Entrevista

Entrevista com lecca

28/10/2008 2008-10-28 12:00:00 JaME Autor: Kay Tradução: R.

Entrevista com lecca

Depois do lançamento de seu quarto álbum, City Caravan, o JaME realizou uma entrevista com a jovem cantora e compositora de reggae e dancehall.


© Avex Entertainment Inc.
A talentosa cantora e compositora lecca caminha para se firmar na cena japonesa de reggae e dancehall com suas músicas cativantes e sua voz poderosa. Seu último álbum, o impressionante City Caravan, lançado em Julho, chamou muita atenção e nós aproveitamos essa oportunidade para conhecer melhor esta artista e entrevistá-la sobre o álbum.


Muito obrigado por nos conceder essa entrevista. Você poderia se apresentar para os nossos leitores que ainda não estão familiarizados com o seu trabalho?

lecca: Muito prazer em conhecê-los. Eu sou lecca, uma cantora e compositora.

Quando você decidiu que queria tentar uma carreira na música? Houve alguma pessoa ou um evento específico que fez você decidir isso?

lecca: Eu tinha um vago sonho enquanto estava na faculdade com uns 19 ou 20 anos. Eu acho que conhecer várias pessoas foi o que realmente me motivou a perseguir uma carreira na música. Eu participava de um clube de canto e me encontrei várias vezes com organizadores, cantores, rappers, DJs, seniores, amigos e até professores. E eu conheci pessoas no Canadá e nos EUA. Por causa de todas essas pessoas, eu sou quem eu sou hoje.

O que te atrai na música reggae? No geral ele não é um estilo muito conhecido no Japão, então o que fez você seguir nesta direção?

lecca: Huh? Eu pensei que o reggae fosse um estilo muito popular no Japão. Eu acho que a 'música country americana', que é um outro estilo que eu gosto, é menos conhecida... Eu acho que o que causou essa minha atração pelo reggae foi quando um rastaman no Canadá me disse, "reggae é liberdade, então cante como quiser." Não importa o estilo, não importa o idioma, tudo é possível. Eu me apaixonei por essa mentalidade de poder fazer tudo o que eu quiser expressar.

Como você costuma compor suas canções?

lecca: Eu faço parte da geração dos anos 90, que escutava álbuns, então basicamente eu faço a melodia primeiro. Depois eu vejo a parte instrumental e a toco bem alto, enquanto eu penso sobre que tipo de música eu vou colocar nela. Eu gosto de adicionar coros, ao invés de um vocal solo.

Quais são algumas de suas influências musicais?

lecca: Eu nunca poderei chegar ao nível dele, mas eu acho que ninguém é melhor que o Ludacris, com suas letras complicadas e sua mensagem honesta. Ele é persuasivo, mas seus sons são perfeitos. Ele é o rei. Mary J. Blige fala sobre sentimentos particulares das mulheres. Se eu falar sobre reggae, Chevelle Franklyn, que nos pensar que ela era a irmã de Aretha. Já no dancehall, Sean Paul, que canta de uma maneira bem peculiar, Buju, que podia mudar suas expressões a qualquer momento, Lady Saw, que cantava músicas agressivas, valorizando as mulheres e as mensagens amigáveis e sinceras de RYO THE SKYWALKER. Já para criar as músicas, isso muda, mas eu fui muito influenciada pelo hip-hop.

Você tem alguns temas específicos, ou mensagens que você gostaria de transmitir com suas músicas?

lecca: Eu quero dizer que não existe apenas uma solução. Não existem regras. Se você não desistir e continuar tentando, você vai achar uma saída. Não critique os outros, mas se valorize. Nunca despreze ou ataque outras pessoas, tente se esforçar para se tornar um ser humano melhor.

Dizem que você escreve suas músicas como se estivesse escrevendo em seu diário. Você já se sentiu incomodada com a possibilidade de demonstrar seus sentimentos íntimos para uma platéia?

lecca: Eu nunca achei que compor músicas fosse algo doloroso. Eu acho que quero me revelar ainda mais. Para mim, é mais doloroso ser lembrada apenas por uma canção: "lecca é assim". Eu sou humana, então sou multifacetada. Sou fraca, mas às vezes forte. Se você prestasse atenção apenas no meu lado forte e dissesse, "Nunca mostre fraqueza porque você é uma mulher forte!" Eu iria me opor firmemente. Eu diria, "Você não sabe que o coração feminino é como um céu de outono?!" Eu também escrevo como se fosse meu diário, mas ultimamente eu ando escrevendo sobre histórias que eu ouço dos meus amigos e por aí vai. Eu gosto de criar uma cena como uma novela e expressar os sentimentos do personagem principal. Então eu sempre penso que talvez eu seja melhor como criadora do que como cantora, porque eu tenho muitas faces.

Nos seus álbuns Otaku girls no utage e URBAN PIRATES, existem algumas músicas que falam sobre dar coragem e confiança às garotas, como na música What a girl can do. Você já encontrou problemas por ser uma mulher na indústria musical japonesa, que parece ser dominada pelos homens?

lecca: Antes de eu entrar no mundo da música, eu passei por muitas coisas. Seja no Japão, Canadá ou Nova York, quando uma cantora canta em um clube, às vezes existe uma garota que se dá bem com uma pessoa importante e sobe a escada do sucesso. Existem casos em que uma garota que vai para uma festa para encontrar alguém importante, encontra o caminho para o sucesso mais cedo do que a garota que se esforça compondo canções todos os dias. E também, existem muitos homens que mentem, oferecendo conexões e oportunidades para atrair essas garotas. Eu escrevi essa música porque eu queria encorajar essa garotas e dizer para elas para não se deixarem levar por esses homens, porque eu sei que existe muito disso por aí.

Neste período após a sua formatura, você viveu em Nova York e Toronto por cerca de seis meses, aonde também se apresentou em clubes locais. Como foi essa experiência para você? Você acha que fazendo parte da cena musical americana você aprendeu coisas que não aconteceriam no Japão?

lecca: Eu nunca fui boa me apresentando, mas fazia isso por causa das pessoas ao meu redor. Eu acho que eu cantava enquanto me concentrava em colocar meu coração e alma nas músicas, tipo "apenas me escutem!", mas olhando para isso agora, eu estou um pouco envergonhada. Todos os dias, me pediam para cantar de repente, toda vez que eu estava em um clube, café, estúdio, sala ou no carro, então eu apenas pensava que as pessoas americanas (ou canadenses) eram espetaculares. Muitas vezes depois de cantar, me pediam para eu me apresentar, então esse tipo de espontaneidade em uma conversa parecia muito real e natural. Eu aprendi muito com as atitudes deles.

Falando de países no exterior, você gostaria de se apresentar no exterior também? Em quais países você gostaria de se apresentar e por quê?

lecca: Bem, deixando a palavra 'performance' de lado, eu quero ir para a África, Índia, Ásia ou Marrocos, aonde a música tradicional foi formada e estabelecida. E eu quero tocar com as pessoas destes lugares. Eu também quero entrar em contato com a música folk ligada a orações e festivais.

No fim de Julho você lançou seu terceiro álbum, City Caravan. Você tinha algum conceito em mente antes de começar este álbum? Se sim, qual era ele e como você o realizou?

lecca: Como o título mostra, o conceito é se tornar parte de uma caravana e viajar no seu dia-a-dia. Originalmente, eu pensei nesta idéia há cerca de quatro anos atrás, quando eu fiz a música mais antiga deste álbum, City Caravan. Minha motivação surgiu quando pensei que Tóquio tinha tudo, mas era parecida com o deserto porque era um lugar complicado de se viver.

Quando se escuta o álbum, fica claro que este álbum tem um som mais 'gentil' comparado aos seus álbuns anteriores. Este som mais calmo foi uma decisão consciente ou algo que aconteceu enquanto você trabalhava no álbum?

lecca: Eu acho que é por causa da minha idade... Estou menos nervosa agora do que quando eu tinha 20 anos. Agora eu não sou capaz de atacar a sociedade ou as outras pessoas porque eu descobri que eu também tenho minhas falhas. Agora, a música que eu escuto possui vocais mais destacados. Cinco anos atrás, eu estava sempre escutando dancehall, mas este ano eu estou escutando Jah Cure, Da'Ville, Alaine, Kevin Micheal, Kevin Lyttle... Eu ainda gosto de dancehall, mas eu acho que estou me distanciando dele agora. Eu quero me curar e eu quero curar os outros. (risos)

A capa do álbum dá uma sensação nômade, como também o título, City Caravan. Qual é a história por trás do título do álbum?

lecca: Era o nome de uma música e não um nome para o álbum. E era também a base do conceito. Eu imaginei nômades, mas eu pensei mais nas tribos do deserto: os beduínos. Os beduínos ainda vivem no deserto. Eles prezam sua família, suas vidas, respeitam os mais velhos e ensinam às crianças o que é importante. Mesmo vivendo em Tóquio, eu amo minha família, e eu quero escutar os conselhos dos mais velhos, e eu sempre penso em não ensinar coisas erradas para as crianças.

A música CIRCUIT BUS foi produzida pelo produtor jamaicano Christopher Birch e tem a participação do grupo Voicemail. Poderia nos contar como essa colaboração aconteceu?

lecca: Originalmente eu queria tocar uma música com o Voicemail, então eu entrei em contato com eles ano passado. Quando eu perguntei à eles se poderíamos trabalhar juntos, que riddim era melhor para eles, Oniel me deu o nome de Birch e disse que ele não era problema. O "riddim militar" que era popular naquela época, foi produzido por Birch, então eu perguntei para ele "ele pode trabalhar com a gente?" e ele disse "ele fará isso porque ele é um bom homem!" e foi assim que decidimos!

O clipe de Ai&lie&wine, que também está incluído no álbum, parece bem diferente dos seus outros clipes. Por que você escolheu fazer esse tipo de vídeo, com vários dançarinos, ao invés de seu estilo comum de clipes com histórias?

lecca: Eu gosto de clipes que possuem uma história, mas com Ai&lie&wine, eu acho foi graças aos meus amigos dançarinos, que se apresentaram no clipe, que esse vídeo se tornou possível. Quando eu fiz a música, eu imaginei uma cena na minha cabeça aonde todos eles apareciam provocando a câmera. Haviam algumas cenas e enquadramentos que eu queria tentar, mas eu não sou uma diretora, mas eu vou tentar isso algum dia...

A música City Caravan III é dividida em duas partes, Ieji hajime e Ieji owari. Poderia nos contar algo sobre o significado destas músicas e por que existem duas partes dela?

lecca: Uhm, isso foi uma sugestão do meu produtor, então não existe nenhuma razão especial. Mas eu posso dizer que se fosse apenas uma música, ela seria muito longa para ser um interlúdio.

A música BELLE EPOQUE tem a participação do MC Diggy-MO’ do SOUL’d OUT. Como foi trabalhar com ele? Quem ficou responsável por cada parte da música?

lecca: Eu achava que não deveria fazer canções com as pessoas que eu respeito muito. Estou brincando. Tornou-se um tesouro de família. Eu respeito Diggy , então eu demorei muito mais tempo que o normal fazendo esta música. Demorou bastante porque... Eu pensei "Eu não posso fazer Diggy cantar isso com uma faixa ruim, e quando os fãs de Diggy a escutarem, eu quero que eles digam "Isso é legal." Eu passei um mês fazendo a música e outro mês escrevendo as letras. Diggy gostou do riddim que eu fiz e depois disso nós dois escrevemos separadamente. Nós decidimos vagamente sobre o tema 'a música é demais' e depois escrevemos, então foi muito difícil. E quando nós finalmente cantamos juntos no estúdio, de certo modo as letras não era muito naturais, então eu reescrevi meu verso depois da gravação. No segundo dia de gravação, nós entramos no mesmo estúdio. Foi tão estimulante que Diggy me deu vários conselhos, como um professor. O coração desta música é a letra do verso de Diggy! Por favor, leiam estas maravilhosas letras com tanta coragem para todos nós.

De todas as canções, qual foi a mais difícil e qual foi a mais fácil de fazer? E por quê?

lecca: A música mais difícil com certeza foi BELLE EPOQUE. A mais fácil foi... Todas as outras canções foram mais fáceis, eu acho, mas eu não posso dizer que elas foram fáceis... Bem, eu não consigo pensar na mais fácil. Me desculpe.

O que você prefere: trabalhar no estúdio ou se apresentar ao vivo? Por quê?

lecca: É claro que eu gosto de trabalhar no estúdio. Se eu pudesse, eu apenas gostaria de fazer música todos os dias. E eu falo sério. Se outra pessoa pudesse se apresentar no meu lugar, eu acho que eu deixaria ela se apresentar.

Você tocou várias vezes em vários eventos grandes no verão. Como é se apresentar para uma platéia de festival ao invés de uma em um de seus próprios shows? Você gosta de apresentar sua música para novas pessoas deste jeito?

lecca: Apesar de eu não me apresentar muito ao vivo, cantar em um grande festival é divertido e quente. Entretanto, o público é diferente se comparado com um clube, então é um pouco estranho. Num clube, eu posso conversar, olhar para a cara das pessoas, jogar e entregar coisas. Se é divertido espalhar minha música através de eventos? Eu não sei muito bem.

Quais são seus planos para o futuro? Você já tem alguma coisa em mente para novas canções?

lecca: Desde que eu tenha tempo, eu componho todos os dias. É uma pena que eu tenha que parar de compor quando eu machuco minha garganta depois de trabalhar tão duro. Se eu puder, eu quero fazer duas músicas por dia e fazer cinqüenta músicas este mês. Ontem, eu fiquei com a garganta doendo depois de compor uma música e meia, então eu parei. E ao longo destes próximos meses, eu irei para algum lugar para um show ao vivo todo fim de semana, então eu quero tentar e deixar mais tempo para compor. Eu já disse isso antes, mas eu acho que eu seria feliz só me concentrando em fazer música.

Por favor, deixe uma mensagem final para os leitores.

lecca: Estou procurando alguém para cantar minhas músicas! (risos) Muito obrigado por ler esta entrevista. Se você se interessar por mim, por favor escute minhas canções.

Muito obrigado por usar seu tempo para responder esta entrevista!


O JaME gostaria de agradecer à lecca e à Avex por tornar esta entrevista possível.
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