Especial

Taiji Sawada Memorial

22/10/2011 2011-10-22 02:25:00 JaME Autor: neejee Tradução: Shin

Taiji Sawada Memorial

Em memória de Taiji Sawada.


© X JAPAN
Recentemente, o mundo da música ficou em choque com as notícias inesperadas sobre o suicídio de Taiji Sawada, um membro de muitas bandas maravilhosas, duas das quais ganharam status de lendas. TAIJI foi considerado por muitos um baixistas de classe mundial, especialmente talentoso em técnicas de slapping e tapping. Insolente até o final e seguindo seu próprio caminho, ele deixou um vazio no coração dos fãs que não será preenchido facilmente.

Era um dia quente de verão quando TAIJI nasceu em 12 de julho de 1966 em Ichigawa, no distrito de Chiba, como segundo filho da família Sawada. Quando estava no ensino fundamental, ele tentou tocar a guitarra de seu pai, inspirado nas músicas de grupos como Queen - ele era especialmente impressionado por We Are The Champions - e The Beatles. Nesta época, ele disse que era “realmente apaixonado pela música ocidental”. TAIJI também tinha interesse por esportes, treinava corrida e natação, e era membro dos clubes de futebol e beisebol na escola primária. Além disso, ele também gostava de cozinhar. Quando estava no quarto ano do primário, ele fundou um restaurante em sua casa, chamado “Restaurante ‘TAIJI’”, que abria nos finais de semana e era bem popular entre seus amigos. Oferecia vários tipos de pratos, e a entrada custava apenas 50 ienes (R$ 1,14).

Contudo, seu amor pela música prevaleceu. Aos dezesseis anos, TAIJI deixou a escola e formou sua primeira banda chamada Trash, na qual ele tinha o papel de líder e guitarrista principal. Dois anos depois, ele mudou um pouco seu interesse musical. Ele mudou para o baixo e sob o nome Ray se juntou a banda Demetia. Ele continuou nela até 1985 e gravou um single e um álbum ao vivo. Durante este período, ele encontrou pela primeira vez no clube Kagurazaka “Explosion” um dos futuros membros de uma de suas bandas mais famosas, hide, que era nessa época líder da Saber Tiger.

Depois de deixar a Demetia, TAIJI trabalhou rapidamente com várias bandas como Prowler e, a de vida curta, Dead Wire, que os membros também eram Kyo e Tetsu, agora no D’ERLANGER. TAIJI também tocou em vários shows com o X antes de finalmente se juntar a sua formação no final de 1986 e continuou até 1992. Como ele disse em uma de suas recentes entrevistas, a banda foi tudo para ele: “Originalmente o rock veio da América. Enquanto todos ainda estavam copiando o rock americano, eu estava gravando com o X (...) eu senti que, finalmente, havia uma banda que poderia introduzir um som japonês único e maravilhoso”.

TAIJI foi indubitavelmente um dos autores do sucesso do X. Foi em parte graças a ele que os shows da banda eram caracterizados por uma dose enorme de energia, e os fãs podiam ficar agradecidos por pelo menos algumas músicas impressionantes e partes incríveis de baixo. TAIJI estava envolvido na gravação dos primeiros três álbuns do X, que também trouxe faixas escritas por ele - Phantom of Guilt, Voiceless Screaming e Desperate Angel. Outras, não publicadas anteriormente, foram lançadas na compilação do CD Rose & Blood – Indies of X -. Além disso, em 1988, TAIJI com outros membros do X apareceram em um curto episódio do filme americano “Tokyo Pop”.

O caminho de TAIJI e do X começaram a divergir depois de cinco anos tocando juntos – o último show da banda em sua formação original foi no Tokyo Dome em 7 de janeiro de 1992. Foi o último de três shows consecutivos nesta casa e foi depois lançado em um DVD chamado On the Verge of Destruction 1992.1.7 Tokyo Dome Live. As razões oficiais pela saída de TAIJI foram divergências musicais. O baixista não concordava com o grande número de baladas no repertório do grupo. Em sua opinião, o rock precisava de sons mais pesados. Contudo, como mencionou em sua autobiografia, as verdadeiras razões foram os problemas financeiros e as constantes brigas com YOSHIKI, que não tiveram um bom impacto na situação do X durante aquele tempo. Como resultado, foi pedido ao TAIJI que se retirasse. Porém, como disse em uma de suas entrevistas, X ainda está vivo em seu coração.

Depois de sair do X, TAIJI foi convidado pelo guitarrista Akira Takasaki para se juntar à formação do lendário grupo de metal LOUDNESS, que o inspirou em sua adolescência. Apesar de sua opinião expressada em uma das entrevistas de que ele considerava o tempo e a experiência com LOUDNESS como algo incrivelmente valioso, TAIJI não ficou muito tempo na banda e saiu em novembro de 1993 para formar sua própria banda, depois de gravar apenas um álbum. Era o D.T.R., ou Dirty Trashroad, cujo som pode ser descrito como heavy metal melódico. As músicas criadas por eles, cantadas apenas em inglês, atraíram a atenção com seu ritmo poderoso e vocal forte assim como o som hábil da guitarra de Taiji Fujimoto. A banda acabou depois de o vocalista deixar o grupo, mas antes disso, eles conseguiram ter um impacto significante no cenário do metal japonês. Também, nessa época, TAIJI se divorciou de sua mulher e ficou sem teto por um tempo.

Dentro dos próximos anos, TAIJI fez parte de vários projetos e trabalhou com várias bandas. Em 1995, ele se juntou a um supergrupo chamado Kings que ficou ativo apenas por um curto período de tempo. Era constituído de Shuichi Aoiki do Night Hawks, do guitarrista Luke Takamura do SEIKIMA-II e do baterista Satoshi “Joe” Miyawaki do 44 MAGNUM; e Spread Beaver. Dois anos depois, TAIJI começou a Cloud Nine, que deixou em 2001 devido a razões pessoais, e OTOKAZE, na qual a vocalista era sua amada irmã mais nova Masayo. OTOKAZE criava canções de pop-rock rápidas e lançou apenas um álbum em novembro de 2004.

Em 2006, D.T.R reassumiu suas atividades com uma leve mudança na formação, mas acabou três anos depois. A banda planejava ressuscitar um pouco depois sob o nome de Death To Rive, já que os membros tinham perdido os direitos quanto ao nome original. Ao mesmo tempo, outra banda de TAIJI, TAIJI with HEAVEN’s, foi fundada. Devido a constantes mudanças na formação, a banda começou as atividades oficialmente três anos depois e lançou seu primeiro mini-álbum, cujo som fazia alusão às partes pesadas de Jealousy do X, em janeiro de 2010. TAIJI voltou ao Cloud Nine e em 2009 se juntou a outro supergrupo THE KILLING RED ADDICTION, consistindo também do ex-membro da COLOR, Tommy Dynamite; do ex-membro da GASTUNK, Tatsu; e Kenzi da ∀NTI FEMINISM. A banda fez vários shows no mesmo ano, incluindo um show em Los Angeles no dia 22 de junho, e lançaram um cover de Devil do GASTUNK no iTunes. TAIJI fez uma aparição no filme “atitude”, dirigido por Tommy Dynamite em que ele estava procurando por uma ideia original de rock junto de artistas como PATA e membros do Ladies Room, BY-SEXUAL, Kamaitachi e The Stalin. Ele também foi modelo e designer de joias pela Arizona Freedom.

Além do mais, em 2010, TAIJI, com seu velho amigo e guitarrista Shu, começou outra banda chamada TSP, TAIJI & Shu Project. O baixista descreveu isso em suas entrevistas como algo que definitivamente agradaria aos seus fãs. Contudo, a banda não foi capaz de lançar seu álbum de estreia, mas apenas poucas faixas em várias compilações. Apesar de ter declarado anteriormente sua falta de interesse, TAIJI também se juntou aos seus colegas de sua banda mais conhecida e em 12 de agosto fez parte da conferência de imprensa organizada pelo X JAPAN, bem como tocou como convidado em dois shows que foram feitos no Nissan Stadium em Yokohama. Depois desses shows, YOSHIKI disse em uma de suas entrevistas que se fosse possível TAIJI tocaria com eles de novo no futuro. Além disso, em 2009 e 2010, TAIJI mais uma vez tocou com LOUDNESS, fazendo parte de seus shows dedicados ao seu último baterista Munetaka Higuchi.

A autobiografia de TAIJI publicada em 2000, intitulada “Uchuu o kakeru tomo e: densetsu no bando X no sei to shi”, introduziu a imagem de um homem repleto de paixão pela música, curioso sobre o mundo e aberto a outras pessoas, bem como tendo sua própria opinião e sabendo como defendê-la. Também falou sobre um homem que enfrentou diferentes adversidades e problemas, frequentemente causados por um forte senso de justiça que foi desenvolvido em sua infância, e atravessando vários altos e baixos. De acordo com seus colegas de banda do TSP, TAIJI era muito direto e sério, mas ao mesmo tempo muito enfático; ele tentava apoiar os outros em momentos de dificuldade, dando a eles coragem e inspiração. Desde a infância, ele odiava fazer a mesma coisa que os outros – ele considerava isso sem sentido e tentava evitar isso. Ele dizia, “Então eu acho que sempre fui considerado uma chata “enxaqueca” pelo X. Mesmo que eu tenha percebido que eles pensavam dessa forma sobre mim, mesmo assim não conseguia mudar. Não havia nada a minha volta que pudesse me influenciar. Isso é porque eu sempre vivi espontaneamente”.

Nos últimos anos, TAIJI vinha enfrentando problemas de saúde. Por alguns anos ele sofreu os efeitos colaterais de um derrame e de uma epilepsia – por algum tempo ele não era capaz nem de falar nem de escrever. Ele também fez uma cirurgia difícil que envolveu uma reposição de quadril, após a qual houve algumas complicações. Apesar de o prognóstico inicial do médico, ele foi capaz de andar sem usar bengala, o que foi considerado um milagre. Apesar de suas muitas dificuldades, ele nunca perdeu sua paixão pela música e ainda acreditava que as palavras que ele repetia frequentemente – “nunca diga ‘não posso’” – eram verdadeiras.

Tudo aparentemente havia se encaixado e ele estava indo na melhor direção quando todos seus planos e intenções foram subitamente negados por um caso recente. No dia 11 de julho de 2011, TAIJI foi preso por perturbação à ordem pública e agressão a uma aeromoça, pouco depois de seu avião pousar no aeroporto internacional de Saipan. Ele não deu razões para seu estranho comportamento; o defensor público apenas disse que seu cliente estava “chateado consigo mesmo” por causa do que tinha acontecido no avião. Três dias depois, TAIJI foi transferido para a UTI depois de tentar suicídio enquanto estava preso. Infelizmente, os médicos não conseguiram salvá-lo. Seu quadro foi considerado como morte cerebral e no dia 17 de julho, como resultado da decisão de sua família, ele foi retirado dos aparelhos que o mantinham vivo. Ele morreu por volta do meio dia, aos 45 anos.

A morte súbita e inesperada de TAIJI surpreendeu a todos. Muitos de seus amigos, assim como fãs, não conseguiram acreditar no que tinha acontecido e se recuperar do choque. YOSHIKI escreveu em sua conta do Twitter: “Receber as notícias da morte de TAIJI me deixou sem palavras. Não sei como superar esta perda ainda. (...) Tocar no Nissan Stadium juntos ano passado me trouxe lembranças como se tivesse sido ontem”. Muitos de seus amigos colocaram em seus sites mensagens de adeus nas quais diziam que o cenário japonês tinha recebido um grande golpe, perdendo um baixista tão brilhante, de quem eles podiam sem dúvidas se sentir orgulhosos. SUGIZO, entre outros, mencionou em seu blog: “TAIJI era amado por muitas pessoas e muitos precisavam dele, contudo ele tirou sua própria vida. Isso é algo muito triste. (...) Há uma coisa que posso dizer (…): Nós, que ainda estamos vivendo, deveríamos nos sentir profundamente agradecidos por nossas vidas. Nós, que ainda estamos vivendo, não podemos desperdiçar a vida que ainda temos pela frente”.
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