Resenha

MERRY - Beautiful Freaks

22/06/2012 2012-06-22 00:07:00 JaME Autor: Jawachu Tradução: Pipezinha

MERRY - Beautiful Freaks

Uma ovelha, duas ovelhas, três ovelhas…


© Victor Records
O trabalho novo de uma banda favorita é sempre aguardado com impaciência e até certa ansiedade – vou gostar do estilo novo? As canções vão ser boas como sempre? Isso é especialmente verdade se o último álbum completo foi lançado há quase dois anos e a banda mudou de selo nesse meio tempo.

Quando o novo bebê do MERRY intitulado Beautiful Freaks finalmente chegar às lojas, houve opiniões variadas sobre ele. Alguns fãs vão adorá-lo imediatamente, enquanto outros acharam que era o pior álbum deles desde PEEP SHOW.

O álbum todo é um tantinho decepcionante porque tem apenas algumas músicas novas. As melhores faixas conhecidas, tiradas dos singles previamente lançados, não sofreram grandes alterações. Mas The Cry Against ME, somada a um título levemente diferente o qual carrega um significado mais profundo, se tornou ainda mais caótica e mais alta que antes. Então, se você não gostava dessa faixa no single, há uma pequena chance da sua opinião ser mudada agora.

Mas vamos para as partes mais interessantes deste CD. O pontapé inicial do álbum é, como estivemos acostumados todos esses anos, uma introdução instrumental, dando arrepios aos ouvintes e se tornando uma abertura realmente promissora. Como esse lançamento é de algum modo um resumo dos dez anos de palco do MERRY, as músicas representam vários pontos de sua carreira. O tom do hard rock finale, o qual vem logo após a primeira canção -choral-, com seu solo de guitarra impressionante, nos leva de volta aos tempos do Modern Garde. Zetsubou mostra um som similar e também reflete o estilo vocal e melódico da banda em seus primeiros dias. Entretanto, uma verdadeira raridade é Skull, vindo de um passado longínquo. Esta é uma obra muito pouco conhecida que foi escrita nos primórdios do grupo e foi originalmente disponibilizada em algumas versões de Gendai Stoic. Vocais bizarros e extravagantes tanto quanto elementos punks nos dão a oportunidade de ouvir como soava o emergente MERRY. Mesmo assim, você tem que ter em mente que o som é muito mais límpido que na versão original. Além do que, Gara contando ovelhas adiciona um charme a mais nela.

As influências punks também são notadas em Shoudoku, com uma abertura tipo under-world, vocais não muito melódicos e riffs barulhentos, assim como a bem conhecida Identity. Esta última, infelizmente, em comparação ao original lançado em BURST EP, perdeu um tanto da sua aspereza, se tornando mais límpida e suave. Regravar esta canção, encaixando nela também um sentimento de under-world provavelmente não foi uma ideia muito boa.

Aqueles que sentem falta dos tons de blues e jazz nas músicas do MERRY vão se emocionar com Zaa Zaa. Como um delicioso retrocesso a nu Chemical Rhetoric, esta música é mais típica do MERRY, ainda que tudo soe bem. Uma multi textura, mais melodia interessante e vocais um tanto monótonos casam perfeitamente uns com os outros. Entretanto, os fãs assumidos irão se apaixonar imediatamente por Fukinoku kinema, música que até agora só era ouvida durante os shows. Por causa da sua estrutura bem como as mudanças de ritmo e de clima, nos faz lembrar de Gekisei, mas com um toque de ska. Apesar de que é uma vergonha esta canção ser tão curta, indubitavelmente ela se destaca neste álbum.

No final, a banda oferece uma balada, como sempre. SWAN é legal, mas muito estereotipada, e a única coisa que a faz interessante é o fato de ter sido gravada pelo MERRY. Em alguns momentos Gara provavelmente superestimou suas capacidades e os efeitos são dolorosos aos ouvidos. Esta canção definitivamente não foi a melhor escolha como última música, uma repetição da falha que foi a faixa final de under-world, Fuyu no Castanet. Seguindo um sombrio e místico instrumental entitulado -dawn-, corresponde ao clima da música anterior muito bem.

Concluindo, o novo álbum é uma ótima coleção de canções e ouvi-lo se torna um prazer real. Entretanto, vai atender aos fãs do MERRY cujo lado pende para o mais pesado, apesar da banda não ter perdido seus sons de blues e cabaré. Mas dessa vez estão escondidos em algum lugar em segundo plano. "Beautiful Freaks" são as palavras ideais para descrever este lançamento (Belas aberrações), pois contém belas canções, mas também obras caracterizadas pelo tom excêntrico e cheias de melancolia. Estas músicas criam uma atmosfera a qual descreve o conceito do álbum perfeitamente – um réquiem. Apesar da impressão que o CD inteiro perdeu a estrutura coerente e que cada canção soaria melhor individualmente do que no conjunto, este álbum inclui composições que representam os diversos momentos da carreira da banda ao celebrar seu décimo aniversário. E o MERRY mostra que eles vão crescer ainda o tempo todo enquanto permanecem verdadeiros às suas origens.
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