Entrevista com a Chilli Beans.
A banda de rock Chilli Beans. conversou com o JaME sobre "Raise", tema de encerramento de "ONE PIECE", seu segundo álbum "Welcome to My Castle" e seus próximos passos.
Formada em 2019, a Chilli Beans. é uma banda de rock com um som inspirado no indie e no garage rock que rapidamente começou a chamar a atenção de fãs ao redor do mundo. Após o sucesso viral da música lemonade, elas foram escolhidas para interpretar o tema de encerramento do popular anime "ONE PIECE" em 2023. Aproveitando esse momento, sua música agora está sendo distribuída internacionalmente pela gravadora alemã Black Screen Records.
No final de 2024, o JaME teve a oportunidade de conversar com a Chilli Beans. sobre o seu mini-álbum mais recente, blue night, seu segundo álbum completo, Welcome to My Castle, e os diferentes elementos que têm feito sua música ser um sucesso tanto no Japão quanto no exterior.
Podem nos contar sobre as origens da Chilli Beans.? Como vocês três se reuniram para formar a banda?
Lily: Nós três frequentamos a mesma escola de música e formamos a banda a partir de uma ideia sugerida pelo nosso professor.
Qual foi a inspiração por trás do nome "Chilli Beans."? Tem algum significado especial para a banda?
Lily: "Chilli" vem de RED HOT CHILI PEPPERS, e "Beans" é porque ainda somos como pequenos grãos que irão crescer.
A música de vocês mistura rock indie com influências de garage e melodias cativantes. Como vocês desenvolveram esse som único e quais são suas principais influências musicais?
Lily: Todas as integrantes sabem fazer arranjos musicais, então temos vários jeitos de produzir música. Na etapa de demos, às vezes pegamos algo que uma fez e expandimos juntas, ou outras vezes uma pessoa produz a música quase do início ao fim. Pessoalmente, minha principal influência vem da cena indie rock. Por exemplo, eu gosto muito de The 1975.
Maika: Eu recebo muita influência da música pop. Além disso, gosto de funk, e Dua Lipa e Bruno Mars são grandes influências para mim, especialmente no funk pop. Também adoro dance e eletrônica.
Moto: Eu gosto particularmente de dark pop. Gosto de misturar melodia e som para criar uma atmosfera quase sombria.
Como banda, como vocês equilibram as contribuições individuais de cada integrante enquanto mantêm um som coeso?
Lily: Tentamos compreender o universo da pessoa que trouxe a demo e adicionamos os nossos próprios elementos a ela. Adoro as músicas que a Moto e a Maika gostam, então aprendo muito com isso também. Essa é a parte mais interessante de fazer música. Cada integrante tenta entender os elementos e o universo da outra, o que se tornou um processo natural para nós.
Maika: Acho que o que nos torna tão interessantes, tão Chilli Beans., é o fato de a banda ser um caldeirão das ideias de nós três. Criamos universos e sons que não poderiam ser criados por uma única pessoa, e isso é o que torna tudo realmente empolgante.
Moto: As demos que cada uma de nós traz ficam cada vez mais incríveis com o tempo. Mais autênticas, mostrando mais força e sensibilidade. Quando surge algo que eu não poderia ter escrito sozinha, fico muito empolgada!
O single lemonade tornou-se um hit viral no Spotify no Japão. Qual foi a reação de vocês ao sucesso e isso mudou algo para a banda?
Lily: Foi a primeira música que lançamos como banda, então nunca imaginaríamos que ela se tornaria viral desse jeito. Ficamos surpresas, para dizer o mínimo. Percebemos que podemos fazer músicas com o potencial de alcançar muitas pessoas, e isso nos deixou muito felizes.
Maika: Muitas pessoas nos conheceram a partir dessa música, o que acho muito tocante.
Moto: É muito gratificante!
Seu segundo álbum, Welcome to My Castle, inclui a música Raise, usada como tema de encerramento de "ONE PIECE". Como surgiu essa oportunidade e como foi a experiência para vocês?
Lily: A Moto era, e ainda é, uma grande fã de "ONE PIECE", ouvindo todas as músicas de encerramento até agora, então essa canção foi muito influenciada por isso. Para concorrer ao novo tema de encerramento, escolhemos Raise, uma música que foi construída com base em uma demo que a Moto fez quando tinha 20 anos, uma canção que já havíamos finalizado há algum tempo. A razão dessa escolha foi que todo o arranjo e a atmosfera já tinham uma vibe de pirata, porque a música estava cheia da energia que a Moto tinha naquela época.
Pouco antes de colocar essa música no anime, fizemos mudanças de última hora. Substituímos uma palavra na letra que fazia referência à cena favorita da Moto em "ONE PIECE", e a música foi finalmente concluída. Toda essa experiência foi cheia de surpresas. Raise é uma música que só poderia ter sido escrita, tanto em termos de letra quanto de energia, na época em que a banda estava se formando. Combinada com a animação, ela transmite uma mensagem nova e muito mais poderosa, que acabou nos salvando também.
Quais são alguns dos principais temas explorados em Welcome to My Castle? Como esses temas ressoam com suas experiências pessoais?
Lily: O tema do álbum surgiu de uma conversa que tivemos um dia. Queríamos criar um álbum conceitual que retratasse o nosso lugar de pertencimento, como se fosse um castelo. Construímos as músicas de modo que pareça abrir portas em um castelo, levando o ouvinte por diferentes mundos e explorando as muitas facetas de nós mesmos. Cada mundo – com influências musicais e modos de expressar emoções distintas, mesmo que às vezes pareçam estranhas –, busca um lugar de pertencimento, uma casa no mesmo castelo, que nos representa muito bem como três residentes.
Maika: Quando você ouve o álbum do começo ao fim, consegue explorar muitas das nossas diferentes facetas e emoções.
Moto: Temos muitos lados: às vezes estamos imersos em uma melancolia, outras vezes sentimos raiva ou uma calma profunda em noites insones. Cada uma de nós se conectou intensamente com essas emoções e as unimos neste castelo, junto com nossas esperanças e desejos, como uma forma de autoexpressão! É um álbum que, ao olhar profundamente para ele, com um pouco de fantasia, permite explorar alguns elementos ocultos.
Vocês se apresentaram no Nippon Budokan, um marco para muitos artistas. Como foi tocar em um local tão icônico e o que essa conquista significa para vocês?
Lily: Para mim, o Nippon Budokan é um lugar onde vi grandes estrelas que me emocionaram profundamente, como John Mayer e Paul McCartney. O fato de eu ter estado naquele lugar, mas como performer, foi a minha maior conquista. Ver tantos rostos sorridentes que vieram apenas para ouvir as nossas palavras e a nossa música nos fez sentir muito gratas por termos continuado e não desistido. O conceito do show foi baseado no universo e na atmosfera do nosso segundo álbum. Saímos de lá com ainda mais ideias para o futuro e nos sentimos empoderadas.
Maika: Já faz quase um ano, mas ainda lembro claramente das emoções e do cenário daquele dia. Foi um dia marcante que me mostrou que esse caminho que escolhi foi realmente o certo para mim. Um dia feliz e emocionante. Agradeço a todas as pessoas que nos apoiaram para que isso acontecesse, incluindo aqueles que ouvem a nossa música. Obrigada!
Moto: Olhando para trás, acho que reunir tantas pessoas para curtir juntas o momento, cada uma com a sua rotina, é uma bênção. Foi como se o tempo parasse por um momento e nos levasse calmamente. Tanto a performance quanto os convidados e nós mesmas entendemos que era um momento para nos soltar e apenas nos divertir. Foi muito divertido!
Ambos os seus álbuns estão sendo lançados no exterior. Quais são suas expectativas para esse lançamento global, e como acham que o público internacional responderá à música de vocês?
Lily: Como a música ocidental tem sido uma grande influência para todas nós, estamos muito animadas por poder lançá-los mundialmente. Seria incrível visitar todos os lugares que admiramos, e, mesmo que o idioma seja diferente, pensar que podemos nos comunicar através da música me deixa empolgada e satisfeita.
Maika: Assim como nós amamos a música que vem de outros países, atravessando oceanos e barreiras linguísticas, se houver pessoas que também amem a nossa música, eu me sinto verdadeiramente abençoada.
Moto: Pode ser um som interessante, um jogo de palavras engraçado, uma cena melancólica ou simplesmente perceber que existem pessoas como nós, ou até se identificar conosco – tudo isso enche o meu coração.
As composições de vocês às vezes parecem muito pessoais. Podem nos explicar como é o seu processo criativo? Como geralmente começam uma música?
Lily: Gosto de imaginar o mundo para onde quero fugir e criar música a partir disso. Meu desejo é fazer música que liberte a parte de mim que experimenta fracassos. Muitas vezes, começo com o impulso de tocar algo na guitarra.
Maika: Músicas que me fazem esquecer meus pensamentos excessivos enquanto canto são as minhas favoritas, e sinto que acabo escrevendo muitas desse tipo. Muitas linhas musicais vêm a mim a partir de padrões rítmicos de bateria e baixo.
Moto: Eu geralmente começo com a guitarra, o sintetizador, uma melodia específica ou a bateria para criar uma nova música. Pergunto a mim mesma: "Isso soa bem? É divertido?". Essas perguntas guiam o meu processo enquanto transformo sons e palavras em música.
A música de vocês muitas vezes reflete uma energia vibrante, especialmente nos shows. Como canalizam essa energia para as gravações em estúdio?
Lily: Nos divertimos muito durante os shows. Como todas as integrantes estão lá, isso me faz liberar minha energia brincalhona, e sinto vontade de começar a dançar! Nas gravações, especialmente nas de guitarra, experimentamos muitos sons diferentes, até sobrepondo camadas. Quero garantir que cada camada soe vibrante e completa para se aproximar do mundo que quero criar. Só então posso dizer: "Isso é algo que eu posso ouvir várias vezes!".
Maika: Eu também amo os momentos em que tocamos ao vivo! Sinto que, através desses momentos, fomos crescendo como banda.
Moto: Acho que você naturalmente imagina uma garota e, às vezes, figuras diferentes em nossas músicas. Mesmo que eu o apresente, ainda vive um residente diferente no mundo dessa música. Uso essa abordagem para representar o universo do personagem na música.
Quais desafios vocês enfrentaram como uma banda relativamente nova na cena musical japonesa e como os superaram?
Lily: Para bandas, muitas vezes há a impressão de que coisas como gênero e estilo são fixos, o que não combina com a gente; às vezes eles são profundamente estranhos, outras vezes suaves, gentis e atenciosos. Esses extremos, às vezes, ficam completamente confusos. Não parecem uniformes, mas ainda vêm das mesmas pessoas. Nosso desejo contínuo é que esse modo peculiar de existir como banda possa ser atraente e inspirador para os outros.
O que os fãs podem esperar da Chilli Beans. no futuro? Novos projetos, turnês ou músicas?
Lily: Estamos atualmente nos preparando para um show do nosso novo mini-álbum chamado blue night, que será lançado em 4 de dezembro. Fiquem de olho na nossa turnê no próximo ano! Além disso, estamos muito prontas para trabalhar em um novo álbum e ansiosas para descobrir que forma a Chilli Beans. assumirá em seguida!
Por fim, vocês têm uma mensagem para os nossos leitores?
Lily: Obrigada por lerem até o fim. Espero que um dia possamos tocar a nossa música diretamente para vocês. Até lá!
Maika: Obrigada por se interessarem em nos conhecer. Vamos nos divertir muito em um show um dia! Estou ansiosa para encontrar vocês lá!
Moto: Obrigada pelo apoio contínuo! Enche meu coração imaginar vocês ouvindo as nossas músicas e sentindo o mesmo ou se sentindo um pouco melhor por causa delas! Também estou ansiosa para encontrar vocês um dia!
O JaME gostaria de agradecer à Chilli Beans. e equipe por esta entrevista.
A Chilli Beans. também gravou uma mensagem sobre o álbum blue night, que você pode conferir a seguir. Ative a legenda em português.