Após quatro anos com somente a gravação em tributo à
Elis Regina para acalmar a sede dos fãs, a dupla de jazz fusion
orange pekoe finalmente retornou com trabalhos originais. O sétimo álbum,
Oriental Jazz Mode, é ambicioso e combina estilos musicais do norte da África e da Ásia com sua marca registrada de música latina e jazz, e foi lançado em 23 de outubro.
Apesar de as afirmações sobre ser uma mistura do oriental e do exótico, esse álbum, na realidade, contém mais melodias de jazz clássicas do que os dois anteriores, que eram muito mais enviesados ao som latino. A faixa introdutória
A Seed Of Love demonstra isso, apesar de ser embelezada com muitos toques de música mundial. Em seu centro está uma gloriosa melodia de jazz com muito balanço e estilo. Ela possui a combinação de baixo clássico duplo, instrumentos de sopro e piano, alguns solos brilhantes e até mesmo alguns momentos curiosos cheios de tensão de espionagem e intriga. O vocal da cantora e letrista
Nagashima Tomoko está forte e vibrante como sempre. Cordas do Oriente Médio e momentos de percussão percorrem sem problemas os instrumentos mais típicos, manipulados em perfeita harmonia pelo guitarrista e arranjador
Fujimoto Kazuma. O som é, na verdade, bastante similar aos temas ouvidos em seu trabalho solo. É uma preparação magnífica para o resto do álbum.
Há mais exemplos de jazz de ritmo lento do que no estilo animado da canção de abertura.
Tsuki no kobune é uma música tranquilizante de jazz suave e valsa. Com uma bateria delicada e pincelada e trombetas brilhantemente suaves por trás dela,
Tomoko profere o que deve ser a sua melhor performance vocal até o momento - como veludo líquido, seus lindos tons evocam a época de
Astaire e
Rogers com absoluto refinamento.
Foggy Star é similarmente suave, mas possui mais pulo e balanço. Aqui,
Kazuma demonstra alguns improvisos de violão inspirados. A faixa acústica
A New Song traz elementos de ritmo e blues para uma experiência jovial que é a que soa mais mainstream de toda a coleção. Se fosse tocada em uma configuração não-acústica não ficaria deslocada em nenhum álbum pop.
O aspecto "oriental" deste lançamento é mais evidente em certas faixas. O silêncio gentil de
Kaze no kioku transporta o ouvinte a uma noite estrelada e deserta com sua batida característica de bateria asiática e harmonias calmas. As batidas africanas realçam a sonhadora
SIRIUS no inu, uma jornada fantástica ao desconhecido. A mística e obscura
Toudai, cheia de acordes menores e violinos árabes deslizantes, é a faixa mais intrigante do álbum.
Desert Dance, escrita de modo soberbo, é um balanço perfeito de jazz funk, samba e complexidade árabe que a faz vigorar com a vivacidade e tempero de um mercado árabe movimentado.
A dupla retorna com seu notável estilo latino para a alegre
FLOWER, que é mais típica de seu estilo ouvido em trabalhos anteriores. Escrita em colaboração com a ética companhia de beleza
THE BODY SHOP, é uma faixa carnavalesca viva e rítmica que celebra completamente a vida. A guitarra latina interminável e complicada merece elogios especiais por elevar o arranjo de bom para magistral.
Parece que qualidade é algo que sempre vale a pena esperar, e
Oriental Jazz Mode certamente é um exemplo disso. A banda subestimada trabalhou muito para nos dar algo novo e atrativo ainda mantendo as características do
orange pekoe.
Tomoko parece ter usado a pausa de quatro anos para aprimorar as habilidades de sua voz já impressionante e sobressair-se no departamento vocal.
Kazuma permanece inigualável em sua habilidade de produzir as composições mais bem sucedidas e únicas em seu gênero, e até mesmo em toda a música moderna japonesa. A única reclamação sobre o álbum é que, no geral, faltam faixas mais energéticas, como se estivesse dominada por contribuições mais tímidas. Porém não há dúvidas, o que há é pura classe. Esperamos que a dupla não nos deixe esperando por tanto tempo para seu próximo lançamento.
É possível assistir ao PV inteiro de
FLOWER a seguir: