Entrevista

Entrevista Exclusiva com o Miyavi

12/06/2008 2008-06-12 12:00:00 JaME Autor: Xper, Gaga-Kun & Z

Entrevista Exclusiva com o Miyavi

Após o segundo show do artista Miyavi no Brasil, o JaME teve um tempo para conversar com ele sobre seus sentimentos em relação ao seu trabalho, à cena visual kei, e expectativas futuras.


© miyavi / PS Company / JaME
Após o ultimo dos sete shows na América e uma agenda extremamente corrida, todos estavam exaustos. Mesmo assim, nós fomos gratificados com a oportunidade de sentar e ter uma breve conversa com miyavi. Entre outras coisas falamos sobre seus mais recentes trabalhos e a experiência única dessa turnê pela América do Sul. Era um dia de sol, e por volta da hora do almoço, todos da equipe e, sobretudo, miyavi estavam sorrindo bastante, parecendo satisfeitos por tudo que experimentaram.

A pedido do próprio miyavi a entrevista foi feita em inglês. O artista se esforçou ao máximo para tentar entender nossas questões e expressar seus sentimentos da melhor forma possível, mesmo não sendo sua língua nativa. Seu inglês era de fato bastante bom, e não tivemos problema algum durante toda a entrevista!


Em primeiro lugar, muito obrigado por tudo. Assim que anunciamos as primeiras datas da turnê THIS IZ THE JAPANESE KABUKI ROCK TOUR 2008 no JaME, alguns meses atrás, em pouco tempo nosso website acabou saindo do ar por causa de tantos acessos. Essa foi a primeira vez que isso aconteceu em toda história do JaME. Então, muito obrigado, você fez nosso site ainda mais popular!

Miyavi: Ohh... Muito obrigado!

Você anunciou que nessa turnê você gostaria de quebrar diversas barreiras: linguagem, raça, gênero... É esse o grande propósito de toda a turnê? E depois de sete shows, cinco cidades e três países, você acha que conseguiu alcançar esse propósito?

miyavi: Sim, esse é um dos meus propósitos. Quebrar barreiras e coisas assim. E agora, depois de ter visitado três países eu vejo que ganhei muitas coisas... Eu acho que quando eu estou lá, em cima do palco, a coisa mais importante é passar meus pensamentos, entregar meus sentimentos e minhas emoções através de minha música. Então, agora eu vejo como apesar de existirem tantas línguas e culturas, eu pude conferir que isso, no final, não é o que importa.

Então, sim, mesmo no Brasil, ou Chile, ou nos EUA, os fãs estavam cantando minhas músicas em japonês. E eu os respondia em inglês. E tinham muitas línguas como o Português e o Espanhol envolvidas... Eu acho que o importante é tentar entender cada um.

E você acha que no final das contas você conseguiu alcançar os objetivos que queria?

miyavi: Sim, sim! Eu posso dizer que sim.

Nos shows do Chile e do Brasil, você estava esperando aquele tipo de platéia? Aquele tipo de reação da platéia? Ou foi uma surpresa total pra você o fato dos fãs da América do Sul gostarem tanto de sua música?

miyavi: É claro que eu esperava achar pessoas bastante entusiasmadas. Mas foi muito mais do que eu esperava! Eu não achava que eles iriam cantar minhas músicas em japonês! E eles cantaram a maioria das músicas em japonês, então eu fiquei surpreso... Ao mesmo tempo, havia muita força, muita energia emanando deles, e foi por isso que nós conseguimos superar o cansaço de tantas viagens... E na realidade, depois do primeiro show no Brasil, eu peguei um resfriado e minha garganta doía muito, e eu fiquei muito nervoso em relação ao segundo show. Mas eu consegui dar um jeito e toquei ainda melhor do que o normal. Graças à força dos fãs, eles são muito entusiasmados e enérgicos, e isso me ajudou muito.

Você diz que é um artista visual kei. Contudo, você é um artista visual kei diferente dos outros, você tem influências do rap e músicas tradicionais, hip-hop e jazz, muitos estilos diferentes. Você acha que outros artistas de visual kei devem seguir essa linha criativa?

miyavi: Eu acho que não, eu acho que não. Esse é o meu jeito. Existem muitas outras formas, este é só meu estilo. Eu achei que tinha que criar algo original. E hoje em dia, o visual kei no exterior está ficando tão comum, tão normal, e todos eles se parecem. Eu não gosto disso. Eu não quero fazer algo que alguém já fez antes. Isso é o que eu estou querendo fazer, sabe, fundar novos terrenos.

É mais ou menos isso que a música Sakihokoru Hana no You ni quer dizer, não é?

miyavi: Isso, isso, algo assim. Sabe, essa música é como minha vida toda, o jeito que eu vivo; o que eu ganhei até hoje, eu ganhei de toda minha vivência, o jeito que eu vivi até hoje. Então... Eu também sinto orgulho de ser um artista de visual kei. Atualmente na indústria musical japonesa, tem muitas imagens distorcidas que criam preconceitos sobre o visual kei, por termos que colocar maquiagem.

Pois nós somos artistas, antes de sermos músicos. Somos artistas. Sou eu, eu estou tentando expressar meu estilo através de minha aparência, minha performance, e música, tudo isso, não só música. Isso tudo é a minha vida. Mesmo enquanto estou aqui dando uma entrevista, eu sou miyavi. E é por isso que eu sempre estou legal. Mesmo enquanto eu estou no aeroporto, tomando uma cerveja com alguém, conversando, eu estou tranqüilo, sou sempre miyavi.

Então, eu estou cantando minha vida.

Você é um artista major. Contudo, em suas músicas, você canta sobre assuntos pouco convencionais. Alguns deles que inclusive não são muito bem vistos pela sociedade japonesa. Você fala sobre coisas que são difíceis para eles entenderem e aceitarem. Você quer quebrar barreiras e velhos tabus também no Japão?

miyavi: Bem, é claro. Sim, sem dúvida. É por isso que eu tenho esses membros na minha banda. Quer dizer, eles são da cena underground, mas todos tem muitas habilidades, são loucos, maravilhosos e talentosos artistas. E foi por isso que eu os procurei, eu queria exibir suas inusitadas habilidades para todo mundo.

Nós conversamos com o Saro, o sapateador da banda sobre suas performances no RISING SUN ROCK FESTIVAL, Ryo é um baterista bastante renomado, e Shige-chan que também tem a banda Kobose com um estilo totalmente diferente... Levando em conta tudo isso, você acha que os KAVKI BOIZ estão agora adicionando algo novo para você? Misturando seus estilos, e indo mais e mais na direção que você queria?

miyavi: Sim, sim. É exatamente isso. Obviamente eu estou sendo influenciado por eles, e da mesma forma eu estou os influenciando. É por isso que eu os escolhi. Eu os respeito muito. Eles são, você sabe, de estilos completamente distintos... Então, bem, nós não ligamos muito pra tudo isso. Estilos diferentes, jeitos diferentes... Nós nos ligamos através da música.

É muito bom saber que você tem alcançado esses objetivos. Você é provavelmente o primeiro artista que já conhecemos que tem um sapateador na banda, o que adiciona ainda mais elementos para o show... E foi até mais difícil do que imaginávamos realizar esse concerto, porque é tudo muito incomum. Então parabéns por isso.

Miyavi: Sim, é muito difícil mesmo. É por isso que acabamos enfrentando muitos problemas. Mas, como eu te disse antes, eu não quero fazer algo que alguém já tenha feito antes, eu quero criar um estilo novo.

Então, você pretende continuar com os KAVKI BOIZ de agora em diante, ou tentar algo diferente no futuro?

miyavi: Eéé... essa é uma pergunta realmente muito boa (risos). Hummm. Eu não posso responder com certeza isso, porque eu estou sempre mudando. É claro que eu os respeito muito, mas também quero continuar com o meu estilo. Mas ainda não sei... eu só farei o possível para ser eu mesmo.

Você também trabalhou com SUGIZO na música Hi no Hikari sae Todokanai Kono basho de. Como foi trabalhar com ele? E como você está se saindo lidando com grandes artistas como os do S.K.I.N., e outros da cena musical japonesa?

miyavi: Foi legal, foi muito legal! Ele toca sua guitarra e tudo... Eu o convidei como um guitarrista porque eu tinha certeza que ele está em seu estilo próprio, você me entende? E o estilo dele é totalmente oposto ao meu, quero dizer, meu estilo de tocar é mais agressivo e usando o microfone, o dele é mais harmônico e melódico. Eu o respeito muito, e nós somos, um o oposto do outro e vice-versa entende? Esse tipo de coisa. Por isso que foi muito bom tocar com ele.

E também, eu quis ser um membro do S.K.I.N. porque eles montaram uma indústria a partir do visual kei. Eles são inventores, pioneiros. É por isso que eu estou muito muito honrado em ser um membro do S.K.I.N.. Contudo, ao mesmo tempo, eu percebi que tinha que fazer novos sons, como um artista dessa geração.

Então, poderíamos dizer que você também estaria aprimorando ao S.K.I.N., certo?

miyavi: Sim, sim. É por isso que estou misturando meu atual estilo e cultura, com esses hip-hop, e jazz, e todo o resto. E o estilo visual kei.

Você não quer acabar perdendo seu estilo 'visual kei' então?

miyavi: Sim, sim, é uma coisa importante... Você sabe, é bastante fácil desistir do visual kei. Agora eu sou visual kei, e popular, um artista pop. E agora no Japão, especialmente no Japão, é muito mais fácil ser famoso sem ele. Porque visual kei tem uma imagem bastante ruim. E ainda... sim... tem uma imagem em sua maior parte ruim. Mas eu estou certo que é importante para mim continuar sendo quem eu sou, como um artista de visual kei.

A platéia de visual kei é bastante específica, eles não se misturam com outras platéias. Você quer alcançar estas outras platéias no Japão, ou, por agora, está se focando na de visual kei?

miyavi: Não... Quer dizer, eu apenas não foco minha platéia. Eu não tenho uma específica platéia em particular... Sabe, eu não me importo sabe?

Seja quem for que goste de suas músicas?

miyavi: Sim, todos no mundo. Mas eu sei que eu irei manter meu estilo, e é isso que é importante.

Bem, você é um dos mais jovens e mais influentes ídolos trazendo cultura urbana japonesa para o ocidente, como moda, música e comportamento. Tudo isso foi popularizado pela internet. Você é um artista que foi promovido por trocas de downloads, e comunidades na internet. Agora você tem inclusive um famoso MySpace e um blog, você pretende trazer mais disto para a internet, como iTunes por exemplo, ou você pretende começar a trazer material oficial para serem comercializados?

miyavi: Ooooh, sim, sim. Claro que eu quero isto. Na verdade não apenas produtos, que alguém teria que fazer, mas eu quero ter uma conexão forte com meus fãs no exterior pela internet.

E sobre seu fã clube, o Co-Miyavi, vários artistas estão trazendo os seus para o ocidente. Você acha que isso é possível?

miyavi: Claro, você sabe. Sim, eu gostaria.

Agora você pode notar que há bastante fãs no Chile e no Brasil.

Miyavi: Sim, tudo é possível. Mas você sabe, gerenciar e cuidar de um fã-clube é bem difícil. Eu tenho este fã-clube na Coréia e em Taiwan, e é bem difícil você sabe, para gerenciar isto em outros países. Mas sim, vale tentar, há tantas pessoas que escutam minha música!

Então, depois da turnê, você pretende fazer mais álbuns, continuar com o S.K.I.N., ou alguma outra coisa?

miyavi: Depois de toda a turnê?

Sim. Toda a turnê...

miyavi: Ahh... Eu acho que eu vou sim lançar algum álbum ou single. Na verdade, por agora, eu vou apenas estar no Japão, esperando para ir para a Europa.

E você vai estar trazendo alguma coisa destas turnês para esses lançamentos? Como alguma coisa das culturas brasileiras ou chilenas?

miyavi: Claro, claro, tudo que eu ganhei durante a turnê, afeta a maneira como eu crio minhas músicas.

Um pouco fora do assunto. Recentemente houve o hide memorial summit. Você não pode comparecer porque, obviamente, estava preocupado com a turnê e tudo mais. O JaME realizou uma série de entrevistas com muitos artistas japoneses, pedindo a eles para falar um pouco sobre como o hide foi especial para eles e como influenciou seus estilos. Nós vimos que você fez um comentário em seu blog sobre o assunto, e também descobrimos que você já disse que ele era um dos seus artistas preferidos... Bom, você poderia também deixar um pequeno relato ao JaME sobre este assunto?

miyavi: Então... Claro que, você sabe, no meu estilo musical, eu fui influenciado por ele. Mas, mais do que tudo, no jeito que eu vivo, no jeito de se ter relação com os fãs. Na verdade eu estou apenas tocando minha guitarra, em um estilo completamente diferente, mas eu respeito ele como artista, como um ser humano, e você sabe, pelo jeito que ele se relacionava com os fãs, isso me influenciou muito.

Ele também estava tentando quebrar regras, barreiras, então, é por isso que nós somos responsáveis. Nós somos responsáveis por continuar obtendo sucesso, por continuar a opinião dele, o seu ideal, é isso que eu estou tentando. Mas não só isso, claro que não, eu fui influenciado por vários artistas, mas é, assim que foi.

Então, para acabar, gostaria de deixar uma mensagem, para todos no Brasil e no Chile?

miyavi: Primeiro, bem, obrigado a vocês caras por tudo. É só que, sem o trabalho de vocês, eu não poderia vir, eu sinto que não teríamos como ter feito isto acontecer. Então... Eu estou honrado em ser o primeiro artista de Jrock... sou?

No Chile.

miyavi: Ahn... ALGUÉM VEIO?

Sim. Charlotte... Sharurotto, uma banda de oshare kei.

miyavi: (um momento de silêncio) De qualquer jeito... (risos) Eu estou honrado em estar aqui, sim...

E eu também gostaria de agradecer aos fãs da América do Sul. Eu sempre irei a todos os lugares que puder, mas eu ganhei muitas coisas dessa turnê na América do Sul. Eu estou realmente impressionado, com vocês, o ambiente, a energia... Valeu realmente a pena, eu estou realmente surpreso. Foi incrível... Vocês me fizeram feliz, e me fizeram compreender que as diferenças, sejam linguísticas ou culturais, não importam. Nós podemos fazer isso acontecer, nós podemos vencê-las.

Então, eu espero que eu possa voltar logo, por volta de Fevereiro, para o carnaval...

(risos) Por favor venha, ficaríamos honrados!

miyavi: Eu quero sabe mais sobre a cultura, sobra a América do Sul, Brasil e Chile... Bem, eu me diverti enquanto estive por aqui! Portanto, obrigado!

Nós é que agradecemos!

Fotos do show no dia 23
Fotos do show no dia 24

O JaME gostaria de agradecer imensamente a PS Company, a Maru Music e a Yamato Comunicações e Eventos por esta extraordinária oportunidade.
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