SUGIZO - ENOLA GAY

O guitarrista e músico versátil SUGIZO tem sempre escrito sobre seu desejo pelo fim da guerra ao redor do mundo, por exemplo, em No More Machine Guns Play the Guitar e em seus trabalhos em sua banda anterior, The FLARE. O novo single digital ENOLA GAY, lançado em 15 de agosto, não é exceção. Ele foi originalmente tocado em seu show em 2008, ~RISE TO COSMIC DANCE~ no Shibuya AX, mas certamente não foi coincidência que não tenha sido lançado até três anos depois, em um momento de crise nuclear no Japão, e que tenha surgido por seu próprio mérito. Enola Gay é o nome da primeira aeronave a jogar uma bomba atômica como arma de guerra, e notavelmente o fez em 1945, para devastar a cidade de Hiroshima. 15 de agosto também é significativo como a data da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial.

O single é, não excepcionalmente, dominado pela guitarra elétrica. Há um reverb¹ reverso e um arrastado loop² sintetizado no início, dando-lhe uma qualidade surreal. Pesados, surdos baques de guitarra em toda a parte periodicamente, dando à faixa uma insinuação agressiva. Juntamente com um profundo baixo sintetizado e algumas batidas similarmente viciosas, inicialmente tem uma espécie fria de hostilidade. A gritante guitarra solo toma a melodia principal, cantando fortemente contra o fundo escuro com mais humanidade assim como dor. A vocalista russa ORIGA também aparece, e suas contribuições sem letra soam como uma prece. O tom da peça desloca para algo completamente mais esperançoso quando ela aparece – SUGIZO acompanha o vocal com uma clara, repetida melodia de guitarra elétrico-acústica, do mesmo modo como ele frequentemente utilizou em seus trabalhos anteriores, como Le Fou e LUNA. Alterna repetidamente entre o mecânico, o rock pesado e a elevação improvisada de ORIGA. Os dois estilos acabam se entrelaçando no final, com a batida fria, a guitarra chorosa de SUGIZO e o crescente, ondulante vocal fundindo-se para acabar em um tom mais otimista. O próprio SUGIZO disse que muda “para uma forma de dubstep³” e, embora possa emprestar alguns dos ritmos e o baixo deste gênero, fica assegurado que é completamente menos pesado que a maioria dos dubstep.
^{1 Um efeito reverberativo produzido em músicas gravadas através de meios eletrônicos ou o próprio meio para produzir este efeito eletrônico. Dispositivo para criar acústica artificial.
2 Neste caso, refere-se ao movimento “circular” de repetição de certo tema da parte sintetizada da melodia da música.
3 Dubstep é um gênero de dance música eletrônico original de Londres.}

A descrição que tem acompanhado o lançamento do single afirma que é um “Réquiem criado por uma canção de salvação que vai além dos gritos de dor.” Ela resume a mensagem bem. Desde que a música apareceu pela primeira vez no show de 2008, os fãs expressaram sua ansiedade para que fosse lançada em alguma forma. Agora que finalmente foi, é fácil de ver por que ela reuniu tantos seguidores. A justaposição pungente de luz e escuridão é uma peça habilmente organizada e uma mensagem emocional.