Resenha

Hanae - Joukyou Shouko

29/04/2015 2015-04-29 00:01:00 JaME Autor: Victor Tradução: Jéssica "Nasake" Lima

Hanae - Joukyou Shouko

Por trás do vocal suave e do electropop de Hanae, há uma ponta mais afiada do que qualquer navalha.


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Álbum CD + DVD

Jōkyō Shōko [Limited Edition]

Hanae

Hanae pode não ter um nome famoso, mas ela não é uma novata no mundo do entretenimento. A diabolicamente adorável cantora realizou sua estreia em uma gravadora major em 2011 com apenas 17 anos de idade; e desde então tem reunido seguidores com suas canções inusitadas e de gêneros variados. Além de uma voz sussurrante, Hanae também é conhecida por ter uma coreografia fácil de imitar, das quais ela ocasionalmente ensina aos seus fãs através de tutoriais em vídeo. Pode-se especular então que o foco dela é fazer uma música fácil de ser curtida de diversas maneiras.

Porém "fácil" é frequentemente sinônimo de "amenidade", ou falta de algo "afiado". Muitos músicos buscaram fazer canções agradáveis e pouco intensas, mas falharam em torná-las interessantes nesse processo. Contudo, ouvintes mais cuidadosos querem uma experiência da qual eles possam revisitar inúmeras vezes sem se sentir entediados. Apesar de o álbum Joukyou Shouko de Hanae não poder ser descrito como "poderoso" ou "provocante", ele, na verdade, traz uma intensidade significativa para um gênero que facilmente se torna enfadonho.

O álbum começa com EXODUS, uma faixa eletrônica que parecerá muito familiar para fãs de artistas como Perfume. Apesar de ter quase quatro minutos de duração, a canção parece nunca se combinar em uma única composição. O que não é ruim, já que EXODUS é como uma introdução estendida. Apesar dos bipes eletrônicos, vocal leve como uma pena e uma pincelada de rap desconcertantemente divertido, ela embala o ouvinte em direção ao estado de espírito necessário para curtir o resto do álbum. EXODUS pode não ser a faixa destaque do álbum, mas, ao fim, os ouvintes certamente saberão se estão prontos para Hanae.

Aqueles que decidirem mergulharem no álbum serão recebidos por Kami-sama no Kami-sama, a canção mais divulgada do álbum. Uma flauta animada define o humor e logo é acompanhada por Hanae e sua comitiva de instrumentos japoneses com sintetizador. Apesar de não ter uma fórmula nova, a faixa mantém uma cor única e japonesa, deixando nítido o quão fácil é para Hanae deixar sua marca nesse subgênero em particular do pop eletrônico.

A próxima canção, Sorette Magic, é gentil e sonolenta; exatamente o que a voz de Hanae é construída para cantar. Combinando com a letra, a canção é um hino perfeito para um domingo preguiçoso, mesmo com a vivacidade adicionada por alguns instrumentos de sopro com sintetizador durante o clímax. Um riff delicado de harpa transfere o ouvinte para uma faixa mais energética, com gosto dos anos 80, Rainbow Love. Em seguida, numa veia mais instrumental, vem Handsome, uma canção repetitiva, mas cativante, com alguns cânticos surpreendentemente divertidos que dão uma reviravolta no som estabelecido.

Tudo fica inusitado muito rapidamente quando a próxima canção, Intelligence, começa. Apesar de curta, a faixa se estabelece com um baixo excêntrico e com sintetizador, e uma letra incomum onde Hanae reafirma seu talento, apesar da obviamente falsa afirmação de ter um QI de 306. Intelligence marca o ponto onde o lado afiado do álbum realmente começa a se mostrar, uma tendência que continua em Dear My Hero. Essa faixa energética possui a voz suave como uma pena de Hane voando alto por cima de uma mistura excepcionalmente firme de guitarras, bateria e sintetizadores. Mais uma vez a letra é parte da diversão, mantendo-se enigmática e indecifrável enquanto faz referência a tudo: desde cobras até o zoroastrismo e poesia épica da Alemanha medieval.

Essa maluquice continua a vir em massa com a canção, de título incomum, Fiction Daimaou ("Senhor Demônio da Ficção"), que se une a sons retrôs de videogame para formar um ritmo lírico inesquecivelmente cativante. A letra em si é enigmaticamente fofa, mas isso contribui bem para a festividade, mesmo sem possuir uma mensagem clara. A nona canção, Ototoi Oide, mostra com uma faceta mais branda de Hanae, mas sua inclusão entre músicas tão obviamente estranhas enfatiza a melodia como uma canção de ninar, o que permite que a faixa possua destaque.

Por fim, vem a faixa mais memorável do álbum: S-T-A-R-S. Lembrando um pouco de EXODUS, essa canção é onde Hanae definitivamente mergulha no rap, e ela é ótima nisso. Fazer rap em si não é difícil, a não ser que seja freestyle, mas Hanae o faz com tamanha graça que os novos ouvintes podem nem notar que é a sua primeira vez nisso. É essa ênfase na nova habilidade da cantora que faz S-T-A-R-S se destacar tanto, já que sua voz não é típica de um rapper. O fato de que, mesmo assim, ela convence as pessoas com seu rap é um testamento sobre sua habilidade como artista, e é uma mudança inovadora do incessante exibicionismo do qual a maior parte dos rappers demonstram.

Pessoas que não ouvem música japonesa ou até mesmo ouvintes de primeira viagem de Hanae podem achar que Joujyou Shouko é somente mais um álbum fofo e tipicamente excêntrico de J-pop. Porém, aqueles com um ouvido mais apurado irão notar exatamente o que torna esse álbum tão excelente. Através de suas canções únicas e inusitadas, como Kami-sama no Kami-sama e S-T-A-R-S, Hanae prova que a música não precisa ser poderosa para deixar uma marca permanente. Suas canções transbordam uma originalidade sem precedentes que a mantém afiada, e aqueles que buscam por algo diferente no cenário J-pop devem, com certeza, experimentar o Joukyou Shouko. É um pouco bobo e um pouco surpreende, mas, no geral, nunca deixa de ter uma quantidade maravilhosa de diversão.

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