Dir en grey no Terminal 5

A previsão do tempo indicava pancadas de chuva, mas isso não impediu que fãs dedicados acampassem na porta do Terminal 5, em Nova York, para ver a banda Dir en grey. Quase dois anos depois de sua última turnê americana, os animados fãs conversavam sobre o passado enquanto a fila continuava a crescer. Quando as portas estavam prestes a serem abertas, às 19:00, a fila já atravessava a rua, cruzava o quarteirão e dobrava a esquina. Mais de mil pessoas enchiam a casa de shows, alguns se amontoando o mais perto possível do palco, outros correndo para o estande de merchandise para comprar itens antes que eles esgotassem. No estande, os fãs perceberam que estavam tendo uma oportunidade rara - se comprassem o último álbum da banda, UROBOROS, naquela noite, os cinco membros o assinariam em pessoa no final do show. Era uma chance que a maioria não deixou passar.

Logo após as 20:00, as luzes da casa diminuíram. Gritos encheram o térreo e o mezanino quando a banda de abertura, The Human Abstract, apareceu no palco. Um piano suave foi acompanhado por batidas leves na bateria até os vocais poderosos começarem. A princípio, o público apenas balançou a cabeça ao som do que parecia uma balada punk, mas, na metade da música, a casa de shows foi agitada pela entrada dos dois guitarristas e do baixista, que transformaram tudo em uma confusão de metal. Luzes agitadas iluminavam o palco durante o set pesado da banda. Pedindo uma roda punk, os fãs obedeceram quando a banda perguntou "Vocês estão prontos para o Dir en grey?! Não foi alto o suficiente! Vocês estão prontos para o Dir en grey?!".

A tensão da casa cresceu enquanto a platéia esperava pela montagem do equipamento do Dir en grey. Os fãs não conseguiam conter seus gritos enquanto os roadies faziam seu trabalho. Uma imensa faixa caiu, cobrindo a parede do fundo do palco, com as palavras "DIR EN GREY TOUR 2008 The Rose Trims Again". Enquanto SA BIR soava nas caixas de som, a banda finalmente apareceu, um por um, sob a agitação da platéia.

Vestido com um agasalho marrom da Adidas, Kyo ficou sobre o amplificador de metal no centro do palco, e a banda começou OBSCURE. A roda punk que tinha acabado com o fim da apresentação do The Human Abstract recomeçou quando o palco foi banhado por luzes vermelhas. A acústica da casa era fantástica - os instrumentais e o vocal soavam incríveis de todos os ângulos.

Animados com a primeira música, uma faixa mais antiga, o público elevou suas energias a um nível mais alto quando DOZING GREEN começou. Nos primeiros versos, a voz reverberante de Kyo intensificaram a música ao vivo e toda a banda entrou no clima, jogando seus corpos com a batida. Tirando a jaqueta para revelar as detalhadas tatuagens em seu tronco, Kyo causou arrepios nos fãs, soltando gritos de congelar o sangue que fizeram o público ir ao delírio. Toshiya chacoalhava a cabeça tão violentamente que enroscou e puxou o cabo de seu baixo, e precisou da ajuda de um dos assistentes de palco.

Agitated Screams of Maggots foi a música seguinte. Die e Toshiya fizeram headbanging juntos, acompanhados pelas imagens de pessoas distorcidas mostradas ao fundo. Com Die gritando as letras em seu microfone, incitando Kyo a rugir o restante, os fãs iam para frente e para trás, jogando os braços para o alto enquanto cantavam juntos, "on your grave!". Quando a intensa música terminou, Kyo se sentou no amplificador enquanto Kaoru e Toshiya erguiam os braços em direção aos fãs, sob os aplausos excitados. Tirando um momento para recuperar o fôlego, a banda bebeu um pouco de água. Assistentes apareceram para reajustar o amplificador de Kyo, que havia saído do lugar em meio à agitação.

Após a pausa, o verso de abertura de DISABLED COMPLEXES soou. A platéia gritou freneticamente enquanto Kyo erguia os braços e começava a dançar, movendo os quadris de um lado para o outro e cantando junto com os fãs. Indo até o centro do palco, ele segurou o microfone com as duas mãos, gritando antes de dizer "New York!". Erguendo os braços, Kyo pulou de seu amplificador enquanto Die tocava sua guitarra tão rápida e violentamente que parecia que ia estourar suas cordas. Em silêncio, Kyo ergueu seu microfone e fez movimentos com os dedos para que o público cantasse o refrão com ele, e depois terminou a música.

O calor emanava da platéia conforme a roda crescia durante THE FATAL BELIEVER. O sistema de som produzia instrumentais esmagadores, fazendo com que o microfone soltasse guinchos agudos. Toshiya ergueu seu braço e o público gritou, enquanto Kyo começou com um haedbanging tão violento que o cabo de seu microfone se enrolou em seu pescoço. Terminando a música com uma pancada, Die levantou sua guitarra.

TOGURO levou a platéia ao delírio quando Kyo pulou no amplificador e agitou sua mão no ar acompanhando o ritmo lento antes de soltar seus vocais sob a luz azul. Os seguranças jogaram água em quem estava na parte da frente da platéia para refrescá-los, já que todos estavam agitando tanto que alguns acabaram desmaiando e tiveram que ser retirados de lá. Ainda dançando com seus braços, Kyo segurou as notas longas muito bem enquanto Kaoru trocava de guitarra para a música seguinte.

As luzes diminuíram quando Kyo parou no palco, a palma de sua mão pressionada contra seu peito para NAMAEKASHIKI ANSOKU, TAMERAI NI HOHOEMI. Todos podiam sentir a emoção e se fixaram em Kyo, olhando enquanto ele soltava o braço ao lado do corpo, permanecendo parado. Sob as luzes fracas, a fumaça do chão do palco se elevou até o teto, com Kyo se erguendo entre as luzes azuis e vermelhas, dando tudo de si em seus vocais. Com sua voz diminuindo, uma expressão vazia passou por seu rosto enquanto ele batia o microfone contra o peito repetidamente, até o fim da música.

O restante da banda fez uma pausa enquanto Kyo permanecia na frete do palco, em seu amplificador. Dobrado sobre o microfone, ele juntou as mãos e seu início a uma interpretação profunda de Agitated Screams of Maggots (Unplugged). O efeito de eco do microfone rodeou a casa de shows enquanto uma mistura de gritos e silêncio tomou conta da platéia, a apresentação de Kyo levando alguns às lágrimas com a emoção.

Quando Kyo caiu no amplificador, a música deu espaço a CONCEIVED SORROW. Permanecendo no mesmo lugar, ele pressionou o rosto contra as mãos e cantou enquanto o público batia palmas, acompanhando o ritmo. Com o palco iluminado por luzes vermelhas, Kyo saiu do amplificador, parou de cantar e caiu mais uma vez, agora na frente da bateria de Shinya, de costas para os fãs. Os outros membros continuaram sem os vocais de Kyo por algum tempo, até ele bater o microfone no chão e murmurar algumas palavras antes de se levantar e cantar o refrão acusticamente. Mais uma vez, alguns fãs foram às lágrimas, e o próprio Kyo chorou até a música terminar, cantando sozinho.

Uma música que se encaixou bem ao clima que se instalou depois dessa demonstração de paixão, THE FINAL foi a seguinte, soando como se Kyo caísse sobre seus joelhos mais uma vez, ainda emocionado. A platéia cantou junto o refrão, e fez outra roda punk. Gritando "I can’t live", Kyo ficou em pé sobre o amplificador mais uma vez e cantou a última nota da música, fingindo cortar seus pulsos enquanto as luzes diminuíam abruptamente.

Durante RYOUJOKU NO AME, gráficos que lembravam água passavam ao fundo. Movendo seus braços vagarosamente, Kyo os manteve erguidos para os lados, para depois levantá-los. Os seguranças jogaram água na platéia novamente, enquanto Die e Toshiya viravam de costas e se concentravam na bateria de Shinya para sua deixa. Cruzando os braços sobre a cabeça, Kyo dançou um pouco antes da música terminar.

Agarrando o microfone, Kyo esticou os braços para os lados mais uma vez, imitando Jesus na cruz em HYDRA -666-. Toshiya gritou no microfone, conforme a roda punk ficava mais agressiva. Em Merciless Cult, todos fizeram headbanging simultaneamente. Die e Kaoru gritaram o refrão em seus microfones juntos, até que Kyo caiu de joelhos. Erguendo os braços sobre a cabeça, Kyo parou de cantar e Toshiya colocou sua mão em formato de concha na orelha para escutar a platéia cantar no lugar de Kyo.

Agitando os braços no ar durante GRIEF, o público continuou cantando junto. Kaoru e Toshiya fizeram os backing vocals, até que Toshiya, Die e Kyo ficaram na beirada do palco e bateram palmas, encorajando a platéia a fazer o mesmo. Abastecidos pelas batidas aparentemente sem esforços de Shinya, fãs surfaram sobre as mãos da platéia até a música terminar.

Die chacoalhou a cabeça furiosamente durante THE DEEPER VILENESS. O corpo todo de Shinya tremia por causa do esforço que ele fazia para tocar sua bateria. Toshiya jogou os braços para trás e bateu nas cordas de seu baixo repetidamente durante REPETITION OF HATRED. Die e Kaoru ficaram de frente um para o outro, se encarando, enquanto tocavam em uníssono. No refrão, Kyo arrastou o microfone por seu braço como se fosse uma faca antes de pular no amplificador e agitar os braços no ar, cobrindo o rosto com as mãos e passando-as dramaticamente por seu corpo. Com a platéia indo à loucura, Kyo deixou o palco, seguido pelos outros membros.

Respondendo aos pedidos da platéia por um encore, a banda apareceu novamente e Die ergueu sua garrafa de cerveja, o que fez com que o público gritasse ainda mais. KODOU soou nas caixas de som enquanto as luzes do palco ficavam azuis e Kyo socava o ar com seu punho. Na parte instrumental da música, Kyo esticou os braços sob os gritos dos fãs. Soltando um grito de gelar o sangue em GAIKA, CHINMOKU GA NEMURU KORO, Kyo passeou pelo palco enquanto a platéia agitava os braços acompanhando as batidas da música. Com as luzes piscando loucamente, a banda tocou SAKU, com o grotesco vídeo da música sendo mostrado ao fundo. Em CLEVER SLEAZOID, o público cantou o refrão com entusiasmo. Os movimentos de Die e Toshiya no palco combinavam tão perfeitamente que pareciam uma coreografia. Após um longo set, Kyo finalmente gritou "Last song! Last song!".

Mais fãs passearam pelas mãos de outros membros da platéia durante a última música, THE IIID EMPIRE. Tanto a banda como o público chacoalharam a cabeça tão forte quanto conseguiam durante o refrão. Kaoru, Toshiya, Kyo e Die se aproximaram da beirada do palco e Kyo gritou "Pulem! Pulem!" repetidamente, movimentando as mãos até que todos estivessem pulando. Die apontou o braço de sua guitarra para os fãs que assistiam do andar de cima, enquanto Toshiya derrubava o pedestal de seu microfone com o baixo e embaraçava o cabo, precisando da ajuda de um assistente de palco. Quando a música terminou, os membros ficaram na parte da frente do palco e esperaram por Shinya para sua deixa final. Deixando seus instrumentos de lado, a banda acenou para o público enquanto saía do palco, mas a noite ainda não tinha terminado.

Os fãs que compraram o lançamento americano de UROBOROS formaram uma fila nos corredores e escadas da casa de shows para um último momento especial com a banda. Pela primeira vez em anos, os cinco membros do Dir en grey se sentaram em uma mesa no segundo andar da casa de shows, ao lado das escadas principais, para uma sessão de autógrafos. Enquanto os membros cumprimentavam cada fã com um sorriso e um "olá", eles assinavam o encarte de UROBOROS, alguns apertavam as mãos dos fãs e outros até conseguiam trocar algumas palavras na pressa para que todos pudessem ter seus CDs autografados. Mais de uma hora depois do final do show, todos tinham passado pela fila e voltado para o andar de baixo, olhando para seus exemplares assinados enquanto saíam da casa de shows. Essa foi uma noite que ninguém esquecerá tão cedo.

Set list

SE. SA BIR
01. OBSCURE
02. DOZING GREEN
03. AGITATED SCREAMS OF MAGGOTS
04. DISABLED COMPLEXES
05. THE FATAL BELIEVER
06. TOGURO
07. NAMAEKASHIKI ANSOKU, TAMERAI NI HOHOEMI
08. AGITATED SCREAMS OF MAGGOTS -UNPLUGGED-
09. CONCEIVED SORROW
10. THE FINAL
11. RYOUJOKU NO AME
12. HYDRA-666-
13. Merciless Cult
14. GRIEF
15. THE DEEPER VILENESS
16. REPETITION OF HATRED

Encore
17. KODOU
18. GAIKA, CHINMOKU GA NEMURU KORO
19. SAKU
20. CLEVER SLEAZOID
21. THE IIID EMPIRE