Entrevista

Entrevista com a ilustre Saeki Anna

13/06/2010 2010-06-13 05:11:00 JaME Autor: CyberMoon Tradução: hanabi

Entrevista com a ilustre Saeki Anna

Uma semana após sua apresentação no MCJP, nos encontramos com Saeki Anna para uma entrevista.


© Saeki Anna - JaME - Didier CABOCHE
Depois de seu show na Maison de la Culture du Japon à Paris (Casa da Cultura Japonesa de Paris), a cantora e entusiasta do tango Saeki Anna conversou conosco sobre suas origens, viagens e expectativas para o futuro.


Poderia se apresentar para nossos leitores que ainda não a conhecem?

Saeki Anna: Sou Anna Saeki e acabei de fazer um show em Paris. Foi a nona vez que eu toquei nessa cidade em dez anos, e estou muito feliz por estar aqui na companhia dos meus fãs.

Quando e como você conheceu o tango?

Saeki Anna: Quando comecei a minha carreira como cantora, ouvia muitos tipos diferentes de música. Por acaso ouvi um trecho de um tango europeu chamado Il pleut sur la route (Chove na rua). Foi o meu primeiro encontro com o tango, e logo fiquei surpresa pela acústica do bandoneón, um instrumento parecido com o acordeón. A letra era nostálgica, às vezes triste, e falava de amor. Senti uma enorme paixão por esse estilo musical que inspirava tanta esperança. E não importa o quão novo e incipiente seja o gênero no Japão, achei que o tango seria agradável para minha geração e para pessoas mais velhas.

Foi isso que a conduziu a seguir uma carreira musical?

Saeki Anna: Não, eu já havia me decidido por uma carreira musical antes de conhecer o tango. A música sempre fez parte da minha vida desde que era criança. Eu não era profissional, mas tocava um pouco. Não planejava trabalhar com música, estava mais inclinada para a indústria da moda. Fui eleita Miss Sapporo em 1987, e isso foi o que provavelmente abriu para mim as portas do mundo do show business. Eu não esperava mesmo por isso, mas, graças a um amigo que me ajudou muito, consegui chegar lá.

Suas viagens por todo o mundo, as roupas que você usa no palco e até o jeito como você canta expressam um desejo de tornar a sua música universal. Essa mistura cultural foi uma das coisas com que você se preocupou no início da sua carreira?

Saeki Anna: Sim, cantar em países fora do Japão era um sonho para mim.

Há algum tempo parece que o Japão vem se tornando particularmente aberto a culturas estrangeiras. Vestimentas, comidas, música etc. estão expandindo seu impacto. Como você vê isso? Você acha que está contribuindo para isso de algum modo?

Saeki Anna: Em relação à música, o Japão foi muito influenciado pelo pop e o rock americano. No nosso país, existe um cultura tradicional característica de nossas raízes, e eu considero importante manter essa tradição mesmo enquanto nos adaptamos às culturas estrangeiras. Pessoalmente, ao mesmo tempo em que canto tango, canto em japonês, e isso me permite também atuar como uma ponte entre os diferentes países. Quando eu canto, tento transmitir minhas emoções por meio das palavras e também transmitir o meu amor. Fui bastante persuadida pelo meu público. Ele reagiu de forma parecida em todos os países em que estive. Eu realmente acho que a música não é definida pelo idioma, mas pelo amor.

Em dezembro de 2007, você gravou um álbum com Mercedes Sosa, uma cantora argentina popular na América Latina. O que a levou a cantar com ela e como você se sentiu durante essa colaboração?

Saeki Anna: Foi muito bom, fiquei muito feliz. Gravei meu álbum Concierto De Anna há dois anos e participei de muitas entrevistas para o encarte. Quando me perguntaram meu artista argentino favorito, respondi que era Mercedes Sosa. Respondi isso porque, quando gravei meu álbum Omoi, gostei muito de interpretar uma canção dela chamada Alfonsia y el mar (Alfonsia e o mar). Ela viu no encarte todo o respeito que tenho por ela e sugeriu que nos encontrássemos. Então cantei essa música para ela em japonês, e ela gostou muito. Aí nós cantamos no palco juntas diversas vezes, e foi isso que me deu a chance de gravar um álbum com ela.

Isso influenciou você em sua música?

Saeki Anna: Graças a ela, eu descobri no folclore argentino outra faceta da música argentina. Estava assustada no começo porque nunca havia cantado nesse estilo, mas uma pessoa muito importante para mim — Popi Spatocco, um famoso compositor e arranjador da Argentina — chorou quando me viu cantar. Isso me deu um pouco mais de confiança e me fez sentir confortável com a ideia de que podia cantar do meu jeito. Quando cantei Zamba Para No Morir (Zamba Para Não Morrer) na frente dele, misturando japonês e espanhol, ele me disse que, para ele, o que marcava eram as emoções e que o idioma não tinha tanta importância. Esse é o meu conceito de música.

Você já cantou para um público muito novo, de crianças e bebês. Como foi que aconteceu de você fazer esse show singular? O que você achou disso e como foi?

Saeki Anna: Eu tenho fãs de três ou quatro gerações diferentes agora, sabia? (risos) Até as crianças viram minhas fãs naturalmente. Às vezes elas chegam a ficar com inveja quando seus pais vão ver meus shows, enquanto elas não podem. É muito complicado para elas virem aos meus shows, então eu queria lhes dar uma chance de me ouvir ao vivo e me ver cantar no palco. Para mim foi muito engraçado ver a reação das crianças. Eram muito sinceras, animadas e nunca paravam de gritar "Anna! Anna!" (risos) Foi muito mágico ver que o tango não está só restrito aos adultos e que as crianças podem apreciar e desfrutar dessa música assim como seus pais.

Em seus concertos em Paris, você tinha um fã bem jovem, um menino de sete anos. Na segunda noite, ele lhe ofereceu um buquê de flores no palco. Foi um momento muito comovente. Como você se sentiu naquele instante?

Saeki Anna: Eric foi na primeira noite e perguntou aos avós se podia voltar no dia seguinte. Ele até perguntou se podia me ver no terceiro dia, mas não foi possível. Eu fiquei muito comovida quando ouvi isso. Ter fãs tão jovens me deixa tão feliz... eu tinha na Argentina também, mas na França foi a primeira vez. Eu acho que, graças a ele, pode ser que eu faça um show na França só para crianças assim como fiz no Japão. O que acham?

É realmente uma ótima ideia, seria definitivamente um sucesso!

Saeki Anna: Então conto com sua ajuda! (risos)

Você viaja muito e consegue encontrar públicos de diferentes nações. Quais são as diferenças mais notáveis?

Saeki Anna: Não tem tanta coisa de diferente... é difícil dizer. Eu acho os japoneses mais reservados, o que lembra um pouco os franceses naquela vez no MCJP (Maison de la Culture du Japon à Paris). (risos) Mas eu diria que os alemães e os argentinos são diferentes dos outros públicos porque fazem muito barulho com os pés e com a voz. É perfeitamente notável, mas, com o tempo, as diferenças diminuem e até os japoneses ficam muito barulhentos.

No curso da sua carreira, você contribuiu muito para a divulgação do tango pelo mundo todo, especialmente na Ásia, e isso une os povos. Qual vai ser seu próximo passo? Você tem outras ambições

Saeki Anna: Tenho muitos projetos para este ano. Neste mês, meu novo álbum será lançado na Argentina, e eu tocarei pela primeira vez na Colômbia e no Peru. Isso graças a um fã que foi a muitos shows meus em Nova York e contratou diversas pessoas na Colômbia com o interesse de que eu me apresentasse lá. Concluindo, irei mais uma vez a La Falda, na Argentina, para um festival e para gravar meu próximo álbum, Electric Tango que será uma experiência num universo completamente diferente dos meus estimados álbuns anteriores.

Uma mensagem para os seus fãs?

Saeki Anna: Vou continuar me esforçando ao máximo para transmitir minha mensagem de amor nos diferentes países que eu visitar. Se você não conhece o tango, venha explorá-lo comigo e também a minha nova experiência, o universo do folclore argentino. Pode ser que eu visite o seu país, então, por favor, venha me ver! Espero vê-los em breve.
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