Entrevista

Entrevista exclusiva com Daita

23/12/2004 2004-12-23 12:00:00 JaME Autor: KimKim Tradução: Gaga-kun

Entrevista exclusiva com Daita

Daita fala um pouco sobre o Siam Shade, música e até técnicas em uma longa entrevista.


© DAITA
Após 12 horas em um avião e 3 horas no Shinkansen, indo para Tóquio, passando por entre a gigantesca multidão do fim de semana de Shibuya, eu sigo lentamente até nosso ponto de encontro.

Dentro do lobby do hotel, eu vejo o empresário de Daita, com o qual nós falamos do JaME e seus projetos para o futuro. Após 10 minutos de conversa, seu celular toca. Sim, é o próprio Daita, no telefone, esperando por nós! Seu empresário apresenta todo mundo, se passa a troca usual de cortesias e cartões, e então nós vamos ao restaurante do hotel, onde finalmente a entrevista começa.

No que você pensou quando compôs Euphony?

DAITA: A terceira faixa desse álbum, Suna no Shiro, na verdade é a primeira que eu compus e gravei, para fazer um demo que eu trouxe para a SONY Records. Eu estava principalmente procurando por sons mais orientais nessa faixa. Já houveram alguns concertos mixando a guitarra elétrica e uma orquestra filarmônica, para re-arranjar partes famosas de músicas clássicas, mas eu nunca tinha ouvido esse tipo de dueto em composições originais até agora. Eu queria ser o primeiro a fazer isso, e então compus o Euphony. Eu também pensei que seria uma boa idéia ter músicos estrangeiros tocando nas gravações, e fiz isso com uma orquestra na China. Quando eu componho, fico muito atento para que a música não somente se funda comigo mesmo, mas também com os instrumentos.

Nós pudemos ler em uma entrevista para uma revista, que você compôs o Euphony usando, primeiramente, um teclado, então transcreveu tudo para guitarra, o que deve ter sido muito difícil.

DAITA: Como essas faixas são músicas onde minha guitarra toca a melodia principal em meio a uma orquestra, eu expliquei para o produtor musical como eu iria tocar minhas partes durante os arranjos, para que ele pudesse criar um som para minha guitarra e inseri-la, do mesmo modo que faria com um violino ou qualquer outro instrumento de cordas ou que você possa encontrar em uma orquestra. Nós fizemos os arranjos com essa idéia. Músicos que tocam instrumentos de música clássica não gostam quando sons de uma escala "machucam" uns aos outros (guitarra geralmente não faz parte de uma orquestra; sons de uma escala, no entanto, podem sobrepor uns aos outros quando você toca uma guitarra). Foi por isso que eu tive cuidado de harmonizar esses dois tipos de sons sem que "machucassem" um ao outro. Finalmente, quando eu compus este álbum, como eu toquei piano antes de aprender a guitarra, eu procurei por melodias no piano, porque se eu tivesse feito direto com a guitarra muitas partes ficariam com sonoridades de guitarra. Foi bem no final, durante os últimos arranjos, que eu transcrevi tudo para a guitarra.

Desde o começo, você compôs tudo com um teclado?

DAITA: Suna no Shiro foi a única música que eu compus com a guitarra.

Seus dois álbuns, Direct Chord e Euphony, têm estilos muito diferentes. Você quer voltar a experimentar novos estilos?

DAITA: Talvez eu desenvolva um projeto no ano que vem em que faço os vocais. Por outro lado, eu também gostaria de fazer um álbum solo, com um estilo diferente do que eu propus até agora, e até fazer um novo show. Esses dois projetos não têm nenhuma relação, na verdade, mas o que eu quero apresentar será diferente do Euphony. Eu gostaria de tocar um material mais rock, puro. Como eu absolutamente amo rock progressivo, eu gostaria de gravar um álbum nesse estilo. Eu acredito que mixando uma faixa de rock progressivo, ou seja, uma faixa longa e complicada, com uma faixa mais compacta para fazer uma de "tempo normal", pode dar um bom resultado.

E, para seu próximo álbum, você pretende produzir tudo também, como fez no Direct Chord?

DAITA: Não tenho certeza, porque estou me encontrando com muitos músicos e acredito que há uma grande possibilidade de nós gravarmos algo juntos.

Você pensa em tocar com músicos estrangeiros algum dia?

DAITA: Se eu tiver tempo, vou pensar no assunto. Se existirem músicos que querem tentar fazer isso, eu estou dentro!

Existem músicos com os quais você gostaria de trabalhar?

DAITA: Wow! Sim, muitos! (risos) O RUSH, por exemplo, uma banda canadense de rock, que eu amo!

E recentemente você foi a um dos shows deles, não foi?

DAITA: Sim, eu fui vê-los tocarem ao vivo em Chicago. Mas, mesmo aqui no Japão, existem diversas pessoas com as quais eu gostaria de tocar se tivesse uma oportunidade... Eu gostaria de tentar com todos os músicos que conheço!

Existem músicos japoneses em especial que você gosta?

DAITA: Antes de tudo, tem o Kyosuke Himuro (Nota: para quem ele está tocando no momento) e eu também tenho uma afeição especial por músicos com quem eu pude trabalhar, nós nos entendemos em nossa música. Existem também diversos artistas que você pode ouvir, ou assistir na TV ou no rádio que eu gosto de ouvir. Eu não consigo realmente dar alguma preferência.

Há algum músico europeu que você gosta?

DAITA: Umm (enrolado) tem muitos... eu gosto do U2. Quanto a hard-rock, tem o Scorpions e o Judas Priest que eu amei ao mesmo tempo. Tem também algumas bandas de rock inglesas que eu gosto de ouvir uma vez ou outra.

Qual sua opinião sobre a chegada do J-Rock à Europa?

DAITA: O Japão é um país insular, um pouco fechado dentro de si mesmo, com sua cultura e estilo específicos. A conseqüência é que, tanto na música, na moda, ou qualquer outra coisa, nós fazemos do nosso jeito. Nós temos nosso próprio significado de "beleza", e sabendo que a Europa o entende e aprecia me deixa bem feliz. Saber que os Europeus gostam da música do Siam Shade (que manteve no Japão um tipo de música que eles gostavam sem nenhum arranjo especial para comércio) e que a entendem, isso também me deixa muito feliz. Eu gostaria que eles conhecessem ainda mais.

Neste momento, existem alguns jovens guitarristas na Europa que tentam tocar suas músicas. Qual conselho você daria para ele comporem?

DAITA: Quando em componho, a técnica é importante, é claro, mas, como eu sou um guitarrista mais melódico, dou muita importância para a melodia, para a atmosfera da música, a imaginação. Treine até você sentir a guitarra viva dentro da música. Ouça o máximo de músicas que você puder, aprenda com o que está ouvindo, e você verá que mixar o que você ouve com sua própria sensibilidade dará vida a uma nova música. Quanto a mim, foi ouvindo músicas européias que eu criei o Euphony. Então, eu ficaria muito feliz se, de forma contrária, um músico europeu influenciado por músicas japonesas pudesse criar algo, como eu fiz com o Euphony.

Um amigo meu está tendo câimbras tentando tocar suas músicas no tapping (Nota: técnica de guitarristas). Que exercícios você recomendaria a ele, para que ele consiga fortalecer os dedos e os pulsos?

DAITA: O melhor é tocar freqüentemente, o máximo possível. Sempre que você tiver um tempo livre toque de novo e de novo, músculos de um guitarrista vão se desenvolver e você vai melhorar rapidamente. Quanto ao pulso, tente tocar bem rápido, e tocando ritmos difíceis. É bom para o pulso... Mas você não deve fazer muito disso, porque, você sabe, tocar muito machuca seus pulsos! (risos)

A propósito, nós podemos ver regularmente fotos de suas viagens, refeições... Você já esteve na França? Você gosta de nossa comida?

DAITA: Você sabe, comida francesa no Japão é um luxo… (risos) É claro que eu já fui a um restaurante francês, mas não muito freqüentemente. Sabe, japoneses vêem a comida francesa como sendo muito luxuosa e delicada, então muitos japoneses nem ousam entrar em restaurantes franceses. É meio como o Kaiseki japonês (risos) (Nota: tradicionais refeições luxuosas japonesas). Eu também tenho um amigo que acabou de abrir um restaurante francês, eu estou pensando em ir lá, mas eu não sou nenhum especialista.

Você já esteve na França?

DAITA: Não, ainda não, mas eu gostaria de ir! Eu tenho um amigo que foi pra lá por um tempo, para estudar.

Você gosta de ir pro exterior, não gosta?

DAITA: Como eu nunca estive na Europa, eu gostaria de ir pra lá.

Do que você gosta quando vai pro exterior?

DAITA: É claro, das culturas, das vistas das cidades... Cada uma delas me inspira um pouco, como se eu fosse para o exterior para compor.

Você sempre gostou de viajar, desde quando era criança?

DAITA: Desde o colegial, na verdade, eu fazia muitas viagens com meus colegas de escola.

E você compunha durante essas viagens?

DAITA: Aah não, não naquela época! (risos)

Me parece que você gosta de gyoza. (risos)

DAITA: Hahaha! Gyoza vai muito bem com uma boa cerveja!

Eu ouvi dizer que você gosta de lamen. Você poderia recomendar algum para os franceses?

DAITA: Vocês comem lamen na França??? (muito surpreso)

Sim, é claro! Tem até uma rua em Paris dedicada à comida Japonesa!

DAITA: Sério?! (admirado)

Você assiste algum esporte francês?

DAITA: Eu gosto bastante do time francês de futebol, especialmente de Henry e Zidane.

Você sabia que existem fãs europeus que também visitam seu site offcial na internet?

DAITA: O quê? O que quer dizer?

É fácil com a internet. Mas, como tudo é escrito em Japonês, muitos deles infelizmente não conseguem ler. Você já pensou em fazer uma versão em inglês do site?

DAITA: Sim, nós pensamos em fazer uma em breve.

Adicionar um monte de fotos, como você faz, é uma coisa muito legal!

DAITA: Na internet, se você não coloca fotos, eu acho que não fica muito interessante. Ao menos é isso que eu sinto quando estou navegando.

Mudando de assunto, eu fui ao seu show no Shibuya O-East, e foi excelente. Eu nunca pensei que um show de rock instrumental poderia ser tão bom, foi um grande sucesso. Você estava se preparando para o show por muito tempo?

DAITA: A preparação até que foi rápida, mas os ensaios começaram apenas duas semanas antes do show.

Você escolheu imediatamente quais seriam os músicas que iriam tocar pra você nesse concerto?

DAITA: Desde maio. Eu comecei convidando diversos músicos para tocar nesse show em fevereiro, mas, como são muito populares, eles tinham que respeitar o planejamento para seus próprios concertos somando com nossos ensaios: eles estavam trabalhando para esse concerto e outros ao mesmo tempo. Estava indo bem, mas era um processo lento.

Esse show foi numa segunda, ou seja, muitos fãs que vivem longe das grandes cidades não puderam vir. É triste.

DAITA: Sim, eu sei... Então, assistam ao meu DVD!

Eu estou muito feliz porque nada foi cortado no DVD, nós pudemos assistir a todo o show.

DAITA: Sim, eu quis fazer esse DVD não para "vendas gerais", mas para aqueles que não puderam vir ao concerto. (Nota: Ele fala a verdade aqui, e isso explica porque esse DVD não estava a venda em lojas de músicas, mas somente poderia ser comprado através de seu website.)

Você conseguiu decidir a set-list pra esse show logo de cara?

DAITA: Um ou dois meses antes do show, nós tivemos que pensar na programação pelo menos uma ou duas vezes, especialmente escolhendo quais faixas tocar e em que ordem... Nós não tínhamos muitas músicas pra escolher mesmo! (risos)

Você tocou todas as músicas de seus álbuns e três do "Volcano High". (Nota: "Volcano High" é o nome de um filme coreano para o qual Daita fez a trilha sonora.)

DAITA: No início eu não tinha intenção de tocar nenhuma música desse álbum. Porém, quando vi as reações no meu website, onde os fãs disseram que queriam que eu tocasse algumas delas, decidi tocar algumas e escolhi músicos que poderiam tocá-las.

E eles são os mesmos músicos que tocaram com você na apresentação do "Volcano High".

DAITA: M. Saino na bateria e no teclado e Okanda no baixo. Eu também toquei com M. Saito turnê do Himuro no ano passado. E, finalmente, M. Nakano como técnico, que não era um desses músicos.

Seu DVD não está à venda na Europa, mas mesmo assim alguns fãs conseguiram um exemplar dele. O que você acha disso?

DAITA: Eu estou muito contente! (risos) Meus shows solo começaram esse ano e eu não tinha absolutamente a menor idéia de como seria depois disso.

Você definitivamente tem que vir fazer um show na Europa! Algumas bandas de rock japonesas já foram fazer alguns concertos na Europa.

DAITA: Sim, seria absolutamente incrível! (lendo as datas de shows no site do JaME) Ei, em uns 10 anos eu deveria tentar me vestir no estilo visual-kei para ver como fica! (rindo muito)

Como um músico solo, numa banda ou num estúdio, eu acho que há diversas formas de atividades musicais a se explorar. Como você enxerga o artista ideal?

DAITA: Mesmo hoje, eu estou tentando ser o único no meu estilo, diferente de todos, o qual ninguém possa imitar. Quando eu escolhi minha guitarra pela primeira vez e tentei tocá-la, todos os músicos que me inspiraram dividiam esse mesmo ponto de vista. Eu gostaria de me tornar como eles. É raro achar músicos únicos hoje em dia que tenham sua própria importância original. Prosseguir fazendo algo que gostamos e ser bem sucedido no show business é algo muito difícil, mas uma banda como o RUSH, por exemplo, uma banda que eu amo, é um desses artistas únicos que alcançaram esse objetivo, enquanto mantiveram sua imagem e originalidade. Eu espero que possa também fazer parte dessas pessoas excepcionais.

E essa idéia não mudou nem mesmo hoje?

DAITA: Não, não mudou, e mesmo na época do Siam Shade eu tinha essa idéia em mente, pensando que esse era só um método de tentar alcançar esse objetivo. Eu acho que uma vida não seria suficiente para fazer tudo que eu quero fazer musicalmente, mas, até quando eu puder, eu gostaria de aprender mais, olhar, fazer o que eu gosto e viver experiências excitantes. Eu sou impaciente de natureza e não é fácil me parar. Um pouco como no rugby, quando você começa a correr para frente, sem ninguém conseguir te deter, entende? (risos)

Finalmente, você gostaria de dizer algumas palavras para seus fãs europeus?

DAITA: Eu estou muito surpreso com o sucesso do Siam Shade na Europa, apesar de nós termos nos separado. Cada membro da banda agora tem uma carreira solo e nós todos temos um estilo e som diferentes do que fazíamos na banda. Eu cresci ouvindo bastante música clássica, então me interesso pela música européia. Esse é o motivo por que mixar esse tipo de música com a minha é algo natural para mim, porque isso me inspirou, e seria ótimo se, graças à música, nós pudéssemos criar um tipo de ponte entre a Europa e o Japão. Se me for dada a chance de fazer um concerto na Europa, eu irei com maior prazer. Continuem a ouvir minha música!
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