Entrevista com DAI KONAN
O músico DAI KONAN fala sobre seu mais recente cover de "Alive or Undead" (Powerwolf), e a colaboração com Shinno (NoGoD), Ayame (Matenrou Opera), yumeji (HOLLOWGRAM) e Aki (ex-Lc5). Ele compartilha detalhes sobre a escolha de Madri para o clipe, suas experiências de viagem pela Europa e sua forte conexão com a música gótica finlandesa.
O músico DAI KONAN lançou recentemente um cover de Alive or Undead, uma canção originalmente interpretada pela banda alemã de power metal Powerwolf. Para o videoclipe do cover, ele viajou até Madri, na Espanha, e gravou entre as famosas esculturas do Parque El Retiro.
Além de DAI KONAN nos vocais, a formação da nova gravação de Alive or Undead conta com o guitarrista Shinno, da banda NoGoD, o tecladista Ayame, da Matenrou Opera, o baixista yumeji, da HOLLOWGRAM, e o baterista Aki, que já tocou em bandas como Lc5.
A equipe finlandesa do JaME teve a oportunidade de entrevistar os músicos sobre o cover e também ouvir de DAI KONAN sobre suas viagens recentes pela Europa.
DAI KONAN, seu novo cover em parceria com Shinno, Ayame, yumeji e Aki foi lançado. Como foi o processo de reunir esse time para trabalhar nessa versão?
DAI KONAN: Em primeiro lugar, yumeji, que tocou baixo nessa música, é na verdade guitarrista. Ele já havia tocado guitarra para mim em três outros covers. Embora eu tenha convidado Shinno para tocar guitarra nessa versão, queria muito colaborar com yumeji de alguma forma. Como sabia que ele também tocava baixo, pedi que assumisse esse papel. Nos conhecemos há cerca de 15 anos, desde a época em que ambos estávamos em bandas em Sapporo, e sempre saíamos para beber juntos. Ele continua sendo um grande amigo.
Quando eu fazia parte da banda m:a.ture, também compunha para programas de TV japoneses e outros projetos musicais. Foi assim que comecei a trabalhar com yumeji. Na época, compus a abertura do show da banda Lc5, na qual yumeji tocava, e foi aí que conheci Aki. Sempre soube que ele era um baterista incrível, e, para essa faixa, queria muito um som de bateria como o dele, então o convidei para participar. Também sou amigo de longa data de Sato, baixista da Lc5, e ainda saímos para comer e assistir a lutas de wrestling. Hoje, ele toca na banda ASH DA HERO.
Ah, falando em Lc5, Miku, da An Cafe, era o vocalista, certo? Curiosamente, quando fui a uma loja de roupas vintage na Letônia, encontrei uma camiseta da An Cafe! Fiquei tão surpreso que perguntei ao funcionário da loja sobre ela, e ele disse que a comprou nos EUA. Acho que foi simplesmente porque gostaram do design. (risos) Nunca imaginei encontrar uma camiseta da An Cafe nos países bálticos!
Conheci Ayame e Shinno na época da m:a.ture, mas nunca tocamos juntos. No entanto, sempre apoiamos as bandas uns dos outros, indo a shows e saindo juntos. Com Ayame, a conexão foi imediata, pois há poucos tecladistas em bandas de rock. Acho que nos conhecemos em um evento de demonstração de sintetizadores promovido por uma marca, e desde então temos ótimas conversas sobre música e composição. Quanto a Shinno, ele foi a primeira pessoa em quem pensei para esse cover. Conheço seu estilo de guitarra da NoGoD e sabia que ele era a escolha perfeita. Mesmo sem termos tocado juntos antes, ele fez um trabalho incrível.
Shinno, Ayame e yumeji, como foi participar deste cover?
Shinno: Fiquei muito feliz, pois foi um convite de um amigo próximo. Na NoGoD, não tenho muitas oportunidades de gravar covers, então encarei isso como uma ótima experiência de aprendizado. Como recebi uma direção clara e um conceito bem definido desde o início, me diverti explorando como adicionar meu estilo sem comprometer a visão original. Gravei minha parte sem saber quem mais estava envolvido, então foi interessante descobrir depois. (risos)
Ayame: A música da Powerwolf é poderosa e épica. Meu foco foi destacar os elementos sinfônicos, e acho que conseguimos criar um arranjo grandioso e climático. Todos os envolvidos vêm da cena visual kei/J-rock, então seria incrível se pudéssemos tocar juntos ao vivo algum dia.
yumeji: Para mim, nem a música nem os integrantes influenciam muito o meu estilo de tocar. Já trabalhei com DAI KONAN várias vezes, então apenas forneci o que ele procurava. Como a progressão de acordes dessa música é simples, considerei diferentes abordagens, mas não queria interferir no sintetizador, que define a vibe da faixa. Então, optei por um estilo de baixo mais minimalista. Acho que baixistas geralmente não usariam esse tipo de timbre. (risos)
Vocês já conheciam a música da Powerwolf?
Shinno: Não, foi minha primeira vez ouvindo, e fiquei feliz em conhecê-los!
Ayame: Eu não era muito familiarizado, mas agora quero ouvir mais músicas deles.
yumeji: Não conhecia, mas este projeto me apresentou ao som da banda!
yumeji, você participou de vários covers de DAI KONAN ao longo dos anos. Como tem sido essa colaboração de longo prazo? Algum cover foi particularmente desafiador?
yumeji: A maioria das músicas que gravamos juntos tem progressões de acordes simples, então o nível de dificuldade não é muito alto. No entanto, fazer algo simples soar interessante é um desafio. Contudo, desta vez eu toquei baixo em vez de guitarra, então precisei pensar muito. (risos)
DAI KONAN, há alguma história interessante sobre o seu processo de trabalho na criação deste cover que você gostaria de compartilhar?
DAI KONAN: Esta música exigia uma orquestração grandiosa, então pedi a ajuda de Ayame. Embora tanto Ayame quanto eu sejamos tecladistas, nossos estilos são bem diferentes. Eu costumo focar em arranjos eletrônicos e sons mais mecânicos, enquanto Ayame usa piano e cordas em um estilo mais clássico. Esse contraste foi o que fez nossa colaboração funcionar tão bem. Ayame pegou o arranjo que eu havia feito inicialmente e o refinou com suas próprias ideias, o que foi de grande ajuda.
Eu não tenho um vocal poderoso no estilo metal, como o de uma banda como a Powerwolf. Meu estilo de canto é mais suave, influenciado pela new wave. Em contrapartida, a guitarra pesada de Shinno adicionou o peso que a faixa precisava. Além disso, Dancho, vocalista da NoGoD, também ajudou na gravação da guitarra, o que foi incrível.
DAI KONAN, como surgiu a ideia de gravar o clipe no Parque El Retiro? Você considerou outros locais?
DAI KONAN: Foi sugestão do diretor, Fernando, após ouvir a música. A principal locação, a Fuente del Ángel Caído no Parque El Retiro, representa um anjo caído no Catolicismo – um anjo expulso do céu que se tornou um demônio. É o único monumento dedicado ao diabo no mundo e está situado a uma altitude de 666 metros (o "número da besta"), com uma base octogonal (símbolo do caos). Por isso, é considerado um local de aura maligna. No Cristianismo, o número 666 é associado ao "número da besta" no livro Apocalipse e por isso é visto como agourento, mas creio que a maioria das pessoas no Japão não saberão o significado disso.
Assim que o diretor sugeriu gravar na frente do anjo caído, pensei: "É perfeito". A temática da música se encaixava perfeitamente na simbologia do monumento. No clipe, capturamos bem a essência da imortalidade. Há um momento na música em que a letra diz "Ignored the signs of the end" (ignore os sinais do sim) e minha roupa muda, simbolizando a transição para uma existência imortal. Gosto de vídeos que deixam espaço para interpretação, e este tem a dose certa de ambiguidade.
Você visitou vários países na Europa. Quais são as diferenças entre eles para um viajante?
DAI KONAN: A Espanha tinha uma comida incrível, especialmente as tapas! Fiquei em uma área que não era muito turística, e gostei ainda mais da experiência por isso. Passei um tempo em livrarias, fazendo compras em supermercados locais e pegando ônibus, apenas absorvendo a atmosfera do lugar.
Os países bálticos – Lituânia, Letônia e Estônia – tinham cada um seu próprio charme. A Lituânia era muito rica em natureza e tinha uma paisagem urbana tranquila e bela. É o melhor destino para quem quer mergulhar na história e na cultura. A Letônia também foi uma experiência incrível, com seus aspectos históricos e seu povo acolhedor. Comprei até uma pulseira de âmbar lá e dei de presente para a minha mãe. A Estônia foi a mais moderna das três. A indústria de tecnologia lá é enorme, e dá para sentir essa atmosfera inovadora. Ao mesmo tempo, o centro histórico é lindamente preservado, criando um contraste fascinante.
A Finlândia era super organizada e limpa, e tudo o que comi lá foi delicioso. A única coisa é que foi o país mais caro que visitei. (risos) Outra coisa que me surpreendeu foi a quantidade de karaokês espalhados pela cidade. Quando perguntei à equipe do hotel sobre isso, eles disseram que é simplesmente um costume finlandês. (risos)
Existe algum destino que você visitou e que recomendaria como favorito?
DAI KONAN: Essa é uma pergunta difícil, pois cada país tem suas próprias qualidades incríveis. Mas, se eu tiver que escolher um, diria Laos. Fui a um lugar chamado Ilha Det, no meio de um rio, onde aluguei uma bicicleta e pedalei ao redor da ilha – foi uma paisagem deslumbrante. Parecia que eu tinha viajado no tempo.
Também visitei as ruínas de Wat Phou, e, para quem gosta de viagens mais aventureiras, é um destino imperdível. As ruínas de Angkor Wat, no Camboja, também são impressionantes, mas às vezes o turismo excessivo pode prejudicar a experiência. Já Laos tem uma atmosfera muito mais tranquila e relaxante, tornando-o o lugar perfeito para relaxar.
Você teve alguma experiência ruim em viagens que ficou marcada na sua memória?
DAI KONAN: Haha, sim, a situação dos banheiros no Sudeste Asiático. Não vou entrar em muitos detalhes, mas digamos que tive um momento difícil em um banheiro público no Camboja. Vou deixar o resto para a sua imaginação.
Recentemente, você visitou Helsinque. Algo em particular chamou sua atenção na cidade ou na Finlândia?
DAI KONAN: Em Helsinque, visitei uma loja de discos chamada Music Hunter, e foi incrível. Eles tinham muitos itens raros, como fotos autografadas de Ozzy Osbourne e fitas cassete do Iron Maiden. Eu poderia ter passado dias lá, mas não tinha muito tempo, então tive que sair logo. Se você é colecionador, definitivamente vale a pena visitar.
Também fiquei surpreso com o sistema de transporte público na Finlândia. O pagamento é feito antecipadamente por um aplicativo, e não existem catracas. Estou planejando compartilhar mais sobre minha experiência na Finlândia em um vlog em breve, então espero que gostem!
Você fez um cover da música Join Me in Death, da banda finlandesa HIM, e disse que é uma das suas favoritas. Como você descobriu o som da HIM?
DAI KONAN: Encontrei o álbum Deep Shadows and Brilliant Highlights em uma loja de CDs chamada Underground quando morava nos EUA. Nunca tinha ouvido falar da HIM, mas a capa do álbum me chamou a atenção, então decidi comprar. Quando ouvi, a música realmente me impactou – senti "é isso". Join Me é do álbum anterior, Razorblade Romance, e foi a partir desse disco que mergulhei de vez no som da banda. Lembro que toquei a música no meu apartamento e meu colega de quarto na época disse: "Essa música é incrível. Que banda é essa?" No fim, ele também virou fã da HIM. Lembro disso até hoje. Eu amo músicas sombrias, dramáticas e românticas, como as da Sisters of Mercy, por isso o som da HIM combina tanto comigo.
Depois que comecei a ouvir HIM, passei a explorar muitas bandas finlandesas de gothic rock. The 69 Eyes, Entwine, Shamrain, To Die For e Soulrelic se tornaram algumas das minhas favoritas, e eu gostava especialmente da música Burned to Ashes, da Soulrelic. Atualmente, acho que a Swallow the Sun é uma banda incrível.
Por fim, gostaria de deixar uma mensagem para os leitores?
DAI KONAN: Acho a música finlandesa realmente incrível, e ela é uma das raízes do meu estilo musical. Estou muito feliz por ser destaque na mídia finlandesa. Algumas pessoas podem achar um pouco estranho um músico japonês fazer um cover de uma banda alemã de metal como a Powerwolf, mas sempre amei o estilo gótico da banda. Embora eu não seja muito fã de metal convencional, tenho um grande respeito pelo som e pela identidade visual da Powerwolf. Mudei bastante o arranjo, mas mantive o espírito original da faixa, adicionando meu próprio toque. Os músicos convidados que tocaram comigo fizeram um trabalho incrível, então espero que todos ouçam!
Agradecemos a DAI KONAN, Shinno, Ayame e yumeji pela entrevista!