Entrevista

Entrevista com SUGIZO

31/10/2008 2008-10-31 12:00:00 JaME Autor: Jess Tradução: R.

Entrevista com SUGIZO

Enquanto o Juno Reactor encerrava sua turnê pelos EUA, o JaME se encontrou com o ocupadíssimo SUGIZO para uma entrevista exclusiva.


© SUGIZO
Depois de se apresentar no México, o grupo de trance Juno Reactor voltou aos EUA pela primeira vez em sete anos, desta vez com vários novos integrantes no grupo, incluindo o lendário guitarrista SUGIZO. Com o fim da perna americana da turnê, SUGIZO encontrou um tempo em sua agenda atribulada para conversar, em inglês, com o JaME.


Obrigado por se encontrar conosco! Por favor se apresente para nossos leitores.

SUGIZO: Eu? Me apresentar? Mas você me conhece! (risos) Eu sou SUGIZO do Japão. Sou um compositor e guitarrista. O LUNA SEA foi a minha primeira atividade musical, em seguida segui carreira solo e agora eu tenho muitos projetos, como o S.K.I.N. e o X JAPAN, e é claro, o Juno Reactor. Eu sou um crítico de música. Um viciado em música. Eu sou viciado na música, música me deixa feliz. Geralmente, eu estou nadando em um oceano musical.

Como foi a turnê?

SUGIZO: A turnê... está sendo uma agenda extremamente apertada (risos), mas perfeita. Eu pude conhecer tantos fãs americanos e vi tantos lugares bonitos. Por exemplo, Aspen foi tão lindo. Denver foi lindo também, e eu queria visitar São Francisco há muito tempo. Todo lugar que eu vou é muito, muito importante para mim. O México também foi maravilhoso, e o festival Chihuahua foi enorme! Esta turnê foi a turnê mais difícil da minha vida musical.

Poderia nos contar um pouco sobre o Juno Reactor?

SUGIZO: Eu já era um grande fã do Juno Reactor há mais de dez anos e respeitava bastante todos os integrantes. Ben é um grande compositor e maestro para o Juno Reactor. Eu realmente o respeito musicalmente. Nós temos quatro excelentes performers africanos. Eles são ótimos em tudo que fazem. Mabi tem mais de 60 anos, mas seu grupo é tão real e cheio de energia. Toda vez que eles tocam, eu me sinto inspirado. É uma grande honra para mim. Quero dizer, eu queria muito ter um irmão negro quando era adolescente. Eu adoro Miles Davis, um músico negro do Queens, Nova York. Eu realmente gosto daquele tipo de música. O Juno Reactor é um grupo muito importante para a música. Digo, a música não possui fronteiras, música pode ir para qualquer lugar, sabe? Ela une o mundo. Por isso, eu acho que o Juno Reactor é o grupo mais importante. Eu sou japonês, nós temos quatro performers, Amapondo da África, o baterista Greg é americano, Ben e Tamsyn são do Reino Unido e temos outro grande performer, Ghetto Priest. Ele veio da Jamaica. É muito interessante.

Como você se envolveu com o Juno Reactor?

SUGIZO: Primeiro, eu conversei com Ben e com o agente do grupo no Japão há mais de três anos. Eu realmente queria trabalhar com eles. Você conhece o remix de SPIRITUARISE?

Conheço.

SUGIZO: Aquele remix foi feito pelo Juno. Aquele foi o nosso primeiro contato. A outra vez que encontrei Ben foi em Tóquio, para uma entrevista de uma revista japonesa. Foi um sentimento tão legal. Naquela época, Amapondo se juntou ao Juno Reactor no Japão para um grande festival de trance. Antes de mim, o guitarrista era Steve Stevens. Você o conhece?

Não...

SUGIZO: Não?! Você não conhece!? (surpreso) Steve Stevens é um grande e famoso guitarrista americano dos anos 80! Você conhece Billy Idol?

Sim!

SUGIZO: Ele é o guitarrista! Eu acho que Steve Stevens é muito original. No começo ele era o guitarrista da banda, mas eu acho que eles tinham uma relação complicada e Ben precisava de outro guitarrista. Eu acho que eu sou ótimo para o Juno Reactor. Digo, é claro que eu vim do rock, rock japonês- Jrock; mas eu amo música psicodélica e trance. Eu consigo imaginar e ver o que eu deveria tocar para música psicodélica. É muito natural e livre para mim; é muito confortável.

Você já tocou várias vezes na América, cada vez com um projeto diferente. Que tipo de diferenças você encontrou?

SUGIZO: Desta vez é tudo tão diferente. Esta turnê tem uma agenda apertada e só temos o essencial. Nós não temos staff ou técnicos - é tudo mínimo. Nós temos que arrumar nossos equipamentos sozinhos e no fim da noite temos que deixar todos os equipamentos limpos. Com grandes projetos, por exemplo o LUNA SEA e o S.K.I.N., nós temos muitos membros do staff, mas eu acho que esta oportunidade é muito importante para a minha carreira musical. Eu acho que tenho muita sorte, geralmente os músicos mais velhos não podem fazer isso, você sabe, ter essa experiência de vida. Eu acho que tenho muita sorte. Essa música parecida com as minhas raízes. Vinte anos atrás, quando começamos o LUNA SEA, é claro, nós éramos muito jovens e fizemos muitas coisas, mas isso... isso é realmente fantástico.

Muitos artistas citam você como uma inspiração e uma influência para eles. Como isso te afeta?

SUGIZO: (pensa) Eu não sei... é claro que é uma honra enorme, uma honra muito, muito grande para mim, mas eu não sabia que exercia qualquer tipo de influência até alguns anos atrás. É... é uma honra enorme para mim (risos).

No começo da sua carreira solo, você participou do filme "Soundtrack", dirigido por Ken Nakai, como também compôs a trilha sonora. Poderia nos contar um pouco mais sobre esta experiência?

SUGIZO: Eu achei que foi ótima! O diretor, ele é um gênio. E maluco (risos). Ele é muito curioso. Ken Nakai precisou da minha música antes de começar a filmar. Geralmente, no caso da música, nós podemos ver o filme completo, mas para Nakai isso era algo impossível! Foi uma experiência tão estranha, mas foi muito boa. Eu acho que algumas das músicas em "Soundtrack" são alguns dos meus melhores trabalhos, como Synchronicity. Algumas dessas músicas são muito importantes para mim agora, aquele trabalho é fantástico.

Você gostaria de trabalhar com um filme novamente?

SUGIZO: É claro que sim! Se um diretor me quiser, é claro!

Em Março você tocou nos shows do retorno do X JAPAN. Que tipo de impacto esses shows deixaram em você?

SUGIZO: Bem... o X JAPAN é definitivamente anormal (risos). O X JAPAN não é uma banda normal (risos). O X JAPAN é um projeto enorme, é tão difícil e complicado, mas musicalmente é maravilhoso. No começo, eu não queria tocar aquele tipo de música, era muito pesado para mim. É claro, hide era como um irmão para mim. Eu pensei que ninguém mais poderia ocupar aquele lugar, mas talvez YOSHIKI pensou que "talvez SUGIZO consiga."

Podemos esperar você tocando nos próximos shows do X JAPAN?

SUGIZO: Talvez sim! (sorri)

Recentemente você lançou uma coletânea, COSMOSCAPE. Como você escolheu as músicas para este álbum?

SUGIZO: Aquelas canções são o meu lado mais natural. Basicamente, minha identidade é a de um compositor. Música é a ferramenta mais importante para minha comunicação e espiritualidade. COSMOSCAPE é o meu lado mais natural e o meu centro espiritual. Essas músicas refletem isso.

O que "cosmoscape" significa para você?

SUGIZO: Eu já fiz tantos shows diferentes. O LUNA SEA é bem rock japonês, Juno Reactor é bem trance tribal psicodélico. Eu tenho tantos projetos porque música é a minha parte espiritual mais natural. "Cosmoscape" é como se fosse o meu centro, meu núcleo.

Você tem opiniões políticas muito fortes, especialmente em relação ao governo americano.

SUGIZO: Sim, eu tenho.

Então se você fosse nosso Presidente, quais seriam as coisas que você mudaria primeiro?

SUGIZO: (risos) Ahh, basicamente esta pergunta... são tantas coisas para mim (risos). Sabe, eu apenas acho que os jovens americanos são muito importantes para o futuro do mundo. Pra falar a verdade, os americanos possuem uma influência tão forte, mas eu acho que o governo americano e os políticos americanos são quase malignos (risos). Quero dizer, esta eleição é uma oportunidade muito grande e muito importante. Eu gosto muito do Senador Obama. Ele quer eliminar as armas nucleares - é muito estranho -, mas acho que eu votaria nele. Eu não gosto muito dos republicanos de hoje. McCain é... Eu não acredito na guerra, ele é um herói de guerra, não é? Eu também não gosto de Palin. Ela matou tantos animais, como uma caçadora. Os americanos tem muito poder para mudar.

Por último, por favor dê uma mensagem para os seus fãs.

SUGIZO: Agora nós estamos vivendo no século 21. Nós precisamos mudar. Nós cometemos muitos erros no século 20, mas nós podemos mudar. As pessoas americanas podem mudar, e devem mudar para alcançar a paz, sem fronteiras, sem raça, sem religião. Eu acho que os americanos são muito importantes. Não os japoneses, apenas os jovens americanos tem a chance de mudança.

Obrigado!

SUGIZO: Muito obrigado!


O JaME gostaria de agradecer à EINSOF Marketing, ao Juno Reactor e especialmente SUGIZO por tornar esta entrevista possível.
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