Entrevista

Entrevista Com Angela Aki

03/01/2007 2007-01-03 12:00:00 JaME Autor: JaME

Entrevista Com Angela Aki

Pequena entrevista com a autora da música tema de Final Fantasy XII


© Sony BMG
O JaME teve uma oportunidade excepcional de entrevistar a cantora Angela Aki na comemoração do lançamento da trilha Sonora Original de Final Fantasy XII. Sua música no mundialmente famoso Final Fantasy XII é a música de abertura Kiss Me Good-Bye.

Você pode se apresentar aos nossos leitores que ainda não lhe conhecem?
Meu nome é Angela Aki, sou cantora e compositora.

Além do fato de você ter estudado música, como você chegou a esse meio? Basicamente, me levou muito tempo até eu conseguir alcançar minha estréia major, e eu acho que você sabe, uma das maiores curiosidades é que eu estava fazendo carreira independente nos EUA e quando eu voltei pro Japão eu continuei minha carreira musical, e continuei trabalhando muito pesado. Eu não queria desistir então continuei dando duro. Me levou 10 anos para alcançar o que pessoas alcançam em poucos meses, então, basicamente, trabalho duro me trouxe até aqui.

Seu primeiro álbum indie foi lançado em 2000 nos EUA, por que você esperou cinco anos antes de tentar de novo?
Hum, não é bem que eu esperei cinco anos. Eu fiquei lançando minhas músicas, só que mais localmente, sabe como é, à medida que o tempo passa, quando você não tem muito dinheiro nem muito tempo para gravar em estúdios. Então, eu continuei compondo e fazendo muitos shows, mas levou alguns anos até eu conseguir fazer uma gravação.

Já que você estava se graduando em música e economia política, você pensou em liderar sua carreira? Ou você contava com um empresário?
Hum, eu sou uma compositora bem engajada. Então, eu gosto de me envolver em várias coisas, então minha prioridade número um é escrever músicas boas e isso nunca vai mudar, contudo, eu gosto de expressar minha opinião no gerenciamento da carreira, então eu gosto de me envolver em ambos aspectos.

Então, você é mais independente.
Sim, eu sou bem independente.

Qual foi o primeiro álbum que você comprou?
Eu cresci no Japão, então provavelmente um álbum de algum artista japonês.

Você lembra qual?
Rie Miyazawa. Hahaha. Sim, “DREAM RUSH.” (*Um single).

Sua mãe é uma Italiana Americana. Você já reparou que o jeito como se veste, incluindo a escolha dos óculos, definitivamente te dá uma impressão de ser Italiana?
Hahaha. Sério? Eu não sei se dá. Meus óculos são do jeito que eu gosto, como se fosse o escudo que eu levaria para a Guerra. É Uma das minhas armas, me protege de uma porção de coisas. Sabe, é mais do que um estilo, eu preciso dessa proteção para ser mais corajosa e fazer coisas que algumas pessoas poderiam dizer, “Eu não acho que você deveria fazer isso”, ou “Eu não acho que você está pronta pra isso”. Me dá coragem. Eu posso me despir, mas ainda ficar com meus óculos para que eu consiga ir para cama.

Wow, isso é interessante, foi sua decisão?
Oh sim, com certeza.

Quem escolhe seus óculos?
Eu costumava usar uns pares de óculos bem vagabundos. Eu que os comprava. Mas depois eu comecei a usar uns óculos meio marrons, durante meus primeiros álbuns indies em 2005. Mas quando eu lancei meu primeiro álbum major, eu decidi usar óculos pretos pra fazer sessões de fotos. Desde então eu só usei óculos pretos.

Você acha que a escolha da cor também é uma forma de se proteger?
Sabe, a única razão pela qual eu continuo usando óculos pretos, é porque eu gosto do estilo deles e como eu me sinto com eles. Eu nunca usaria óculos pretos se eu não ficasse bem com eles. Como eu disse, eu usava óculos marrons antes, mas agora meu cabelo é preto também, então eu acho que combina muito bem com o meu cabelo.

Você tem planos de voltar aos EUA num futuro próximo? Qual é sua melhor lembrança sobre os shows nos EUA?
Como eu disse, eu toquei nos EUA por um bom tempo, provavelmente durante toda a faculdade desde 1996 até 2003, quando eu voltei pro Japão, então foram uns bons sete anos. Eu tive muito tempo pra tocar nos EUA, e eu abri muitos shows. Eu também abri pra vários outros atos, também fiz shows em livrarias, cafés, bares e qualquer coisa que você puder imaginar. Mas eu realmente gostei do show que fiz de abertura pra banda Sixpence None The Richer. Foi um ótimo show, eu gostei bastante. Se eu quero voltar para os EUA? Sim. Claro, eu adoraria tocar minhas músicas em qualquer lugar que as pessoas quiserem ouvir, mas eu quero construir uma base mais sólida aqui no Japão primeiro, antes de eu fazer tudo isso.

Eu acho que você já alcançou isso. Você já está pronta pra voltar aos EUA?
Eu acho que ainda preciso de um pouquinho mais de tempo no Japão antes de voltar para os EUA. Eu não acredito que criei uma base sólida o suficiente ainda.

E quanto a Europa? Gostaria de fazer shows aqui também?
Oh sim. Um dos meus artistas favoritos, Rufus Wainwright adora tocar na Europa, e eu adoro ler entrevistas sobre como são os povos franceses, britânicos, etc. Então eu só imagino como deve ser tocar lá. Eu adoraria. Até mesmo shows pequenos, sabe.

Um pouco do seu sangue é Europeu também.
Oh sim, com certeza. Tenho que ir visitar minhas raízes italianas também.

Quem são seus artistas favoritos no Japão e no exterior?
Eu tenho um monte de artistas favoritos, mas a Ringö Shéna é uma das garotas-artistas que eu mais gosto no Japão. E nos EUA, ahh eu tenho muitos, mas provavelmente Fiona Apple. Eu vi um show dela recentemente e tive a chance de conhecer ela. Foi uma experiência incrível. Digo, eu gostaria de ter dito mais à ela. Ela estava cumprimentando e recebendo um monte de pessoas e eu não queria tomar o tempo dela e eu só queria dizer a ela que ela é minha deusa, sabe. Fiona, Sarah McLachlan, sabe. Eu gosto de Ben Folds, um monte de artistas.

Como você descreveria as imagens no encarte do seu álbum. Elas parecem tão naturais e simples, assim como você, talvez.
Tendo vinte-e-oito anos e estreando, sabe, eu tinha vinte-e-oito quando eu lancei meu primeiro álbum (major), eu fiz vinte-e-nove logo depois, e é diferente de quando você tem dezoito e está lançando seu primeiro álbum. Quando eu fiz meu álbum independente em 2000 (These Words), eu era muito jovem e tinha acabado de me formar na faculdade e tinha tanta coisa, coisas glamourosas dentro desse ramo, que eu queria fazer, mas, uma vez que você quase alcança os 30, você percebe que as coisas não são mais bem assim. É claro que você quer ser de um certo jeito, mas toda a história de coisas glamourosas e etc, eu já estava cheia disso. Eu só queria entrar pro ramo da música de um jeito simples. Sabe, sem muitos shows antes de entrar pra música.

Foi você quem compôs o tema de Final Fantasy XII. Como te pediram isso?
O Sr. Uematsu se aproximou de mim e falou sobre o assunto antes mesmo de eu ter mostrado algum material pra ele, então foi uma surpresa, mas de alguma forma ele tinha uma demo tape minha, e ele ouviu minha voz e disse que essa era a garota que ele queria que cantasse a música tema, então eu fiquei muito honrada.
[Nota: Nobuo Uematsu, compositor da trilha sonora da série Final Fantasy]

Existe algum outro filme ou jogo para o qual você queira compor alguma música?
Temas de filme seria incrível. Eu sempre acho que o momento específico no qual a música toca é uma parte essencial de um filme. E jogos de vídeo game também, eu acho que as músicas estão muito ligadas com a história e com nossas emoções, então eu definitivamente gostaria de tentar algo assim.

Você toca instrumentos como o piano, violão e até bateria… Qual deles você prefere e por quê?
Piano, claro, porque é meu parceiro. Tem os outros instrumentos, também, eu toco violão e componho com o violão, e eu gosto de bateria, mas entre os momentos bons e ruins, o piano foi meu parceiro durante tudo.

Quanto a compor músicas, você acha mais fácil pelo piano ou guitarra?
Piano. As extensões dos meus dedos são as teclas, então definitivamente o piano.

Você toca bastante violão?
Eu não tenho tocado bastante. Eu tocava bastante durante a faculdade. Metade das minhas músicas do álbum de 2000 foram escritas com o violão.

Quando você está compondo com o piano, o que você faz primeiro? A melodia da música, a progressão, ou você só sai tocando?
Eu fico tocando e então acho a melodia, e enquanto eu canto a melodia uma palavra “cai do céu” e essa é a chave da música, e é como eu escrevo quase todas as minhas músicas.

Você já tocou muitos covers. Quais são seus favoritos e de quem você queria fazer cover?
Eu gosto muito de "Today" do Smashing Pumpkins. É uma das minhas favoritas. Eu faço o cover dela em japonês, então dá um toque diferente à música. Podendo tocar assim, até a Fiona Apple seria um sonho transformado em realidade.

Eu espero que seu sonho se realize.
Eu morreria se pudesse compor uma música com ela.

Você tem algum plano de fazer um álbum só com versões covers?
Sabe, é uma idéia que eu definitivamente queria realizar, mas eu quero compor mais um monte de músicas originais antes, eu acho que assim que você tem uma imagem formada é mais divertido fazer covers, mas não como uma artista nova. Eu acho que é muito cedo pra isso.

Como sua família vê sua carreira hoje?
Eles estão surpresos. Eles nunca pensaram que eu conseguiria tudo isso. Não, to brincando. Eles sempre acreditaram em mim, mas porque isso me levou dez anos, eles estão muito muito felizes. Eles sabem o quanto eu trabalhei pra isso.

Quando você não está trabalhando com música, o que mais você gosta de fazer?
É difícil, porque a música toma grande parte da minha vida. É difícil me ver sem ela. Mesmo nas minhas folgas eu acabo tocando piano. Isso é meio doentio, você não acha? Haha.

Você pensa em cantar em outras línguas? Ou até mesmo um álbum inteiro em inglês?
Sim, um álbum inteiro em inglês, definitivamente. Eu faria isso. Eu vou dizer. Eu não vou só esperar por isso. Eu vou dizer, porque eu vou fazer isso. Mas como eu disse antes, eu quero construir uma fundação forte no Japão antes de fazer um álbum desses. Eu não acho realmente que o Japão seja secundário em relação aos Estados Unidos. Eu vejo como se fosse o mesmo mercado. É claro que existem mais pessoas que ouvem músicas americanas, música ocidental, se quiser, mas eu quero realmente construir minha fundação aqui antes de fazer isso, porque eu tenho certeza que os japoneses vão adorar um álbum em inglês também.

O que você quer que as pessoas sintam quando você está cantando?
Eu acho que quando eu canto a coisa que mais sinto é a conexão. Quando me conecto com a pessoa para a qual estou cantando, sejam três ou mil ou dez mil pessoas, eu acho que essa conexão um-a-um é a melhor coisa. Essa é a razão pela qual eu canto.

Isso é muito bonito.
Isso é uma das coisas mais importantes para mim.

Que tipos de música você mais gosta de cantar? Tristes ou felizes?
Eu gostaria de cantar várias músicas felizes, mas eu sou uma pessoa melancólica por alguma razão. Minha personalidade é mutável. É muito estranho. Existe muita ironia dentro de mim. Eu gostaria de cantar músicas felizes, mas eu tenho que dizer que 80% das minhas músicas são tristes. Talvez até 90%. Eu não sei. Sabe, vamos lá, "Kiss Me Good-Bye.” Foi o título que me veio quando eu ouvi pela primeira vez a música do Sr. Uematsu.

Você já fez um monte de shows. O que mais você gosta quando está na frente da audiência? Você pretende continuar fazendo dessa forma?
De novo, a coisa mais importante pra mim é a conexão entre mim mesma e os meus ouvintes. Tocar ao vivo pra mim é como oxigenio. Eu preciso. Eu preciso pra minha carreira musical e é meu oxigênio, eu morreria sem. É meu oxigênio e minha fonte de vida, é a conexão. É a fonte da vida pra mim, então eu vou continuar a fazer shows independentemente se for pra uma pessoa ou dez mil pessoas, sabe.

Alguma mensagem para pessoas do exterior?
Eu sei que muitas pessoas estão escrevendo em seus sites no exterior sobre mim, então eu fico muito honrada que as pessoas tentem traduzir minhas músicas do japonês pro inglês, e que gostem disso. São eles que realmente gostam de música, eu só sou um leve sopro na vida dessas pessoas, e sou muito, muito honrada que essas pessoas sejam interessadas em música pop japonesa e ter interesse na minha musica. Então obrigado, muito obrigado e eu adoraria que elas soubessem como eu me sinto.


Agradecimentos à Sony BMG e à Tofu Records por nos dar essa oportunidade, e obrigado a comunidade da Angela Aki no LJ por nos oferecer algumas questões.
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