Especial

Biografia especial: Mana (Parte 2 – Beleza e Escuridão)

17/12/2010 2010-12-17 01:48:00 JaME Autor: Geisha Tradução: Nana

Biografia especial: Mana (Parte 2 – Beleza e Escuridão)

A parte 2 é dedicada ao Mana artista solo. Veremos como sua visão do mundo está refletida em sua música e estilo e acompanhá-lo em sua investigação do mundo fora do Japão.


© Moi dix Mois, Midi:Nette
Moi-même-Moitié

Em 1999, tendo adquirido um grande interesse por moda desde que customizou seus uniformes da escola e desenhou algumas das roupas do Malice Mizer, Mana inaugurou a sua própria marca, Moi-même-Moitié. Como “Moi-même” significa “eu mesmo” e “Moitié” significa “metade” em francês, o nome Moi-même-Moitié pode ser traduzido como “uma metade de mim”. As cores características da marca são as favoritas de Mana, preto e azul, e o logo é um castiçal estilizado, cujo formato é baseado em um “M” invertido. A frase “Elegant Gothic Lolita Aristocrat Vampire Romance”, que faz parte do logo e também aparece em várias estampas, bem como o forro azul característico, resume a inspiração por trás dos modelos.

O estilo da Moi-même-Moitié foi baseado no estilo Lolita já existente, mas introduziu dois novos conceitos: Elegant Gothic Lolita (EGL) e Elegant Gothic Aristocrat (EGA). Ambas as linhas representam roupas para homens e mulheres que vivem no mundo ideal de Mana. Ele decidiu dividir sua marca em duas linhas, pois, no momento, às vezes se vestia de homem e outras de mulher, o que descreveu como tendo seu homem e mulher ideais vivendo dentro de si. Além disso, o fato deste homem e desta mulher dividirem o mesmo corpo ao mesmo tempo exemplifica o nome da marca, “uma metade de mim”.

O conceito do EGL foi baseado na idéia de unir elementos aparentemente incompatíveis. Diferentemente do que o nome sugere, a moda Lolita japonesa não tem nada a ver com parecer sexualmente atraente ou fetichismo; preferencialmente é inspirada na moda Vitoriana e antiquada, visando criar uma aura de inocência e fofura. As roupas são manufaturadas em pequenas quantidades e em elevados padrões de qualidade, portanto chegam a ser mais caras do que o estilo ocidental. O EGL funde a inocência e a fofura do estilo Lolita com a escuridão do estilo gótico do ocidente, para assim efetivamente “corromper” ambos. De um lado, as modelos usam babados, fitas e rendas para invocar a fofura das bonecas de porcelana, enquanto do outro, expressa algo como nocividade através do uso de cores escuras, geralmente o preto.

Assim como a maioria dos estilos lolita, o EGL consiste em uma saia em forma de sino até o joelho, vestido ou ciranda com a cintura fina, combinadas com uma blusa curta, com mangas bufantes curtas ou longas. A silhueta é fina, dando ênfase à elegância, bem como à fofura. Ao invés de tecidos de algodão que dominam a maioria das outras marcas, são usados tecidos caros como o veludo, a seda e o brocado. Um detalhe importante da Moi-même-Moitié é um laço personalizado, que é decorado com rosas, cruzes ou a inicial “M” de Mana, bem como botões e forros com o logo da marca. Cruzes, rosas com espinhos e arquitetura histórica são temas populares para as estampas. Originalmente, a Moi-même-Moitié era conhecida pela sua elegância ao invés de suas estampas, normalmente lançadas em um ou dois tipos por coleção. Entretanto, as estampas tornaram-se cada vez mais populares na moda Lolita e, na Moi-même-Moitié, virou a principal atração. A estampa Iron Gate (portão de ferro), que foi lançada na primavera de 2006 e retrata um portão decorado de um cemitério com a frase “Elegant Gothic Lolita Aristocrat Vampire Romance”, tornou-se particularmente procurada e hoje é vendida pelo dobro do seu preço inicial.

O EGA é um estilo unissex que lembra trajes de luto vitorianos ou as roupas usadas pelos dândis do século 19, com calças e saias longas, blusas com babados e coletes e casacos drapeados. Novamente, a maioria das roupas são pretas, frequentemente combinando com uma blusa branca. A maioria dos modelos EGA estão disponíveis tanto para homens quanto para mulheres, refletindo mais uma vez a crença de Mana de que a alma humana é essencialmente assexuada, bem como seu ideal de beleza, uma beleza ambivalente, que combina os aspectos positivos de ambos os sexos.

Embora o estilo de Mana, assim como a sua música, seja muitas vezes inspirado em filmes, especialmente filmes de terror, as roupas são feitas para serem usadas diariamente por pessoas que, como ele, querem viver num mundo de mistério. Expressando seu mundo através da moda, ele quer permitir que pessoas de mesma opinião envolvam-se neste mundo como parte de seu cotidiando e encontrem a paz dentro de seu verdadeiro eu. Como explicou na Gothic & Lolita Bible, para uma pessoa, Gothic Lolita é tanto um estilo atemporal, quanto um lugar para o qual retornar dentro de si, seja homem ou mulher. Esta ideia também está refletida na escolha do castiçal como logo da marca: que se destina a ser um guia para aqueles que buscam uma beleza intelectual e nobre, além dos caprichos da tendência da moda que muda a cada estação.

A primeira loja da Moi-même-Moitié abriu as portas em outubro de 1999 no popular distrito de compras Aoyama, em Tóquio. Esta apresentava o interior decorado distintamente de alvenaria cinza rústica, detalhes em ferro forjado e assentos azuis que se tornaram modelos para todas as futuras lojas da Moi-même-Moitié. Devido à fama do Malice Mizer, o evento atraiu grande atenção da mídia, com muitas notícias nos jornais japoneses e na TV. Embora as raízes do estilo Lolita remetam aos anos 70, este vinha sendo um estilo underground até então. O endosso de Mana ao estilo ajudou a levá-lo para o centro das atenções não só no Japão, mas também no exterior, onde a crescente popularidade de anime e mangá e a rápida expansão da internet, que, pela primeira vez, possibilitou pessoas de todos os lugares do mundo a explorarem seus interesses proativamente ao invés de consumir passivamente aquilo que havia sido pré-selecionado pela mídia, acendeu um grande interesse pela cultura pop japonesa. Atrás disso, o estilo Lolita desenvolveu um estilo internacional com uma comunidade online de milhares de pessoas, encontros e eventos pelo mundo.

No começo, metade dos produtos, especialmente as roupas EGA e os acessórios, foram desenhados pelo próprio Mana. Sua co-designer era Alice Kobayashi, que depois lançou sua própria marca Lolita, Fairy Wish. Ele pretendia continuar a desenhar, mas o fato de que não teve nenhum treinamento em fazer vestidos e nos padrões de corte algumas vezes dificultava a realização de seus modelos, eventualmente fazendo-o voltar atrás em seus projetos. Contudo, ele continuou envolvido no processo de produção. Hoje em dia, ele explica aos designers o que quer fazer e checa as amostras antes de irem para a produção. Também mencionou em uma entrevista em 2005 que, quando tem uma idéia espontânea de um item ou uma roupa, ele faz um esboço imediatamente.

Fiel à sua crença de que “em mim sempre batem dois corações”, Mana escolheu tronar-se o principal modelo de ambas as linhas, EGA e EGL. Freqüentemente ele apareceu na revista de moda alternativa KERA e, durante uma sessão de fotos, sugeriu à pessoa responsável criar uma revista só com fotos Gothic & Lolita. Em dezembro de 2000, a Gothic & Lolita Bible, a primeira revista exclusivamente dedicada à moda Gothic & Lolita, foi lançada. Esta foi inicialmente uma edição especial da KERA, mas, quando esgotou em apenas três dias, o editor decidiu transformá-la numa revista regular. Rapidamente se estabeleceu no topo das publicações da crescente cena Lolita e logo revistas similares a seguiram. A primeira edição da Gothic & Lolita Bible apresentou seis páginas de uma seção de fotos de Mana vestindo sua própria marca, bem como uma entrevista e uma tirinha em quadrinhos sobre a sua loja. Ele continua a aparecer na revista até hoje.

A Moi-même-Moitié sobreviveu ao fim do Malice Mizer e, em 2009, comemorou seu 10º aniversário. Atualmente possui filiais na loja de departamentos Marui One em Shinjuku, Tóquio e na loja de departamentos Forus, em Sendai. As roupas também podem ser encontradas em boutiques pelo Japão especializadas na moda Lolita, bem como no Atelier Pierrot e em lojas da KERA. Há aproximadamente um ano, Mana organizou um encontro e um grande evento, normalmente no Christon Café em Shinjuku, no qual o interior é decorado inspirado nas catedrais góticas do mediterrâneo com vitrais, ferro forjado e imagens religiosas.

A contribuição de Mana para a moda também é reconhecida internacionalmente. Em 2007, a antropologista britânica Philomena Keet o escolheu como um dos sete designers para serem estrevistados para o seu livro Tokyo Look Book. Ele também participou de outros livros sobre a moda e cultura pop japonesa como Style Deficit Syndrome e as roupas da Moi-même-Moitié são vendidas em butiques especiais, como Harajuku em Paris, França, e Mfashion nos Países Baixos.

O conceito de unir opostos harmoniosamente que Mana criou com a Moi-même-Moitié, bem como suas roupas, também desempenharam um papel crucial em seu próximo projeto. Não era coincidência, assim, que o nome também começasse com “Moi”.

Moi dix Mois

Quando o Malice Mizer entrou em hiatus em dezembro de 2001, Mana prometeu continuar a tentar “encontrar o que é a música”. Com seu típico desprezo pelo convencional, o guitarrista, que nunca falou em público e muito menos cantou, decidiu começar um projeto solo, e, em 19 de março de 2002, seu aniversário, o Moi dix Mois nasceu. “Moi”, que significa “eu”, refere-se a Mana e “Dix” significa “dez”, onde o número 1 refere-se ao início e o número 0 à eternidade. Finalmente, “dix mois”, significa “10 meses” referindo-se à duração da gravidez. No Japão, a gravidez é contada em 10 meses lunares, enquanto que no ocidente são 9.

Sendo um projeto solo, o conceito do Moi dix Mois era mais focado e pessoal do que o do Malice Mizer. Ao invés de trabalhar com estrutura de uma banda com conceito abrangente, como “o que é humano?”, para Mana agora o objetivo era criar uma música que “igualasse” sua personalidade e suas idéias sobre música e o mundo em geral.

Assim como a moda da Moi-même-Moitié, a música que ele criou para o Moi dix Mois foi uma combinação de opostos: beleza e escuridão, elegância e agressão, criatividade e destruição. Com relação ao som, a banda continuou na direção que o Malice Mizer estava em sua última fase. Os elementos familiares da guitarra, do órgão de tubo, do cravo, do sintetizador e dos vocais de ópera profundos ainda estavam todos presentes. Entretanto, o ritmo era muito mais rápido e pesado. O resultado foi um som intrincado, mas fresco e incrivelmente energético, algo entre o rock gótico, o metal, o neoclássico e o industrial.

Mana já tinha testado seus dons para compor no Malice Mizer, quando ele e Közi compuseram Bara no seidou enquanto a banda estava sem vocalista, mas a partir de agora ele poderia sempre escrever suas próprias letras. Mantendo a imagem gótica do Moi dix Mois, eles se centraram não só em temas profundos e melancólicos como o Weltschmerz, perda e morte, mas também temas-chave de sua vida e trabalho: autoconhecimento, confiar em seus próprios instintos e habilidades, bem como questionamentos.

Afim de não apenas compor, mas também mixar e produzir a sua própria música, ele estudou os detalhes técnicos da engenharia musical. Ele também ponderou que aprender teoria musical expandiria a suas composições, mas mais uma vez desistiu da ideia. Para ele, o fato do desenvolvimento em suas músicas não poder ser explicado com teoria foi uma característica que as tornaram muito interessantes. Ele também acreditava que compor a partir dos seus sentimentos o ajudava a criar uma música que representasse a sua personalidade. Como explicou em uma entrevista em 2007 na Orkus, uma revista gótica alemã: "Se tivesse um conjunto de estilos no mundo da arte, eu os destruiria. Certamente isto é algo que só eu posso criar, e eu sempre pensei que eu discordaria se alguém dissesse que a música tem que ser desta ou daquela maneira", depois completando, "infelizmente, existem muitas pessoas assim".

Visualmente, sua imagem mudou drasticamente. Quando o Moi dix Mois fez sua estreia em julho de 2002 na festa Dis Inferno I, da Midi:Nette, com Mana na guitarra, Juka nos vocais, Kazuno no baixo e Tohru, que era originalmente do JILS, na bateria, a lolita fofa que ele retratava no Malice Mizer estava longe de ser vista. Ela teria sido muito frágil para o som poderoso que ele criaria a partir de agora. No lugar dela ficou um príncipe gótico e andrógeno de face pálida, uma maquiagem obscura e dramática e cabelos negros e lustrosos que desafiavam a gravidade, que batia cabeça e brandia sua guitarra como se, após anos de procura, ele finalmente fosse capaz de viver sua fantasia de se tornar selvagem como um guitarrista de metal.

Além disso, o Moi dix Mois se apresentou como uma banda de metal ou de rock estilo ocidental. O elemento visual que sempre foi uma parte importante dos shows do Malice Mizer foi abandonado, exceto por ocasionais bandeiras negras com o logo da banda ou uma apresentação com uma espada, mas que também desapareceu ao longo dos anos. Eles conseguiram, entretanto, manter grande atenção em suas roupas. Todos os membros do projeto vestem roupas da linha EGA da Moi-même-Moitié porque, de acordo com Mana, o Moi dix Mois reflete a visão de mundo da Moi-même-Moitié. Vestindo suas roupas no palco, eles unem a música e a encarnação visual do mundo de Mana, então o público pode experimentar suas emoções pelos sentidos da visão e audição. Ele também desenhou Mâtin, seu alter ego que adorna muitas mercadorias do Moi dix Mois.

Em novembro do mesmo ano, o Moi dix Mois lançou seu primeiro single, Dialogue Symphonie, seguido de uma turnê nacional. Em 19 de março de 2003, aniversário de Mana, seu álbum de estreia, Dix Infernal, foi lançado, seguido por outra turnê nacional em julho, na qual o show final foi gravado para o DVD Scars of Sabbath. Esta seria a última vez que se apresentavam exclusivamente para fãs japoneses.

Explorando novos territórios

Em julho de 2004, na véspera do lançamento do seu segundo álbum, Nocturnal Opera, que conta uma trágica história de amor, Mana viajou para Paris, França, a fim de comemorar o lançamento do primeiro CD internacional do Moi dix Mois pela gravadora francesa Mabell, com uma aparição no Japan Expo, uma das maiores convenções europeias de cultura japonesa. Ele tinha acabado de abrir o seu fã-clube, Mon†amour, para membros internacionais — uma raridade entre os músicos japoneses, cujos fã-clubes normalmente só aceitam fãs residentes do Japão —, mas, como um dos primeiros músicos de Jrock que se atreveu a pôr os pés fora do Japão, ele temia secretamente que ninguém soubesse quem ele era. Mana não tinha com o que se preocupar: diversos fãs de toda a Europa e até mesmo do Japão compareceram, tantos que não cabiam no auditório. Ele foi ovacionado e os ingressos para a sessão de autógrafos esgotaram em poucas horas. A demanda para o fã-clube internacional foi tão alta que o site caiu depois de 24 horas online.

Durante esta viagem, ele fez sessões de fotos em vários locais de Paris para o photobook chamado Magnifique, que o mostrou vestindo as coleções outono/inverno EGL e EGA da Moi-même-Moitié. O livro foi lançado em outubro de 2004 pela Midi:Nette e rapidamente tornou-se um item de colecionador. Além disso, tendo notado que alguns dos fãs que foram vê-lo no Japan Expo vestiam roupas da Moi-même-Moitié, ele abriu uma loja online para clientes internacionais em colaboração com a loja varejista CD Japan.

Em março de 2005, o Moi dix Mois se tornou uma das primeiras bandas de Jrock a fazer uma turnê no exterior. Eles se apresentaram na Alemanha e na França, e o show em Paris, que esgotou, foi gravado para o DVD Invite to Immorality. Logo após seu retorno ao Japão, porém, o vocalista Juka deixou a banda para seguir com um som menos gótico, forçando-os a pausar suas atividades. Durante o ano seguinte, Kazuno e Tohru também decidiram sair, então da formação inicial só restaram Mana e o segundo guitarrista K, que se juntou à banda em dezembro 2004.

Em março de 2006, eles voltaram com um mini álbum, Beyond the Gate, que foi lançado simultaneamente no Japão e na Europa, desta vez sob a recém criada gravadora alemã Gan-Shin, que se especializou em música japonesa e é uma colaboração entre a loja alemã Neo Tokyo, a Brainstorm Music Marketing e a gravadora major Universal. Isto caracterizou um novo som mais maduro baseado em riffs pesados de guitarra e elementos eletrônicos, bem como um novo arranjo. O “renascido” Moi dix Mois agora contava com Seth nos vocais, Mana e K nas guitarras, Sugiya no baixo e Hayato na bateria. No mesmo mês, eles embarcaram em sua segunda turnê europeia, que novamente passou pela França e pela Alemanha. Já que o show em Berlim foi em 19 de março, aniversário de Mana, os fãs arrecadaram dinheiro para um presente e lhe deram um relógio cuco preto com decorações góticas, que lhe foi presenteado no palco. Apenas alguns meses depois, em junho, o Moi dix Mois voltou à Alemanha para o Wave-Gotik-Treffen em Leipzig, o maior festival gótico do mundo, que atrai 20.000 visitantes todos os anos.

Este foi um novo público para eles. Devido à sua música e ao seu visual dark, que se mistura quase perfeitamente no universo gótico, eles conseguiram — algo incomum para uma banda de Jrock — chamar a atenção de alguns membros de mente aberta da cena gótica. Mas, apesar da crescente popularidade do Jrock no exterior, estas bandas eram quase que exclusivamente destaque apenas em revistas de animes e mangás e, portanto, grande parte manteve-se desconhecida. Além disso, referiam-se a eles como “Jrock” ou “visual kei”, o que confundiu fãs em potencial, já que estes termos eram usados para descrever bandas com estilos musicais totalmente diferentes, cujos membros são japoneses, e, portanto, não há indicação da música que eles realmente tocam.

Isto mudou em fevereiro de 2005, quando Mana apareceu na capa da Orkus, apresentando-o a um público que tinha ou não interesse na cultura pop japonesa e julgou-o unicamente com base na qualidade de sua música. A resposta foi esmagadora: na publicação anual da revista, os leitores da Orkus votaram em Mana como uma das 10 personalidades mais impressionantes, 10 melhores guitarristas e um dos 10 melhores artistas, e o Moi dix Mois como um dos 10 melhores estreantes de 2005. Além disso, as composições obscuras e dramáticas de Mana atraíram a atenção da Trisol, uma gravadora independente alemã que lança alguns artistas tops do mundo gótico, como ASP, L'Ame Immortelle, London After Midnight e Emilie Autumn. A Trisol lançou as edições europeias do Nocturnal Opera do Moi dix Mois e, Bara no Seidou e Cardinal do Malice Mizer, fazendo de Mana um dos poucos artistas japoneses a serem lançados em uma gravadora ocidental regular.

Ainda assim, a performance no Wave-Gotik-Treffen foi um pouco controversa. O Treffen é um dos eventos mais importantes no calendário gótico europeu e o Moi dix Mois, que ainda era considerado estranho pela maioria dos góticos, estava estreando como uma das bandas principais. As expectativas eram muito altas, mas eles aceitaram o desafio com coragem. Eles encheram o salão do Agra de parede a parede, que tem uma capacidade de até 10.000 pessoas, e ganharam muitos que ainda estavam cautelosos com uma banda cuja música soava muito parecida com gothic metal ou metal sinfônico, mas que não se classifica como tal, e cujo líder declarou que não se considera parte de nenhum estilo ou cena em particular. O segundo encore teve que ser diminuído devido ao limite de tempo e os CDs e outras mercadorias foram vendidos poucos minutos após a banda deixar o palco.

Uma turnê americana planejada para julho de 2006 teve que ser cancelada devido a problemas com os organizadores, mas, no mesmo mês, Mana apareceu como convidado de honra no Anime Expo em Anaheim, Califórnia, onde participou de um Q&A panel (perguntas e respostas).

Em março de 2007 aconteceu o lançamento do terceiro álbum do Moi dix Mois, DIXANADU, que sintetiza a visão de mundo de Mana. Como em Beyond the Gate, este foi lançado simultaneamente no Japão e na Europa. A edição limitada instrumental, que só estava disponível nos shows ou no site da Midi:Nette, incluiu como bônus um jogo de computador com Mâtin, o alter ego de Mana, bem como as versões animadas dos outros membros da banda, mais uma vez todos desenhados por Mana. A fim de promover seu novo álbum na Europa, eles decidiram ser uma das primeiras bandas de Jrock a não se apresentar somente em países conhecidos por ter uma grande comunidade de fãs de Jrock como a França, Alemanha e Finlândia, mas também países como a Espanha e Itália, onde as bandas japonesas brigavam por grandes públicos. Entretanto, a reputação do Wave-Gotik-Treffen o tinham precedido e sua turnê não só atraiu fãs de Jrock, mas também muitas novas faces da cena gótica e metal, que multiplicou o número de freqüentadores dos shows. Mana os observou de seu lugar no palco e relatou em detalhes os vários grupos de fãs e a grande variedade de suas idades. Ele também notou com excitação que em alguns shows a maioria do público era do sexo masculino, o que é incomum em shows de Jrock.

Após seu retorno ao Japão, ele começou a se preparar para um desafio de natureza diferente. Em março de 2008 ele revelou que, além do seu trabalho com o Moi dix Mois, ele a partir de agora também trabalharia como produtor e compositor para a gravadora major Sony.

Produzido por Mana

Tendo estudado engenharia musical, Mana tinha procurado por muito tempo outras bandas para produzir junto com o Moi dix Mois. A primeira foi a dupla eletro Schwarz Stein, que atraiu a sua atenção em 2002 através de um artigo de revista. Olhando sua foto, ele sentiu que havia algo de especial neles, então pediu que enviassem uma fita demo. Sua música, que era totalmente digital e não usavam instrumentos acústicos, era completamente diferente da do Moi dix Mois. Contudo, Mana gostou do que ouviu e decidiu checar um de seus shows e depois visitá-los nos bastidores. Depois de assistir vários shows, ele lhes ofereceu um contrato com a gravadora, Midi:Nette. Eles ficaram sob seus cuidados até 2004, quando tanto o vocalista Kaya e o compositor e tecladista Hora decidiram iniciar carreiras solos. Durante este tempo, Mana produziu um álbum, New Vogue Children e dois singles, Perfect Garden e Current, para eles. Eles também frequentemente abriam shows do Moi dix Mois e ocasionalmente modelavam para a marca de Mana, Moi-même-Moitié. Após o fim, Kaya continuou amigo de Mana e frequenta os shows do Moi dix Mois quando sua movimentada agenda permite.

Seu segundo projeto produzido, e que ainda está em desenvolvimento, foi mais envolvente. Em 2007, a gravadora major Sony o convidou para assistir um teste para jovens músicos tendo em vista a possibilidade de produzir um deles. Entre os finalistas ele escolheu a cantora e violoncelista clássica de 19 anos, Kanon Wakeshima. Ele ficou intrigado pelo fato dela cantar enquanto tocava violoncelo, bem como sua personalidade madura, mas ainda infantil, e concordou em ser seu produtor e principal compositor. Assim como no Malice Mizer e no Moi dix Mois, ele quis que suas composições para ela criassem uma ponte entre o underground e o popular. Escolhendo um estilo pop eletrônico com influências góticas e clássicas, ele escreveu treze músicas para o seu álbum de estréia, Shinshoku Dolce, que foi lançado em fevereiro de 2009 no Japão, na Europa e nos EUA. Os dois singles, Still Doll e Suna no oshiro, foram usados como encerramentos do anime "Vampire Knight". Ele também foi responsável pela sua imagem, para qual escolheu um visual lolita clássico que refletiu a sua paixão por doces e pela cor vermelha, bem como o conceito do seu álbum e os PVs que acompanharam os dois singles. Mana também comprou o carrossel que decora a capa do seu álbum de estréia. Em fevereiro de 2009, ele a acompanhou até a França para ajudar a promover o Shinshoku Dolce, juntamente com o lançamento europeu do DVD do Moi dix Mois DIXANADU ~ Fated “raison d'être”~ Europe Tour 2007, bem como apresentá-la ao seu público internacional. Já para os não-conformistas, ele orgulhosamente informou que, mesmo tendo que apresentar formalmente seus trabalhos aos executivos da Sony, ele nunca comprometeu suas idéias e nunca vestiu um terno. Seus esforços foram recompensados quando Kanon foi eleita a melhor estreante de 2009 pela revista americana de anime Shoujo Beat, tendo recebido 45% dos votos.

Esta foi a primeira vez que Mana foi responsável por tudo, desde a criação da música até os arranjos e o visual, e ele achou uma ótima experiência de aprendizado. Ele também gostou de ser capaz de compor músicas que ele não teria sido capaz de criar para o Moi dix Mois. Entretanto, seu novo trabalho provou ser tão envolvente que ele teve que adiar os trabalhos do novo álbum do Moi dix Mois de novo e de novo. Eventualmente, Mana percebeu que teria que recuar um pouco em sua produção para encontrar tempo suficiente para trabalhar em sua própria banda. Porém, continuou como compositor principal de Kanon. Ele escreveu seis das treze músicas de seu segundo álbum, Shojo Jikakeno Libretto - Lolitawork Libretto, que foi lançado em julho de 2010, incluindo Toumei no kagi, que foi usada como tema do jogo online AVALON no kagi, e LOLITAWORK LIBRETTO -Storytelling by solita-, uma colaboração com a jovem cantora francesa Solita. Assim como o anterior, o novo álbum foi lançado no Japão, na Europa e nos EUA.

Enquanto ele estava ocupado trabalhando com Kanon, o Moi dix Mois entrou em um período de silêncio. Em 2008, eles só fizeram três shows: um evento com várias bandas em janeiro, o show de aniversário de Mana em março e a festa Dis Inferno da Midi:Nette em dezembro. A festa e o show de aniversário acontecem todos os anos e, além dos shows do Moi dix Mois, envolve os membros da banda formando pequenos grupos, muitas vezes tocando instrumentos diferentes daqueles tocados no Moi dix Mois, realizando esquetes e mostrando habilidades inesperadas, como truques de mágicas. Suas roupas são feitas à mão e incluem Seth vestido como Yakuza e o cantor afro americano de enka Jero, Juka e Kaya como a dupla pop russa t.A.T.u. (com grande atenção ao detalhe que eles re-encenam o suposto beijo lésbico), Sugiya como uma árvore de cedro, K como uma moça envergonhada e Mana como Papai Noel e Snoopy.

Em 2009, seu ritmo aumentou de novo. Em julho, eles finalmente fizeram seu primeiro show nos EUA quando se apresentaram como convidados de honra do Anime Expo em Anaheim, Califórnia. Em outubro, eles se apresentaram no V-Rock Festival, junto com grandes bandas japonesas como the GazettE e La'cryma Christi, bem como a estrela internacional Marilyn Manson. Nesta ocasião Mana também fez a sua estréia como modelo de passarela da Moi-même-Moitié e, tanto o show do Moi dix Mois como o desfile foram transmitidos ao vivo pela internet. Algumas semanas depois, o Moi dix Mois foi convidado do evento Mad Tea Party, apresentado pela banda D.

Passado, presente e futuro

O Moi dix Mois raramente colabora com outras bandas, mas em dezembro de 2008, Mana surpreendeu e deliciou os fãs com o anúncio que o co-fundador do Malice Mizer, Közi, seria o convidado especial da festa Dis Inferno deste ano. Pela primeira vez em sete anos, Mana e Közi ficaram juntos no mesmo palco. Como esperado, os ingressos do evento esgotaram e não só incluiu shows de seus respectivos projetos solos, mas também um breve revival do Malice Mizer quando tocaram juntos sua primeira música gravada, Speed of Desperate e também N.p.s.N.g.s.. Esta reunião também atraiu muitos integrantes da comunidade Jrock, incluindo o primeiro vocalista do Malice Mizer, Tetsu, agora do NIL, e Kamijo do Versailles, que iniciou sua carreira como roadie do Malice Mizer.

Tendo organizado o evento Dark Sanctuary junto com o D'espairsRay, em julho de 2009 o Moi dix Mois e Közi fizeram uma turnê juntos em duas cidades, chamada Deep Sanctuary. Ao mesmo tempo, o famoso fabricante de guitarras ESP, que produziu as guitarras de Mana e Közi, fez uma exposição de suas guitarras. Como a Dis Inferno, a turnê foi um sucesso, então em julho de 2010 eles a repetiram com Deep Sanctuary 2 que, além de Tokyo e Osaka, incluiu também Saitama, Kobe, Nagoya e Sendai. O convidado especial deste show esgotado no Akasaka Blitz foi Yu~ki, que não era visto desde o hiatus do Malice Mizer há nove anos. Eles tentaram convencê-lo a participar da turnê anterior, mas ele hesitou. Mas não neste ano. Após Közi e o Moi dix Mois terem terminado suas respectivas apresentações, os fãs foram transportados de volta no tempo quando as cortinas abriram para revelar Mana, Közi e Yu~ki com seus instrumentos do Malice MizerMana com sua antiga Jeune Fille azul, Közi com Akauzu-kun e Yu~ki com seu baixo. Os membros seguraram rosas vermelhas durante a música Saikai no chi to bara, “The reunion of Blood and Roses” (A reunião do sangue e das rosas), seu single revival após a saída de Gackt e a morte de Kami, que encheu o auditório. Mesmo com eles tendo seguido em caminhos separados por mais de uma década, a química continuou quente e forte. Junto com Hayato, que se inclinou perante a bateria em honra a Kami, eles tocaram juntos um cover de What lurks on Channel X? do Rob Zombie. Depois se seguiu o destaque da noite quando tocaram a favorita do Malice Mizer, Beast of Blood com Közi nos vocais, se abraçaram e deixaram o palco de braços dados.

Muitos fãs derramaram lágrimas de nostalgia nesta noite, mas enquanto ele não descarta uma possibilidade de uma nova reunião, Mana permanece comprometido com sua carreira solo. Passados oito anos, ele vem buscando um equilíbrio perfeito entre o clássico e o avant-garde, a melodia e a agressão, a beleza e a escuridão. Cada álbum do Moi dix Mois o impulsionou mais adiante neste caminho de descoberta e formou uma base sólida de fãs no Japão e no exterior. Dix Infernal apresentou a música pesada, obscura e sinfônica do Moi dix Mois para um público desavisado, ainda encantando com o mundo do Malice Mizer. Nocturnal Opera refinou seu novo som e se focou em belas melodias, enquanto Beyond the Gate sinalizou o retorno das composições da guitarra e a adição de uma nova dimensão eletrônica. DIXANADU canalizou a energia de Beyond the Gate em algo igualmente pesado, mas um som mais melódico e sereno e o novo álbum do Moi dix Mois, D+SECT, foi lançado em dezembro de 2010.

E agora? O que o future reserve para Mana? A revista francesa Kogaru perguntou a ele, onde ele se vê daqui a 20 dias. Sua resposta foi inequívoca: “Eu quero continuar tocando até o dia em que eu morrer. A música é a minha razão de viver”.

Fontes: Sites oficiais e publicações do Malice Mizer, Moi dix Mois e Moi-même-Moitié, entrevistas da Fool’s Mate, SHOXX, UV, Vicious, Da Vinchi, J-Rock Magazine, the Gothic & Lolita Bible, CD Japan, Orkus, JaME e outras. Agradecimentos especiais a Yuu pela tradução.
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