícil. Então o JaME se dirigiu ao cenário japonês do visual kei para desbancar mitos, explicar os comportamentos e ajudar um fã a se comportar durante um show no Japão.


© JaME
Com a música japonesa explodindo em popularidade nos últimos anos pelos países estrangeiros, o Japão, mais do que nunca, tem encontrado em seus shows a presença de outras nações. Para muitas bandas e fãs, quanto menor o show, mais alarmante o seu acontecimento, especialmente para os fãs que vão com a noção de que podem se comportar ali como se estivessem em casa.

O visual kei é uma cenário particularmente meticuloso, com fãs que muitas vezes acompanham as bandas como um modelo de vida. Estes espetáculos são diferentes de qualquer outro no Japão. Enquanto que um show normal de rock ou punk faz lembrar o comportamento selvagem e muitas vezes excêntrico vistos em países estrangeiros com a conduta individualista da multidão, os fãs de visual kei são metódicos, uniformes e precisos – algumas vezes em um nível anormal.

Como muitos estrangeiros sabem, a sociedade japonesa é muito única e isso é o que a difere dos países ocidentais. A comunidade é mentalmente forte e muitos visitantes estrangeiros repetem a experiência do “Dentro do grupo vs. Fora o grupo” que está presente na vida cotidiana. Em um show, esta teoria continua a soar verdadeira. Costumes e formalidades devem ser seguidos e comportamentos inibidos – caso contrário um fã ávido por diversão e novos amigos podem se encontrar rapidamente “do lado de fora”.

Muitos fãs ocidentais visitam o Japão pensando que eles podem agir e se comportarem como quiserem. Afinal de contas, eles estão ali temporariamente. A agressividade vista em shows europeus e americanos é uma filosofia que acompanha os pensamentos de muitas dessas pessoas determinadas a ver suas bandas de perto e pessoalmente. Entretanto, a crença de que você, como um visitante estrangeiro, está ali temporariamente e, portanto, suas ações não importam, é um mito absolutamente falso. Em uma sociedade que apenas 1% dos habitantes são ocidentais permanentes, cada fã que faz parte do público de um show japonês é um representante da sociedade ocidental como um todo – quer gostamos disso ou não. Nossas ações ficarão nas memórias dos presentes, e futuros fãs estrangeiros enfrentarão o peso do seu julgamento.

Ao observar as rotinas de dentro do cenário, os fãs ocidentais podem ter a chance de uma experiência única com a banda – é só seguir as regras.

Antes do Show: Ingressos Numerados e Check-in

Um elemento famoso de um evento ocidental é a fila. Fãs vêm de todos os lugares, formando filas por horas, às vezes dias, por uma chance de ficar perto do palco ou ter a melhor visão do clube. Mas muitos fãs também experimentam dores de cabeça com grupos que formam filas cedo, criam listas e acrescentam amigos que chegaram mais tarde.

No Japão, este elemento foi removido de todos os shows, com o uso de ingressos numerados. Embora isso ofereça numerosas vantagens, qualquer sistema tem suas desvantagens. Pelo lado positivo, os fãs não precisam chegar muito antes dos portões abrirem e não há necessidade de muita segurança monitorando as filas. Os fãs podem entrar no prédio de forma ordenada, sem pressa ou empurrar pra entrar, e os outros não são incomodados.

Mas uma das maiores desvantagens é a manipulação dos ingressos. Os fãs aprenderam como manipular o sistema dos ingressos numerados para garantir que o mesmo grupo frequentemente receba os ingressos de um dígito. No caso de pequenas bandas que vendem os ingressos de seus shows mais cedo para garantir que os seus fãs possam obtê-los, os ingressos são vendidos em ordem de número. Logo que são postos à venda, certos fãs, conhecidos como jouren e saizen irão rapidamente comprá-los para que possam pegar os melhores números. Depois, os restantes serão vendidos para outros fãs no local. Esta ação é feita igualmente com ingressos vendidos exclusivamente em lojas, como a Like An Edison. Para ingressos vendidos por telefone, mesmo que a linha esteja ocupada, fãs particularmente ansiosas podem pagar mais para usar números específicos, utilizados por policiais e emergência, para garantir que a chamada se complete. Conseguindo os ingressos com os melhores números, certas fãs podem controlar a primeira fila e a organização os outros.

Com o tempo, muitas bandas tomaram conhecimento desse comportamento e implementaram formas de acabar com isso. Para bandas pequenas venderem ingressos nos shows, os ingressos são misturados e vendidos de forma aleatória, sem mostrar o número. Duas fãs que comprarem ingressos juntas usando esse método podem pegar o ingresso cinco e o quarenta. Contudo, o baralhamento também pode ser manipulado. Quando essas vendas ocorrem, as fãs saizen muitas vezes se unem, gastando milhares de ienes na esperança de que uma pessoa dentro do grupo receba o ingresso número um. Mesmo limitando o número de ingressos, com um grupo suficientemente grande de fãs tentando obter os melhores números, todos os ingressos ainda podem ser comprados, então a staff das bandas surgiram com novas ideias. Alguns ingressos são vendidos em forma de loteria; outros ingressos são vendidos em uma variedade de locais para divulgar os números e permitir que um público maior possa obtê-los.

Mas apesar de tudo isso, os números, no final das contas, ainda determinam o que será permitido no local, e o escritório tem uma ordem típica de numeração dos ingressos, mas a ordem nunca é concreta. Algumas vezes os ingressos da Like an Edison podem ser o melhor, outras vezes podem ser o pior. Para outros shows, os ingressos podem ser vendidos exclusivamente em lojas de conveniência e isso pode resultar em um reinício dos números, por exemplo, Lawson e 7-11 ambos tendo ingressos de 1 a 150. Nesta situação, um ingresso de uma loja pode facilmente sair antes da outra, deixando uma pessoa com um número aparentemente bom em uma posição ruim, caso a loja demore a avisar. Para grandes eventos, a banda pode postar a hierarquia dos ingressos de acordo com a localização das vendas. Outras vezes, algumas opções de ingressos não estão disponíveis, como yoyaku (ingressos reservados) ou ingressos em pré-venda. Mas geralmente, é possível adivinhar a ordem em que os ingressos são recebidos.

Os ingressos da banda são normalmente os de menor número. A banda recebe certo número de ingressos, cujos números são normalmente os melhores. Ingressos yoyaku podem ser os próximos da fila, composta por ingressos da banda, ou ser os últimos, então certamente com o yoyaku isso nunca é garantido. Após isso, terão os ingressos Like an Edison ou Club Indies, ou ingressos de qualquer outra loja, seguidos pelos ingressos eletrônicos da Lawson’s, 7-11, E+, Pia e outras. Finalmente, há os ingressos “da porta”. Alguns dias antes do show, todos os vendedores devolvem os ingressos restantes ao escritório, que são vendidos no local do show. Esses ingressos são normalmente os piores números – quanto maior a banda que vai tocar, maior a probabilidade de o show ser totalmente vendido antes do ingresso chegar à porta.

O check-in é um processo simples. Se você tem um ingresso, muitos lugares o aceitarão e perguntarão qual banda você vai ver. Mesmo que você queira ver todas as bandas do evento, o seu dinheiro terá que ir especificamente para uma banda. Tenha certeza de escolher uma, caso contrário a staff escolherá por você e pode ser uma banda que você não gosta.

Se você está fazendo o check-in via yoyaku, pegue o seu ingresso em qualquer recepção, na bilheteria ou na mesa de produtos da banda que você foi ver. Faltando 24 horas para o show, reservas ocasionalmente são perdidas, por isso é aconselhável imprimir o e-mail que você recebeu. Se por alguma razão você não tem a sua reserva, sem pânico – eles normalmente têm ingressos extras.

Antes do Show: Taxa de Consumação e Produtos

Você tem seu ingresso, mas isso não é tudo o que você gastará antes de atravessar a porta. Já que muitos locais no Japão têm bares, uma taxa de consumação é requerida para entrar. Quase todos os locais de visual kei tem um bar, mas os fãs tem sorte quando visitam o Meguro Rockmaykan, que por ser pequeno não tem lugar para um bar e, portanto, não é cobrada a taxa.

Para compensar os fãs que não bebem durante o evento, esta taxa dá ao clube dinheiro extra. As taxas variam e podem ser de 300 a 600 ienes (6 a 12 reais), mas o valor típico é uma moeda de 500 ienes (10 reais) de taxa de consumação. Muitos lugares, como Shimokitazawa ERA, Takadanobaba AREA e Urawa Narciss lhe darão uma bebida alcoólica por esta taxa, o Shibuya O-EAST oferece uma lata cheia. O Shinjuku LOFT é particularmente conhecido por seus coquetéis. Outros, como o Shinjuku Holiday oferecem sorvete. O O’s em Shibuya algumas vezes dará a você uma garrafa d’água. Mas na maior parte, espere um copo de plástico com gelo e uma bebida gaseificada.

Enquanto alguns lugares podem permitir que você use o seu ticket de bebida durante todo o evento, alguns bares fecharão com o fim do show, como no Takadanobaba AREA's. Para garantir a sua bebida, é melhor saber quando o bar irá fechar, visitando-o entre as bandas, ou antes, do início do evento.

Mesas de produtos estão frequentemente no salão em que a banda se apresentará como feito no Holiday e Liquid Room Ebisu. Entretanto, é muito comum os produtos estarem do lado de fora do local. Alguns locais que vendem os produtos frequentemente do lado de fora são Takadanobaba AREA e Shibuya O-West. Enquanto isso é ótimo para shows esgotados – se você não conseguiu o ingresso, você ainda pode comprar os produtos – isso é ruim para fãs que querem um novo item antes da multidão avançar na mesa no final. Antes de você entrar no local, verifique com a staff se é permitido voltar às mesas, caso contrário uma saída rápida entre os shows para olhar as mesas pode significar que você ficará fora do evento, permanentemente.

O Comportamento do Público: o Jouren, o Saizen e o Shikiri

Todo o fã quer ficar na primeira fileira do show de sua banda favorita, mas em um show de visual kei, a primeira fileira é quase sempre estritamente possuída pela hierarquia que é formada entre os fãs japoneses. Enquanto muitos fãs estrangeiros acham que podem simplesmente empurrar os fãs japoneses da grade ou aproveitar os pontos abertos, após tentar isso, os resultados tendem a ser desagradáveis.

Saizen literalmente significa “primeira fileira”, e este é o nome dado às fãs que ficam na primeira fileira no show de uma banda em particular. Estas fãs são muitas vezes chamadas de jouren, ou "clientes regulares", mas este título não é abrangente. Algumas fãs saizen podem não ser consideradas jouren, elas podem ficar na grade de sua cidade natal, mas não seguem a banda nacionalmente. Outras fãs que permanecem nas fileiras atrás da grade podem ser chamadas de jouren, já que elas atravessam o país e algumas vezes vão para o exterior para ver suas bandas favoritas. Classificações à parte, as fãs saizen continuam sendo uma estrutura estável dentro da cena e nos círculos de fãs de pequenas bandas e podem até mesmo ser reconhecidas por outros fãs e receber status. Estas fãs são tipicamente o mesmo grupo que domina a primeira fileira durante a maioria dos eventos da banda, mas isso pode mudar em grandes eventos ou várias circunstâncias. Com a cena sempre em evolução, as fãs da primeira fileira mudam com o tempo, e como resultado, o comportamento da saizen mudará continuamente, com algumas saizen e jouren sendo amigáveis e outras menos flexíveis.

Para pequenos locais, especialmente em Tóquio, as fãs saizen frequentemente usam listas que são similares às listas de filas estrangeiras. Esta lista mostra a grade, a quantidade de pessoas que pode ficar neste local, e então, os nomes escritos em seus lugares. Enquanto cada saizen individual pode ter uma fã tipicamente no controle, para grandes eventos é comum a shikiri, que pode ou não ter o ingresso nº1, mas age como a fã organizadora para aquele evento. Outras vezes, a shikiri é escolhida porque ela é a mais conhecida entre as fãs ou amigas daquela saizen. A shikiri por ter que realizar os procedimentos, pode garantir que as listas saizen sejam usadas sem problemas. Shikiri significa “dividir” e muito parecido com o organizador, que divide a primeira fileira, este termo é também usado para descrever o método de pedir ao organizador ou às fãs membros da saizen a permissão para ficar na grade.

A shikiri tem a opção de decidir a saizen para o show: algumas vão pelo número dos ingressos, outras pelas jouren. Para um evento pequeno, há um número de saizens, cada uma com uma própria lista. Determinar o que está sendo conduzido no seu evento é importante, assim você sabe a quem se aproximar para o koushou, ou negociar, trocando de lugar para a sua banda.

Para muitos fãs estrangeiros, nós seguimos várias bandas e às vezes temos uma favorita, nossos gostos são variados. Para alguns fãs japoneses de visual kei, este comportamento também é comum. Entretanto, para uma jouren, isso é muito diferente. Enquanto muitos fãs estrangeiros como visitantes acreditam que terão que gastar uma quantia exorbitante para visitar o Japão e assistir shows, na realidade, nossos gastos frequentemente são insignificantes em comparação aos de uma jouren. Entre custos de shinkansen (trem bala), voo ou ônibus, ingressos e acomodações, cada viagem dentro do Japão pode se tornar uma experiência mais cara do que algum estrangeiro visitando o país. Por isso, não é justo usar dinheiro como moeda de troca por um lugar na casa de show, já que essas fãs assistem shows de suas bandas durante todo o ano e dedicam boa parte de suas vidas seguindo-os.

A distinção entre as jouren e as fãs que são frequentemente saizen, tende a se tornar confusa quando se trata da devoção à banda uma vez que mostram sua adoração de forma semelhante, porém diferente. Enquanto uma jouren pode viajar o mundo para seguir a banda, alguns membros da saizen podem permanecer locais, mas serem muito devotadas – algumas vezes até mais que as jouren. Esse tipo de fã terá cada produto e presenteará os membros da banda com itens extremamente caros. Ela pode tentar fazer amizade com a staff e a banda, e muitas vezes esperará depois do show por uma chance de falar com eles a sós. Muitos também serão aceitos na saizen pela quantidade de shows que assistiram independente da localização. A motivação da jouren e da saizen varia, mas geralmente é de natureza sexual.

Uma vez que a saizen está ali por uma única banda, ela sempre sabe quando a banda que segue vai tocar. O local nunca dará esta informação, então a palavra é transmitida pelas saizen. Quando a performance da banda termina, toda a saizen irá mudar, abrindo espaço para o próximo grupo que está lá para acompanhar sua respectiva banda. É importante quando pedir permissão mostrar que você sabe sobre isso e que sairá quando a apresentação acabar. Seu pedido pode ser negado se elas acharem que você ficará na grade pelo resto do evento.

Pequenos lugares e bandas podem significar pequenas saizens, resultando frequentemente em uma brecha na grade. A saizen muitas vezes procurará rostos familiares de outras jouren para preencher essas lacunas, outras procuram fãs com ingressos com bons números; mas dependendo da sua estrutura, forasteiros podem não ser bem recebidos em geral. Outras saizen com lacunas podem simplesmente abrir os braços para ocupar o espaço extra. Com shows continuamente acontecendo em locais cada vez maiores, uma saizen organizada em um local como o Shibuya O-East ou o Akasaka BLITZ se torna complicada, mas ainda é muito praticada.

Se chegar cedo o suficiente, a grade pode estar completamente vazia, mas isso nunca é um convite para aproximação: mesmo de pé ou encostada na grade terá um membro da saizen que rapidamente te pedirá para ir para outro lugar. Tentar empurrar a saizen, se há espaço ou não, poderá causar uma série de problemas: no mais suave dos casos, você terá que sair. Em outros casos, as fãs recebem gritos, exclusão e até violência física.

Para um fã que está no Japão pela primeira vez, um fã ávido de bandas underground com pouquíssimos fãs pode nunca ter esse problema; ele pode facilmente ficar na grade devido à quantidade de espaço livre em cada evento. Entretanto, para principiantes, pedir permissão para entrar na saizen de uma banda com uma fanbase saudável, é provável que não aconteça. Muitos fãs visitarão o Japão e nunca terão a oportunidade de se juntar à saizen de uma banda, o que exige exposição, conformação e paciência. Entretanto, isso não é impossível. Fãs ocidentais devem simplesmente lembrar que os japoneses não falam as coisas diretamente. Quando pedir permissão, a saizen pode dizer "hoje parece difícil" ou "eu não sei se vai ter lugar" em vez de dizer não. Saber que você pode receber uma resposta como essa é importante para que não ocorra uma comunicação confusa. Além do mais, conseguir a primeira fileira uma vez não significa que você conseguirá novamente na próxima vez que for ver a banda, mesmo quando você é amigo de membros da saizen.

Ao longo dos anos, algumas bandas tem tentado banir a prática de fazer da primeira fileira exclusiva. Como muitos fãs, a banda reconhece que isso é injusto e que impede novas pessoas de ficarem na grade; banir a prática da saizen também dá à banda uma oportunidade de ver novos rostos. Misturando os números dos ingressos ou proibindo anúncios, oferece a novos fãs a oportunidade de experimentar o show da primeira fileira. Apesar destes esforços, as saizen ainda existem e prosperam no cenário hoje, mesmo sob a atenção das bandas e da staff.

A prevenção das práticas das shikiri tem sido feita de uma série de maneiras. Bandas como D, Jinkaku Radio e Lynch. tiveram declarações dos presidentes de suas gravadoras afirmando que não gostam desta prática. Algumas companhias como Sherow Artist Society, Maplekiss e LOOPASH, condenaram completamente a prática para todos os fãs das bandas que administram. Mesmo alguns organizadores de eventos, como Speed Disk, Plug e Death trap-ID falaram sobre a atividade. Bandas proativas como Deluhi e megamasso claramente postaram a informação sobre a proibição, enquanto membros de outras bandas, como 9 GOATS BLACK OUT, bergerac e the Underneath, escreveram sobre isso em seus blogs.

Nos últimos anos, o desenvolvimento do kojin koushou em alguns círculos de fãs de algumas bandas, nasceu para banir a exclusividade da shikiri e saizen nos eventos. Kojin koushou, ou negociações privadas, eliminam o uso das listas da shikiri e da saizen, mas produz um ambiente familiar de fãs trocando de lugar com outros para ficar na grade durante suas bandas favoritas. Em um evento onde a shikiri é banida, fãs que possuem bons números aproximam outros da grade e pedem permissão para trocar. Embora, em teoria, seja um processo justo que elimina a necessidade de conexões, isso pode se tornar complicado e ser problemático quando os fãs fazem várias trocas durante um único evento.


O Comportamento do Público: Durante o Show

A saizen não só organiza a primeira fileira, mas também boa parte da atividade da plateia durante a apresentação da banda. Enquanto um grupo pode criar uma furitsuke, ou coreografia de mãos, que é copiada pelo público, quase todos os gestos complicados são criados pela saizen que tem bastante tempo para criá-los. Entre as apresentações, membros da saizen algumas vezes sentarão em um grupo, ensinando novos movimentos para cada um, assim eles podem ser usados durante o show. Esses movimentos logo são seguidos pelas outras fileiras e serão copiados por outros fãs do local. Se você quiser participar, seguir as mãos de um membro da saizen é a chave para aprender a furitsuke de uma música em particular.

O saku começou com oshare kei, mas se espalhou por boa parte do cenário visual kei. O saku é quando uma pessoa se inclina pra frente, cruza os braços e depois os estica como “uma flor se abrindo” para os membros da banda; isso é feito entre as músicas quando os fãs estão aplaudindo ou no final da apresentação da banda. Enquanto isto é muitas vezes feito pelo sex appeal, nem todos os membros das bandas ficam entusiasmados com a ação; outros gostam e até mesmo incentivam.

Enquanto fãs americanos tendem a cantar e gritar durante as músicas, os fãs japoneses possuem uma abordagem muito mais reservada. Durante as músicas, os fãs deixam as bandas se apresentarem e mostram a sua apreciação durante os intervalos. Na maioria das vezes são ouvidos gritos das meninas pelos membros, tentando soar suave e fofas, mas nos últimos anos, mesmo em shows de estilo oshare, o "grito da morte" tem se tornado mais popular com fãs gritando roucamente pelo seu membro favorito da banda. Saku-ing ou o sinal do "rock" também é feito durante esse momento. Para uma música lenta, não pegue seu celular ou isqueiro, porque você será o único a fazer isso. Fique quieto e aprecie a atmosfera que a banda criou. Após a música lenta, as reações tendem a se misturar – alguns aplaudem, outros começam a gritar.

Em shows ocidentais, grupos de bate-cabeça tendem a se formar no fundo, mas os participantes em uma particular ação violenta durante shows de visual kei, chamados gyakudai (ou mergulho reverso), estão normalmente na primeira fileira. O gyakudai é uma atividade única do cenário do visual kei e é feito durante uma parte rápida da música, e alguns eventos foram dedicados à prática. Os membros da saizen se curvarão sobre a grade, e as outras fileiras vão se revezar atirando-se para frente e para trás. Algumas vezes o gyakudai da grade alcançará várias filas quando mais pessoas começam a participar, resultando na multidão fazendo algo similar a um bate-cabeça. Entretanto, em pequenos shows, as pessoas abrem espaço e se revezam para que ninguém se machuque seriamente.

Para danças selvagens, bate cabeça, crowd surfing (ser levantado e carregado nos braços pela plateia) e gyakudai, muitas fãs tirarão os sapatos, já que elas vão para os shows com sapatos de salto agulha ou outros tipos de salto alto; isto fornece um ambiente seguro para todos. Se isto estiver sendo feito e você gostaria de participar, você pode pedir às pessoas à sua volta para tirar os calçados.

Enquanto que a organização e estrutura desses públicos parece ser uma grande panelinha, muitos são na verdade agradáveis e simpáticos. Muitos ficarão com vontade de tentar falar com você, envolver você no furitsuke e até mesmo permitir que você participe de atividades em grupo para a banda (como assinar cartões ou participar de um grupo de presentes). Já que os fãs japoneses são muito mais conscientes das pessoas à sua volta, você também deve ser. Eles, muitas vezes, rapidamente se desculparão por ter batido em você, ou perguntarão se você está bem após uma música particularmente violenta; é sempre bom fazer o mesmo. Como em qualquer país, esta filosofia não é absoluta: em qualquer público há pessoas rudes. Entretanto, tanto fãs que moram no país ou que o estão visitando temporariamente, podem certamente fazer amizade com os outros, especialmente aqueles que são educados e conscientes dos que o rodeiam.

Comportamento do Público: Quando Você Não Gosta de uma Banda - A Plateia Rotativa

Todos assistimos a shows onde uma banda toca e não gostamos dela. Em países ocidentais, sem boas maneiras, nós ficamos e assistimos emburrados. Entretanto, no Japão, sua abordagem é muito diferente.

Universalmente, fãs que vão a um evento de várias bandas estão lá apenas por alguns artistas. Quando há um artista principal famoso, o local pode ficar quase vazio até o final, e de repente lotar. A abordagem do Japão para lidar com isso, em vez da abordagem americana onde todos ficam no local, é a plateia rotativa.

Muito parecida com a mudança da saizen, após uma banda se apresentar e deixar o palco, o público, por si só, mudará. Em lugares muito grandes e lotados como o Shibuya O-East, somente as primeiras fileiras devem se mover, mas em lugares pequenos e com mais espaço, isso pode acontecer em todo o local. Entre cada troca de banda as fileiras irão mudar com o público indo e vindo. A plateia nunca vai permanecer estável por mais de duas bandas seguidas.

Uma coisa que irrita muitos fãs japoneses é quando fãs ocidentais ficam na segunda fileira e se recusam a sair durante todo o evento, alegando que está lá por todas as bandas. Em alguns casos, isso é realmente verdade – pode ser o seu show dos sonhos e você estar no céu. Mas nos casos mais realistas, há algumas bandas que você está lá só para checar ou não segue particularmente, mas escuta. A sua recusa em sair está impedindo outro fã que pode amar a banda que está prestes a entrar no palco.

Então o que você deve fazer se não gosta da banda ou não está determinado a vê-los de perto? Olhe a sua volta quando eles começarem. Se os fãs a sua volta começarem a enlouquecer quando a banda começar, ofereça a eles o seu lugar. Eles provavelmente serão mais baixos que você e poderão ver melhor, isso os tornará extremamente graciosos; sem contar que você aumentará as chances de receber favores similares no futuro. Além disso, os fãs que você deixou passar a sua frente quase sempre voltarão sem pedir quando a banda terminar.

Para lugares menores ou menos lotados, os fãs tem diversas maneiras de lidar com o tédio enquanto aguardam sua banda subir no palco. Em públicos ocidentais, nós tipicamente ficamos com o rosto sombrio ou viajando. Os japoneses podem ser muito mais cruéis; muitos fãs irão sentar abruptamente, mesmo em eventos esgotados. Os fãs irão conversar entre eles, comer ou beber, olhar seus telefones, preencher a pesquisa da banda, dormir ou refazer seu cabelo ou maquiagem. O Shibuya O-East, Nagoya Heartland e Osaka Big Cat são todos exemplos de lugares com monitores do lado de fora para que os fãs possam sair e assistir dos corredores onde é mais quieto. Entretanto quando há uma mesa de produtos dentro do local, muitas fecham durante a apresentação em respeito à banda que está tocando. Além disso, muitos balcões de resgate da taxa de consumação também irão fechar durante esse tempo; você só poderá pegar a sua bebida entre as apresentações ou no final. Você tem várias opções para passar o tempo enquanto espera a sua banda se apresentar, uma vez que você não está sendo uma distração para a banda ou para outros fãs.

Comportamento do Público: Não Toque na Banda!

Muitas pessoas já ouviram falar dos horrores das roupas danificadas, pessoas feridas e membros das bandas irritados. Apesar disso, fãs ocidentais tem uma propensão contínua de tentar tocar os membros da banda, quer seja visual kei, rock americano ou, até mesmo, música pop. Para uma cultura com poucas barreiras de espaço pessoal, nós precisamos aprender quando é apropriado tocar e quando nós devemos apenas olhar.

Para uma banda japonesa pequena, a quantidade de dinheiro investida na banda é muitas vezes mais do que eles recebem. Entre custos de equipamento, roupas, publicidade, locais e gravação, os gastos crescem rapidamente. Muitas bandas de visual kei vestem roupas que são cuidadosamente projetadas e intricadas, resultando em peças caras. Assim como qualquer outra posse valorizada, eles não querem que elas se danifiquem.

Tocar um membro da banda não só causa problemas para outros fãs que você pode potencialmente machucar, mas para a banda e a staff. Enquanto membros de bandas podem voluntariamente “surfar” na plateia e são naturalmente tocados no processo, puxá-los pode causar ferimentos graves para o membro e também a staff que tem que “pescá-lo” de volta. Além disso, seus instrumentos podem sofrer danos irreparáveis.

Sendo um fã estrangeiro, muitos membros da banda podem especificamente prestar atenção em você, pois eles estão excitados que sua música se estendeu para o público ocidental. Alguns fãs ocidentais tem sido filmados, outros agarrados pelos membros da banda e puxados para a primeira fileira, ou recebido atenção especial e atirado baquetas, toalhas ou baquetas. Isso pode fazer com que os outros te olhem com ciúmes.

Enquanto alguns membros da banda se precipitam em torno da atenção lasciva, esta atenção não lhe dá automaticamente um passe livre para um toque sexual. No Japão, esse comportamento é menos frequente e, quando ocorre, muitos fãs não se misturam à ação. É inaceitável admitir “ele pediu por isso”, especialmente quando eles tentam sair do alcance dos braços. Lembre-se, tatear o vocalista não deixa os outros com ciúmes – isso faz com que sintam nojo.

Após o Show: Demachi

Uma vez que é uma atividade muito praticada, demachi, ficar pelo local para tentar encontrar a banda, se tornou proibida em muitos locais. Lugares como o Takadanobaba AREA terá sua staff afastando você e apontando para letreiros em diversas línguas, e o Shibuya O’s tem a polícia e a staff garantindo que todos continuem a sair quando o show termina. Entretanto, lugares pequenos tem diferentes políticas, e fãs por toda o cenário continuam com o demachi após os eventos, esperando para ter uma pequena conversa, conseguir um autógrafo, oferecer presentes ou apenas vislumbrar a banda entrar na sua van. Nunca é apropriado dar a um membro da banda um presente ou uma carta durante a performance, e se o demachi está indisponível, os itens podem ser dados a staff para ser passado adiante.

A demachi é muito similar ao estilo de esperar ocidental, mas é importante ser respeitoso com a banda e dar a eles espaço. Algumas bandas não gostam de ver ninguém depois que o evento termina, enquanto outras agradecem por recebê-los, mas isso pode ser prevenido pela administração. Improvise, mas não demore muito nos seus agradecimentos – se você planeja alcançar um membro por alguns minutos, as chances estão lá, junto com outras fãs esperando pela oportunidade depois de você.

---

Muitos fãs ocidentais entraram nos locais para ouvir sussurros sobre eles. Alguns fãs se afastam de nós constrangidos. Outros murmuram sobre gaijins (estrangeiros) debaixo do seu nariz. Para muitos fãs japoneses, ter fãs estrangeiros em um show pode significar problemas, e estes sentimentos vêm de experiências pessoais ruins com fãs ocidentais no passado. Entretanto, um bom comportamento e conformidade abrem inúmeras portas que muitos fãs não sonham ser possíveis. Seguindo seus costumes e respeitando suas regras – assim como nós queremos que façam em nossos shows – nós podemos mostrar aos fãs japoneses que a música não tem barreiras e mudar sua opinião sobre fãs estrangeiros, um show de cada vez.
ANúNCIO
ANúNCIO