Especial

5º Aniversário do The Tea Party Club estrelando Juliette et Justine

21/11/2012 2012-11-21 00:01:00 JaME Autor: Geisha Tradução: Nasake

5º Aniversário do The Tea Party Club estrelando Juliette et Justine

Adornos e emoções na primeira festa de marca lolita do Reino Unido.


© Nina Kefer
No fim de semana dos dias 8 e 9 de setembro de 2012, o The Tea Party Club, uma comunidade britânica de lolitas que organiza encontros e eventos, comemorou seu quinto aniversário sediando a primeira festa de marca do Reino Unido, no Charing Cross Hotel, em Londres. Em contraste com a maioria das festas de marca estrangeiras, que tendem a ser focadas no sweet lolita, o evento foi dedicado à marca clássica de lolita Juliette et Justine, representada pela designer chefe Mari Nakamura. Ela estava acompanhada por Mariko Suzuki, editora da principal publicação de lolita, a The Gothic & Lolita Bible; Koitsukihime, criadora de bonecas internacionalmente famosa, que já trabalhou com artistas como Tim Burton, Malice Mizer e D, e também com a marca de lolita Baby the Stars Shine Bright; e Akira Tanaka, maquiador da Tony's Collection Inc.

A perspectiva de conhecer esses distintos convidados atraiu o número recorde de 180 lolitas, não somente do Reino Unido, mas do mundo inteiro, incluindo da Europa continental, Austrália e Cingapura. Também esteve presente o fotografo de moda Pat Lyttle, autor do livro "Japanese Street Style" ("Moda de Rua Japonesa"). Não era somente a primeira festa de marca no solo britânico, era também o primeiro evento internacional da Juliette et Justine e sua primeira festa de marca, no Japão ou no estrangeiro.

Sábado

O dia começou com uma hora de compras, enquanto as participantes se satisfaziam com as criações sumptuosas de Juliette et Justine, incluindo camisetas com estampa de gato, que foram criadas exclusivamente para o evento, e também acessórios de marcas ocidentais como a Roxie Sweetheart, Now Voyager e Dunkelsüß. O programa oficial começou durante a hora do almoço com uma sessão de perguntas e respostas de 40 minutos de duração, que rendeu informações que com certeza fizeram algumas sobrancelhas bem-feitas serem erguidas. Por exemplo, Mari Nakamura revelou que 40% dos clientes de Juliette et Justine são ocidentais, enquanto Mariko Suzuki, editora do guia mais influente de estilo de vida e moda do cenário, declarou que as lolitas podem criar suas próprias regras.¹

Depois de um intervalo para o almoço, com uma opcional caça ao tesouro, era hora do segundo destaque do dia: o desfile de moda de Juliette et Justine, apresentando as criações da marca para a coleção outono/inverno. Uma breve performance de ópera ao vivo deu o clima, e então o desfile começou muito apropriadamente com uma criação espetacular em preto e dourado, contendo o The Rainbow Portrait, da Rainha Elizabeth I, de Isaac Oliver, no corpete e a Coroa de Santo Eduardo, uma das coroas reais britânicas, na saia. A roupa, que tinha como acabamento uma pequena coroa agarrada de forma estilosa em um dos lados da cabeça da modelo, demonstrava perfeitamente a reprodução fotográfica de pinturas históricas que tornaram a Juliette et Justine conhecida nos últimos anos.

Usando as estampas e os designs da marca inspirados na história, as modelos, que foram selecionadas entre membros da plateia antes do evento, caminhavam elegantemente com suas roupas com música clássica ao fundo. As participantes podiam encomendar qualquer uma das saias ou vestidos apresentados no desfile, então as modelos levavam consigo números, os quais identificavam as peças. Já que algumas peças estavam oficialmente esgotadas e outras ainda não haviam sido lançadas, era um privilégio excitante. Cada participante também recebeu um desconto de 2.000 ienes (aproximadamente, R$ 51,00), que poderiam ser usados em compras futuras.

O vestido Elizabeth I foi seguido pelo extravagante La robe du château, primeiro em rosa e depois em azul. Uma das poucas peças do dia que já estavam em produção, estava combinando com uma imagem da Casa Branca, em Washington, com aleatórias ilustrações vitorianas, incluindo flores, cacatuas e um anão barbudo.

Depois de duas peças de cores lisas, uma em sálvia e creme, e outra em rosa empoeirado, as estampas históricas voltaram em forma de uma audaciosa peça azul com Uma Alegoria de Vênus e Cupido, de Bronzino, seguida por uma versão em cinza do mesmo design. A próxima, La bibliotheque, levou a plateia à Itália do século XV, com retratos do Duque e da Duquesa de Urbino, Federico da Montefeltro, e sua esposa Battista Sforza, colocadas contra uma estante de livros antiga que prosseguia em uma cauda quadrada e assimétrica. Em seguida, um vestido listrado de preto e vermelho e um corpete dourado, enquanto Le parfum de Jésus ilustrava um retrato de Cristo no peito de um vestido preto sem mangas sobre a pele, o que é incomum na moda lolita, e dado o tema, talvez um pouco inapropriado, com luvas pretas de tamanho de ópera em vez de uma blusa.

Depois de outro intervalo de ópera ao vivo, a cantora novamente vestida de Juliette et Justine, o desfile continuou com um traje de tema circense. Uma saia na altura do joelho com ilustrações vitorianas e uma ostentação de "O maior espetáculo da Terra" espreitando por debaixo de um vestido borgonha com franjas amarelas e uma cauda que descia dramaticamente até o calcanhar da modelo. Uma cartola borgonha completava o visual. O clima mudou completamente com an renard et l'ami de la forêt, encantadoras duas peças que mostravam uma raposa, um veado, um coelho e, curiosamente, um cisne se divertindo em uma exuberante floresta verde. Isso foi seguido por Die Serntaler, um sonho em chiffon preto e dourado recordando o agridoce conto de fadas imortalizado pelos irmãos Grimm.

O glorioso L'annonciation anunciou o retorno de imagens religiosas. O vestido de mangas bufantes foi apresentado em dois esquemas de cores diferentes e mostravam detalhes da pintura de Hans Memling, emoldurados em ornamentos dourados e crucifixos em um fundo vermelho ou azul royal. La danse de la dame então mostrou moças elegantemente vestidas de rococó dançando durante a noite em um tecido preto crepe com tufos de veludo, compensado com rendas brancas impressas no corpete e uma borda de laços brancos na bainha. A próxima, a saia La Vierge Marie, que mostrava a madona de Fra Fillippo Lippi cercada de rosas e pérolas, foi combinada com um espartilho azul e uma blusa de renda branca.

Uma combinação de bom gosto de uma saia listrada de preto, azul e dourado, um espartilho preto e uma blusa de chiffon branca, foi seguida por outra variação do tema da biblioteca, mas em vez da nobreza italiana, essa mostrava retratos de gatos em roupas históricas na saia. A tendência romântica rococó continuou com uma interpretação dramática de A Declaração de Amor, de Jean-Fraçois de Troy, que combinava os vermelhos ricos da pintura com um corpete e luvas pretas, permitindo que o vestido azul claro da protagonista se destacasse.

Depois de variações em azul e vermelho do eternamente popular tema de trunfo, o show terminou tão soberano quanto havia começado, com o retrato de Martin van Meytens da jovem Maria Antonieta emoldurado em uma abundância de babados rosa e sedosos. O esquema de cor açucarada disfarçou habilmente o fato de que o design era quase idêntico ao do vestido Elizabeth I, sugerindo uma abordagem bastante despreocupada dos estilos históricos da moda. Deixando de lado tais peculiaridades, as roupas apresentadas eram maravilhosamente lindas e altamente originais, e então os estrondosos aplausos que Mari Nakamura recebeu foram merecidos.

Quando o desfile terminou, as participantes apresentaram seus formulários de pedido, junto com questionários da Gothic & Lolita Bible que foram entregues anteriormente, perguntando detalhes pessoais, como quais são as marcas e músicas favoritas delas, quando e porque começaram a vestir lolita, como elas se sentem ao vestir lolita, e quais problemas elas já encontraram. Em seguida, veio uma sessão de autógrafos com Mari Nakamura e Mariko Suzuki, antes de o programa oficial terminar com uma rifa com prêmios que foram doados por convidados do Japão, marcas de lolita locais e lolitas participantes. Mas a animação ainda não estava no fim: com a atenção de todas ainda focada no centro do salão, o namorado de longa data da fundadora do The Tea Party Club, Kyra Bown, propôs à ela de joelhos, e a deu um anel de noivado. Enquanto ela sussurrava um "sim" no microfone, que ela ainda segurava após ter anunciado as ganhadoras da rifa, muitas lolitas estavam emocionadas ao ponto de lágrimas.

Domingo

Apesar da decoração glamorosa da sala de reunião do Charing Cross Hotel, com garçons servindo sanduíches tradicionais, scones, delicados bolos, chá e café, era difícil imaginar que os eventos espetaculares do sábado pudessem superar a antiquada festa do chá do domingo. Porém, quando todas as lolitas receberam um prêmio em mais uma generosa rifa, e as ganhadoras de várias competições foram anunciadas, incluindo a melhor combinação, melhor maquiagem, vestimenta mais parecida com boneca e uma competição de design da qual as ganhadoras terão suas criações feitas pela Juliette et Justine, Mari Nakamura tinha uma surpresa. Depois de agradecer ao The Tea Party Club pela oportunidade de promover seu primeiro desfile internacional, ela anunciou energeticamente que não somente faria o vestido de Kyra, mas que também iria ao casamento.

Assim se encerrou não somente o 5º aniversário do The Tea Party Club e a primeira festa de marca do Reino Unido, mas um fim de semana que tocou os corações que todos os participantes. O cenário lolita tem uma imagem um tanto traiçoeira, alimentada pelo fato de que muitas interações acontecerem no anonimato do espaço virtual, mas não havia espaço para essa animosidade aqui. Que o sucesso e o clima agradável deste evento bem organizado e completamente divertido inspire muitos outros similares no futuro.

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[1] A transcrição completa das perguntas e respostas pode ser encontrada aqui.
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