Resenha

Holy Grail

07/11/2011 2011-11-07 06:09:00 JaME Autor: Shin

Holy Grail

A mais nova experiência musical do Versailles.


© Versailles -Philharmonic Quintet-
Álbum CD

Holy Grail (Regular Edition)

Versailles

Após o lançamento do single Philia, comentei pessoalmente com um de meus amigos a seguinte frase: “Prepare-se, KAMIJO está preparando uma surpresa deliciosa para os fãs. Não pode parar aí. Eles tão aprontando alguma.” Bom, eu não estava totalmente enganada.

O Versailles – Phillarmonic Quintet – vem apresentando uma ascensão desde sua estreia major, o que ficou mais evidente com o lançamento de Jubilee. As qualidades da banda todos sabem: solos extremamente elaborados, requintados e únicos; bateria e baixos redondos, entrosados e um vocal bem colocado. A banda requer em suas composições elementos que voltam aos séculos XVIII e XIX, compreendendo o barroco e o romântico, à França, como bem denota o seu próprio nome.

Holy Grail, apesar de trazer uma ótima expressão dos minuetos franceses em MASQUERADE, mesmo que seu compasso seja quaternário em vez de ternário (usual aos minuetos); contudo, destoa um pouco essa imagem. O álbum em si é bom, mas não é melodicamente sintonizado como foi Jubilee. O álbum anterior se completava do começo ao fim, este, porém, apresenta elementos bastante distintos, tornando quase confusa a sua compreensão como um todo.

Este álbum traz um elemento novo, uma surpresa bastante agradável, Thanatos, primeira composição de MASASHI, baixista que acompanha a banda desde a última turnê dos meninos. Ele segue a linha HIZAKI e KAMIJO e envereda para o barroco, com o canto gregoriano no começo e tons menores. Os solos de guitarra lembram um pouco DREAM THEATER e toda a sua sonoridade teatral. Versailles tem disso, querer nos passar o sentimento, o que está sendo dito na letra através da melodia, da harmonia; e isso se apresenta fortemente nessa canção que traz a agonia que um acordo com o Diabo pode carregar. Thanatos ainda força o vocalista, explorando sua extensão entre baixos e agudos, fazendo com que KAMIJO requisite seu vibrato algumas vezes e quase cometa deslizes nos agudos. O ritmo também é aparentemente novo para YUKI que, como sempre, apresenta as viradas no tempo certo, organiza bem seus contratempos e explora de forma formidável seu bumbo duplo.

Thanatos, assim como quase todas as atuais músicas da banda, traz a presença forte do baixo. O baixo de Jasmine You era mais doce, já MASASHI é mais agressivo, exige sua presença e parece dançar como uma serpente, maleável, se encaixando na música, se abraçando a bateria. Essa é uma das músicas em que KAMIJO mais trabalha, sendo uma das mais difíceis para ele. Ao vivo, talvez, ele tenha algumas dificuldades em apresentar os agudos. O problema é que a voz de KAMIJO é baixa e para dar esses agudos “do nada” se torna bastante difícil. Desde o LAREINE é possível observar uma ascensão na qualidade vocal dele, provavelmente resultado de vários trabalhos vocais. E apesar da extensão que ele apresenta, nesse álbum e no anterior, KAMIJO parece estar apresentando certa dificuldade em algumas notas, o que talvez mostre um limite. Outro fator, até surpreendente, foi o fato de KAMIJO chegar a quase desafinar nesse álbum, o que não é usual.

TERU contribuiu com duas composições para esse álbum, a instrumental e sombria Threshold e a animada Flowery. O guitarrista apresenta um raciocínio melódico um pouco diferente do vocalista e de HIZAKI. O jovem príncipe tende a ser menos romântico e menos barroco em suas músicas e mais jovial, alegre e desprendido. Tende, pois a oitava faixa do álbum não é bem assim. TERU nos entrega uma melodia que mais lembra uma fuga desesperada. Ela é o prelúdio para Judicial Noir, que leva a assinatura de HIZAKI, com todos os seus questionamentos. Flowery e seu ritmo animado nos brindam com solos vibrantes, rápidos e muitas exigências à YUKI. Parece o coração de uma pessoa a palpitar quando encontra o objeto de seu desejo pela primeira vez e tem apenas aquela chance de estar com ela. Flowery é mais sobre o desejo corrente no momento em que se encontra e se conversa, do que sobre o desejo posterior; uma confissão de amor a uma dama de vestido vívido.

Falando em confissões de amor, Love will be born again foi bastante criticada por motivos adversos à melodia. A pronúncia de KAMIJO parece ter deixado a letra difícil a alguns fãs, mas esta música é um ponto a parte na história da banda. Ela é toda em violão, o que lembra o ambiente dos trovadores (artistas oriundos do sul da França, presente na lírica medieval), contadores de história por assim dizer, que usavam seus alaúdes para entoar cantigas. Alguns inclusive dizem que essa música remete ao LAREINE, o que não é difícil visto que é uma composição de KAMIJO, que sempre apresenta suas letras de amores platônicos, quase lembrando os românticos de segunda geração, como Lord Byron. Mas é uma primeira vez ao Versailles e traz um toque de ternura a um álbum tão vívido e forte como Holy Grail.

Seguindo essa linha romântica ainda, KAMIJO compôs também DESTINY – THE LOVERS –, que já tinha sido lançada em um single homônimo. A música traz uma grande abertura clássica, que chega a lembrar Tchaikovsky, e pianos por toda sua extensão. Nisso também entra The Theme of Holy Grail, que fecha o CD. Ouso dizer que sua introdução clássica se assemelha, em alguns acordes e passagens, a DESTINY, mas ela é mais uma música independente do álbum. Fecha de forma harmoniosa, mas não estipula uma conclusão lógica ao mesmo. DESTINY também me fez lembrar um pouco LAREINE em suas primeiras estrofes, mas com uma colocação vocal melhor. Inclusive, KAMIJO está brilhante nas notas altas, alcançando um agudo bastante difícil no final em um momento de crescendo da música.

Quebrando completamente a tendência romântica, KAMIJO apresenta mais duas composições, Vampire e a genial MASQUERADE. Apesar de a primeira a música seguir o intuito de amor inaceitável, o ritmo é mais agressivo, violento, impositivo, o que combina com a direção que a letra aponta. Em Vampire, o eu-lírico parece cansado da realidade daquele amor, e expõe sua natureza bruta, sedenta e possessiva em, talvez, uma tentativa desesperada de reverter a situação ou simplesmente mandar tudo para o inferno de uma vez. Vampire apresenta cravos, elemento claro do barroco, mas também apresenta riffs pesados de guitarra, criando uma atmosfera ainda mais sombria.

MASQUERADE abre o álbum e expõe em parte as mudanças atuais da banda. Há um solo impecável, estiloso de MASASHI como que firmando seu espaço dentro do grupo, além da bateria cada vez mais bem explorada de YUKI. A técnica e velocidade de HIZAKI são impressionantes também. Esse é um dos PVs mais bem construídos, pois aborda bastante a atmosfera da música e remete a uma das práticas clássicas da corte francesa do século XVIII, os bailes de máscaras. A música passa todo o mistério, sensualidade por trás da dança presente nos minuetos, que em parte é explorado no refrão em compasso quaternário.

Já conhecidas antes deste álbum, Philia e Judicial Noir são assinadas por HIZAKI. A primeira apresenta uma coleção de solos bem arranjados, bem sintonizados e criativos, com o ritmo sempre para cima, cadenciado. HIZAKI parece ter todo o sentimento da música em seus dedos, puxando as cordas, passando uma sensação de sufoco e dor. O final dessa música foi muito bem construído, a virada de bateria antes do último refrão é bem encaixada, e mesmo com suas pausas é encorpada, não deixando a música perdida e sem ritmo. Para falar a verdade, eu não sei muito descrever o final dessa música, é tanta emoção junta pela conexão entre os instrumentos, que eu me perco, eu paro para sentir. Fato é que essa música mostra meio que uma supremacia de todos os instrumentos, uma união absurda. A bateria sustenta o ritmo, enquanto o baixo dá liberdade para ambas às guitarras guiarem os solos e KAMIJO fecha tudo com uma voz poderosa, imponente. Judicial Noir é uma das músicas mais fortes do álbum, combinando nisso a bateria, guitarra e baixos. A música não perde seu ritmo do começo ao fim, e mais uma vez os guitarristas abusam da criatividade nos solos, sendo prontamente seguidos por YUKI e MASASHI. O vocal, contudo, deixa a desejar em certos momentos, com KAMIJO sufocando em certas partes.

Remember Forever é a composição mais repetitiva do álbum. Apesar das diferenças entre os instrumentos, a música não muda muito sua linha melódica do começo ao fim, apenas surpreendendo na hora em que todos param exceto pela guitarra que continua levando a música. KAMIJO força bastante nessa faixa também, não sustentando tão bem os agudos e abusando do vibrato em função disso. DRY ICE SCREAM!! [Remove silence] é sombria, apresentando vários efeitos desde distorções nas guitarras até efeitos nos vocais. É bem diferente das habituais composições de HIZAKI, não pelos solos, mas pela atmosfera da música, que acompanha a letra, dando uma sensação de obscuridade.

A mais longa da vez é Faith & Decision que começa onírica, remetendo a um conto de fadas, com os sininhos que permanecem durante toda a música. A linha melódica é encaixada, fazendo com que o ouvinte se perca nela e só se toque mesmo que é uma canção quando KAMIJO começa a cantar. Contudo, é uma melodia para pessoas que gostam de solos de guitarras longos, introduções elaboradas, mais puxadas para o estilo progressivo porque ela chega a ser cansativa para quem não está acostumado ou não gosta. É uma canção bastante particular justamente porque HIZAKI puxa muito para as linhas das guitarras e para a sonoridade de MASASHI. Diferente de God Palace -Method of Inheritance-, do álbum Jubilee, cujas mudanças de ritmo são mais acentuadas, F&D apresenta mudanças mais sutis, puxadas hora por YUKI hora por KAMIJO. A música inclusive apresenta solos de violão que em seguida meio que introduzem uma batida e sonoridade medieval, apostando nos tambores surdos da bateria para logo em seguida voltar com tudo nas cordas aceleradas e na bateria cadenciada. Os contracantos também são um toque especial, dando uma sonoridade muito bonita, encantando ainda mais os refrãos.

Holy Grail tenta se amarrar entre suas músicas, apresentando os Descendentes da Rosa e uma história de amor, mas acaba pecando por sua falta de continuidade. Mesmo assim, se mostra um álbum muito bem montado, pois suas músicas em si são amarradas em letra, harmonia e melodia, fazendo sentido em seus próprios universos. Suas melodias encaixam com suas respectivas letras e a harmonia do grupo não se perde dentre diferentes composições e novos compositores, como MASASHI. A banda mostra aos fãs assim uma pluralidade e diz que está se inovando cada vez mais. Apesar dos limites, parece que Versailles ainda nos trará boas surpresas nos próximos lançamentos, com mais questionamentos em suas letras e mais surpresas em suas melodias. Provavelmente, ao vivo, haverá novas surpresas em relação à turnê passada. Por isso, fiquem de olho no palco, em suas novidades e principalmente na nova postura dos integrantes. O Versailles é uma banda muito bem montada psicologicamente, ou seja, nada do que fazem é “sem sentido”. Tudo se amarra, desde suas roupas até suas letras. Lembre-se do que era a França do século XVIII, linda e esplendorosa por fora, mas conflitante e bastante questionadora por dentro.

Holy Grail será uma turnê pesada. O álbum tem composições muito boas e difíceis, que durante o cansaço de uma turnê podem acabar comprometidas. Além do problema com o fuso horário, a banda também se movimenta muito entre uma cidade e outra e repassa o que será feito na apresentação. Acho um CD muito complicado para uma turnê justamente pelo cansaço que os músicos se submetem antes, durante e depois dos shows. O álbum foi distribuído em três versões: a edição regular conta apenas com o CD; a edição limitada traz também um DVD com PVs de MASQUERADE, Vampire, DESTINY – THE LOVERS – e Philia; a edição limitada deluxe box terá o DVD também, mas com a versão de cada membro no PV de MASQUERADE, uma entrevista com KAMIJO, um making-of especial, um póster e um photobook de 100 páginas.


A autora agradece ao ST brasileiro (www.versaillesbr.com) pela fonte das letras para melhor compreensão do álbum e à Lillie pelas dicas na história da banda e de seus componentes.
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